Origem: Livro: O Divino Terreno de Reunião

1 Coríntios 11

1 Coríntios 11:23-32 

“Porque eu recebi do Senhor o que também vos ensinei: que o Senhor Jesus, na noite em que foi traído, tomou o pão; e, tendo dado graças, o partiu e disse: Tomai, comei; isto é o Meu corpo que é partido por vós; fazei isto em memória de Mim. Semelhantemente também, depois de cear, tomou o cálice, dizendo: Este cálice é o Novo Testamento no Meu sangue; fazei isto, todas as vezes que beberdes, em memória de Mim. Porque, todas as vezes que comerdes este pão e beberdes este cálice, anunciais a morte do Senhor, até que venha. Portanto, qualquer que comer este pão ou beber o cálice do Senhor, indignamente, será culpado do corpo e do sangue do Senhor. Examine-se, pois, o homem a si mesmo, e assim coma deste pão, e beba deste cálice. Porque o que come e bebe indignamente come e bebe para sua própria condenação, não discernindo o corpo do Senhor. Por causa disso, há entre vós muitos fracos e doentes e muitos que dormem. Porque, se nós nos julgássemos a nós mesmos, não seríamos julgados. Mas, quando somos julgados, somos repreendidos pelo Senhor, para não sermos condenados com o mundo”.

Você se lembrará, de como falamos anteriormente, do próprio fundamento da verdade que consideramos como sendo a morte e ressurreição do Senhor Jesus Cristo. O que vimos como a primeira figura em Gênesis 22 foi o pai e o filho indo juntos para o lugar do sacrifício. Descobrimos repetidas vezes como Deus traz o número “três” diante de nós. Este é um lembrete muito marcante de que entrar na verdade ou andar nela, em qualquer medida que seja, sem que o afeto do coração esteja envolvido e sem que a fé esteja envolvida, só pode levar à tragédia.

Descobrimos, quando chegamos ao Novo Testamento, que Deus, por Seu Espírito, estendeu o maravilhoso privilégio, disponível a todos os filhos de Deus que andam separados do mal, de participar da ceia do Senhor à mesa do Senhor. Aquele que nos convidou para lá é o próprio Senhor. Essa é a mesa d’Ele. Paulo não estava presente na noite em que isso foi instituído e, portanto, o Senhor lhe dá uma revelação especial. Ele a recebeu do Senhor, não de Pedro. Deveria haver um memorial do Senhor Jesus feito de um pão e um cálice. Essas são as coisas mais simples e, no entanto, quão precioso é ver esse pão e reconhecer que Deus está nos dizendo, nesse pão, que nosso lugar está lá porque somos membros do único corpo de Cristo. Vemos no pão partido (dado) o corpo do Senhor Jesus em Sua morte no Calvário, aquele corpo que foi preparado para Ele – a lenha que foi colocada sobre Isaque. Ao participar desse único pão eu me lembro do Senhor Jesus em Sua morte, e expresso, deixo claro e ajo sobre a verdade de que faço parte desse único corpo retratado nesse único pão.

Encontramos em Corinto que havia muitas coisas que entristeceram o coração do apóstolo e que entristeceram ainda mais o coração do Senhor Jesus – algumas condutas ali eram trágicas. O apóstolo Paulo escreve a eles sobre este memorial do Senhor e os faz ver que, agindo na ordem bíblica e participando do único pão e do cálice, eles anunciavam a morte do Senhor até que Ele voltasse. Eles anunciavam naqueles emblemas aquilo que apresentava a imagem da morte: o sangue separado do corpo. Então, o Espírito de Deus traz diante deles a gravidade de se participar daquilo que simbolizava a morte para tirar o pecado e ainda assim continuar andando em pecado. Assim, lemos no versículo 27: “Portanto, qualquer que comer este pão ou beber o cálice do Senhor, indignamente” – isto é, de uma maneira que não era digna do Senhor – “será culpado do corpo e do sangue do Senhor”. Tal pessoa falhava em perceber, em agir e em demonstrar que foi preciso o corpo e o sangue do Senhor (Sua morte) para tirar aqueles próprios pecados nos quais ele ainda estava andando.

Quando falamos sobre a mesa do Senhor e sobre a ceia do Senhor, estamos falando sobre o que é infinitamente precioso, e ainda assim devemos estar sempre conscientes da verdade de que “a santidade convém à Tua casa, SENHOR, para sempre”. É dito a eles no versículo 28: “Examine-se, pois, o homem a si mesmo, e assim coma deste pão, e beba deste cálice”. Eles deveriam examinar a si mesmos e deixar de lado o que era contrário à Palavra de Deus, e então deveriam participar deste pão e beber deste cálice.

