Origem: Livro: O Divino Terreno de Reunião

1 Coríntios 5

Em primeiro lugar, vamos a 1 Coríntios 5:11-13:

“Mas, agora, escrevi que não vos associeis com aquele que, dizendo-se irmão, for devasso [fornicário – TB], ou avarento, ou idólatra, ou maldizente, ou beberrão, ou roubador; com o tal nem ainda comais. Porque que tenho eu em julgar também os que estão de fora? Não julgais vós os que estão dentro? Mas Deus julga os que estão de fora. Tirai, pois, dentre vós a esse iníquo”.

Antes de comentar este capítulo, gostaria que você voltasse a Levítico 20:10: “Também o homem que adulterar com a mulher de outro, havendo adulterado com a mulher do seu próximo, certamente morrerá o adúltero e a adúltera”. Versículo 26: “E ser-Me-eis santos, porque Eu, o SENHOR, Sou santo e separei-vos dos povos, para serdes Meus”.

A razão pela qual li este versículo no Velho Testamento é para vermos que aquilo que é moralmente adequado a Deus não muda quando as dispensações mudam. Deus estava reunindo, pelo Seu Espírito, um povo ao Seu redor no Velho Testamento, e Ele os lembrou de que Ele era santo. No Novo Testamento, o Senhor Jesus está reunindo um povo ao Seu redor, pelo Espírito de Deus, e Ele nos lembra novamente que estamos sendo reunidos pelo Espírito de Deus ao redor da Pessoa de Alguém que é santo. Em Corinto, a consciência dos santos de Deus se tornou tão entorpecida e tão insensível, eles se tornaram tão cegos àquilo que era adequado à Pessoa de Cristo, que impiedade estava sendo permitida lá de tal natureza a ponto do Espírito de Deus ter que nos dizer que mesmo os pagãos não a praticavam.

Assim, nos é dito que quando o mal, que é contrário à santidade da Pessoa de Cristo, entra no meio do povo de Deus, ele deve ser colocado fora. Em 1 Coríntios 5:4-6 “em nome de nosso Senhor Jesus Cristo, juntos vós e o meu espírito, pelo poder de nosso Senhor Jesus Cristo, seja entregue a Satanás para destruição da carne, para que o espírito seja salvo no Dia do Senhor Jesus. Não é boa a vossa jactância (vanglória). Não sabeis que um pouco de fermento faz levedar toda a massa?”.

Porém, não podemos entregar a Satanás. Essa era uma função apostólica, e não temos apóstolos hoje. Permanece, no entanto, o fato de que, “um pouco de fermento leveda toda a massa”. Você coloca fermento na massa e ele se espalha por toda da massa. O mal numa assembleia contamina toda a assembleia. Ele não fica isolado. Não é mantido em uma pessoa. O que é verdade para um contamina a todos e, consequentemente, ele deve ser colocado fora. Portanto, o Espírito de Deus tem que dirigir essas palavras aos santos coríntios e, ao fazê-lo, Se refere a alguém “dizendo-se irmão”. Por que diz isso? Quando alguém é posto fora, para a glória de Cristo, ele não é disciplinado ou posto fora como um irmão; ele é posto fora como uma pessoa ímpia – “Tirai, pois, dentre vós a esse iníquo”. Isso é algo que é amplamente ignorado na Cristandade hoje. O mal é permitido. Ele é tolerado sob a desculpa: “Não há nada que possamos fazer sobre isso”. Ele é tolerado sob a desculpa do amor por todo o povo de Deus. É tolerado sob a desculpa, “Quem sou eu para julgar outra pessoa”? Mas a sujeição à Palavra de Deus não deixa escolha. O nome de Cristo é identificado com aquele testemunho reunido ao Seu precioso nome, e a fidelidade a Cristo exige que a impiedade seja colocada fora.