Mas, irmãos, o que aconteceu na Cristandade hoje? O homem examina a si mesmo ou aos outros e diz: “Não gosto disso. Acho que essas pessoas são muito rígidas. Vou começar minha própria mesa e vou reivindicar a presença do Senhor também. Vou alegar que vou me reunir em nome do Senhor também”. Ou talvez a disciplina – que deve caracterizar e fazer parte daquilo que leva o nome do Senhor – aconteça e o resultado seja que o homem que é posto fora estabeleça sua própria mesa, como Jeroboão fez. Então, olhamos em volta hoje e vemos os santos de Deus divididos em tantos grupos. A Palavra de Deus, em linguagem que não pode ser mais clara, nos mostra que só pode haver um testemunho, reconhecido por Deus, da verdade de que há um só corpo. Só pode haver um pão do qual se participa que expressa que há um só corpo.

Existem problemas e dificuldades que afligem o povo do Senhor ao agir de acordo com esse princípio, mas o fato que ainda permanece é que Deus, por Seu Espírito, ainda está reunindo ao nome do Senhor Jesus Cristo. Aquilo que deve caracterizar aqueles que estão assim reunidos permanece o mesmo: consistência em seu andar um esforço para manter a unidade do Espírito no vínculo da paz, uma separação do mal e uma percepção consciente do nome ao qual estamos reunidos e de Sua presença lá. Lá será uma casa de oração, um lugar onde a disciplina é exercida para manter a santidade, e um lugar, acima de tudo, onde o Senhor é adorado.

Se você e eu soubéssemos, sem sombra de dúvida, que o Senhor Jesus Cristo estaria em determinado lugar da cidade, onde estaríamos hoje? Creio que posso dizer com segurança que todos e cada um de nós estaríamos onde Ele estivesse, e estaríamos lá porque Ele estaria lá. Mas suponhamos, por um momento, que o Senhor Jesus dissesse que hoje Ele estaria em vinte lugares da cidade. Acredito que estaríamos espalhados em vinte lugares diferentes – alguns em um, alguns em outro; alguns mais perto da casa deles, outros onde eles gostam mais das pessoas. Por uma variedade de razões, escolheríamos um ou outro. Por que estaríamos separados? De quem seria a culpa de não estarmos juntos, se isso fosse verdade? A resposta honesta não é que a culpa seria do Senhor? Ele Se colocou em vinte lugares diferentes e, portanto, Ele deve esperar que Seu povo se reúna em vinte lugares diferentes. Mas o Senhor já nos mostrou que Seu desejo é que eles estejam juntos. Em João 17, o Senhor Jesus orou “para que todos sejam um para que o mundo creia que Tu Me enviaste”. Esse era o Seu desejo – de que todos fossem um.

Nunca devemos esperar que o Senhor Jesus faça aquilo que frustraria Seu próprio propósito e Sua própria oração. Ele é, e ainda vai tornar-Se o centro para o qual Ele reúne e reunirá todo o Seu povo ao Seu redor, onde eles podem e poderão participar de um pão e expressar que eles são um corpo.

Já vimos, na preciosa Palavra de Deus, que Seu propósito era que todos aqueles que pertencessem a Cristo – que foram feitos membros do corpo de Cristo e membros uns dos outros pela habitação do Espírito de Deus – manifestassem essa unidade de uma maneira muito prática. Assim reunidos, devemos participar, juntos, de um pão, ao nos lembramos d’Ele na morte e, ao participar desse único pão, expressar que somos de fato um corpo. Devemos também expressar a unidade do corpo de Cristo no cuidado uns com os outros, porque cada um é precioso para Cristo.

Também vimos que Deus tinha o mesmo plano no Velho Testamento, pois Israel recebeu seu centro em Jerusalém. Lá, eles manifestaram sua unidade como nação, subindo a Jerusalém e adorando, juntos, onde o Senhor havia colocado Seu nome. Eles também foram chamados a cuidar uns dos outros, a sustentar dos pobres. No Novo Testamento, no entanto, há uma diferença marcante: a presença do Espírito de Deus como uma Pessoa divina, habitando na Terra. Ele não apenas forma esse elo que une todos os crentes uns aos outros no corpo de Cristo e à sua Cabeça no céu, mas o Espírito de Deus também é Aquele que lidera e dirige em todas as funções do corpo de Cristo.

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