Aprendemos ainda aqui que há um “dentro” e há um “fora”. “Porque que tenho eu em julgar também os que estão de fora? Não julgais vós os que estão dentro? Mas Deus julga os que estão de fora”. Irmãos, nos dias de Atos 2, o “dentro” e o “fora” eram muito óbvios. Na cidade de Jerusalém estavam três mil crentes reunidos. Ser colocado fora era uma coisa muito óbvia. Mas a verdade de Deus não mudou. O fato de a Cristandade ter sido dividida em uma multiplicidade de grupos isolados não invalidou de forma alguma a verdade de Deus. Há um “dentro” e há um “fora”. Mas para poder entender e até mesmo ser capaz de praticar a verdade contida na palavra “dentro” e na palavra “fora”, deve haver, em primeiro lugar, o reconhecimento de que só pode haver um testemunho, levantado e mantido por Deus, da verdade de que existe um corpo.

Deixe-me ilustrar o que quero dizer. Suponha, por um momento, que um irmão seja culpado de uma dessas coisas específicas listadas aqui. (Eu poderia dizer de passagem que esta não é uma lista completa; ela se destina a uma indicação da natureza das coisas que exigem disciplina pela excomunhão da mesa do Senhor.) Suponha, por um momento, que haja um irmão nesta cidade que seja culpado de uma das ofensas listadas aqui. Em fidelidade a Cristo, aqueles reunidos ao nome do Senhor Jesus Cristo devem excomungá-lo da mesa do Senhor como uma pessoa ímpia. Ora, ele está dentro ou fora? Não tenho dúvida de que você diria imediatamente que, obviamente, ele está fora. Se houvesse outro grupo reunido ao nome do Senhor Jesus Cristo aqui nesta cidade, e ele imediatamente fosse recebido lá, ele estaria dentro ou fora? Você estaria preparado para dizer: “Bem, obviamente ele está fora aqui; mas ele está dentro lá”? Irmãos, se isso é verdade, então Deus é o autor da confusão – e Ele não é! O Espírito de Deus nunca introduziria tal pensamento em nosso coração, de que alguém pode estar dentro e fora ao mesmo tempo. Aqui, em fidelidade a Cristo, eles são instruídos a colocá-lo fora.

Para ser uma assembleia reunida ao nome do Senhor Jesus Cristo, devemos agir de acordo com a instrução que nos foi dada aqui e, ao agir de acordo com ela, reconhecer que aquele que foi posto fora está agora fora, e ele está fora onde quer que haja aqueles reunidos ao nome do Senhor Jesus Cristo pelo mesmo Espírito Santo de Deus. Se a pessoa está fora em Corinto, ela está fora em Éfeso, está fora em Filipos, e está fora onde quer que haja aqueles reunidos ao mesmo nome pelo mesmo Espírito de Deus, e que estão se esforçando para manter a unidade do Espírito no vínculo da paz.

Talvez eu deva acrescentar, antes de deixar esta epístola, que a pessoa tirada da mesa do Senhor em 1 Coríntios 5 foi tirada, não como um irmão, mas como uma pessoa ímpia. Mas quando você chega a 2 Coríntios 2, descobre que ele era de fato um irmão, um verdadeiro irmão no Senhor. O que manifestou que ele era um verdadeiro irmão no Senhor foi seu arrependimento – seu reconhecimento de sua culpa, a percepção diante de Deus do que ele havia feito. Assim, o apóstolo Paulo pôde escrever e dizer agora: “Confirmeis para com ele o vosso amor”. Recebei-o de volta. Foi manifestado que ele realmente era um filho de Deus, mas no momento em que foi excomungado, ele foi tratado como uma pessoa ímpia. Além disso, a Palavra de Deus deixa isso explicitamente claro – ela não poderia ser mais clara – que aquele que foi tirado da mesa do Senhor não deve receber nenhuma comunhão, nenhum encorajamento daqueles que estão se esforçando para manter a unidade do Espírito, até que a assembleia julgue que houve arrependimento e estenda a ele o perdão da assembleia.

Pode haver alguns que digam: “Isso é muito duro, isso não é demonstrar amor”. Irmãos, isso é fidelidade à Palavra de Deus, e nunca somos mais sábios do que a Palavra de Deus. Não, “não vos associeis nem ainda comais”! Nenhuma comunhão!

Vamos ler agora em 2 João 9-11:

“Todo o que vai além do ensino [da doutrina – ARC] de Cristo e não permanece nele [nela – ARC], não tem a Deus; o que permanece neste ensino [na doutrina – ARC], tem tanto ao Pai como ao Filho. Se alguém vem ter convosco e não traz este ensino [esta doutrina – ARC], não o recebais em casa nem o saudeis; porque aquele que o saúda, participa de suas más obras” (TB).

Leia também Ageu 2:11-13:

“Assim diz o SENHOR dos Exércitos: Pergunta, agora, aos sacerdotes, acerca da lei, dizendo: Se alguém leva carne santa na aba da sua veste e com a sua aba tocar no pão, ou no guisado, ou no vinho, ou no azeite, ou em qualquer outro mantimento, ficará este santificado? E os sacerdotes, respondendo, diziam: Não. E disse Ageu: Se alguém, que se tinha tornado impuro pelo contato com um corpo morto, tocar nalguma destas coisas, ficará isso imundo? E os sacerdotes, respondendo, diziam: Ficará imunda”.

Temos aqui em Ageu uma ilustração simples de como a associação com o mal contamina. Como diz: “Se alguém leva carne santa na aba da sua veste”, se tocar no pão, no guisado ou no vinho, ele se tornará santo? A resposta é: “Não”. Mas “Se alguém, que se tinha tornado impuro pelo contato com um corpo morto, tocar nalguma destas coisas, ficará isso imundo?” A resposta é: “Sim”.

Em 1 Coríntios 5, o princípio é dado nas palavras: “Um pouco de fermento faz levedar toda a massa”. Em 2 João, o princípio é dado pelas palavras: “aquele que o saúda, participa de suas más obras”. Associação com o mal nos contamina. Em 1 Coríntios 5, o mal é de natureza moral. Não apenas a prática dele, mas a associação com aqueles que o praticam contamina, a pessoa e a assembleia. Em 2 João, o assunto é doutrina – a doutrina de Cristo. O mal é o resultado daqueles que vêm e trazem algo diferente da doutrina de Cristo. Irmãos, o que é a doutrina de Cristo? Penso que é qualquer coisa que diga respeito à Pessoa ou à obra de Cristo. Pode haver diferenças de opinião quanto a alguns pequenos detalhes da profecia, embora se todos fossem inteiramente guiados pelo Espírito, teríamos a mesma opinião sobre todos os assuntos. Onde o que é contrário à doutrina de Cristo é permitido ou onde a associação com aqueles que sustentam esse falso ensino é permitido, o resultado é a contaminação.

Continuar em comunhão com aqueles que mantêm falsas doutrinas sobre a Pessoa ou a obra de Cristo é contaminação. Não apenas está contaminado aquele que sustenta a doutrina, mas também aqueles que o saúdam. Aqueles que expressam comunhão com ele de qualquer forma que seja estão contaminados por essa mesma doutrina maligna.

Irmãos, como devemos evitar a contaminação da doutrina maligna? Pelo exercício do cuidado diligente e em oração para garantir que aqueles que mantêm, de qualquer forma, aquilo que é contrário à Palavra de Deus, a respeito da Pessoa ou da obra de Cristo, sejam mantidos fora ou tirados, se encontrados dentro. Como devemos nos manter separados da contaminação do mal moral na assembleia? Por garantir que aqueles que o praticam sejam mantidos fora ou tirados, se encontrados dentro.

Eu confio que todos nós reconhecemos que estamos em pé apenas por graça e que não há um de nós que possa ler 1 Coríntios 5 e dizer: “Eu nunca faria isso”. É a graça de Deus, e somente a graça de Deus, que nos preserva em qualquer medida, mas jamais devemos usar a desculpa da fraqueza ou a desculpa de nossos fracassos para justificar a indiferença ao que é exigido pela presença do santo Filho de Deus no meio daqueles reunidos em Seu precioso nome.

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