Origem: Livro: Impedimentos à Comunhão

1. Cristo, o centro de reunião

O primeiro ponto essencial é que somente Cristo deve ser o centro da reunião. O próprio Senhor nos ensina isso quando diz: “Onde dois ou três estiverem reunidos em [para o – JND (‘eis’ em grego)] Meu nome, aí estou Eu no meio deles” (Mt 18:20). Devo salientar que o Senhor não diz que Ele está no meio em toda reunião de Seu povo professo. Ele está apenas no meio daqueles reunidos para Seu nome. Para Seu nome! Não para o Seu nome e outra coisa além disso, como alguma verdade, doutrina ou forma de governo eclesiástico, mas apenas para o Seu nome, fora e à parte de todo sistema e arranjo humano, reunidos ao redor e à Pessoa de um Senhor ressuscitado e glorificado! Não foi possível estar assim reunido até depois da morte, ressurreição e ascensão de Cristo, pois é o Espírito Santo que reúne e Ele reúne apenas a um Cristo ressuscitado.

Mas você dirá: “Certamente todos os crentes de qualquer nome estão assim reunidos”, pois me encontrei repetidamente com a mesma afirmação. Seria fácil refutar isso, mas prefiro aplicar um teste. Peça a um verdadeiro “clérigo” para ir à capela de um dissidente, e ele recusará. Da mesma forma, peça a um dissidente zeloso[9] para ir à “igreja”, e ele se recusará imediatamente. Em ambos os casos, eles têm objeções de consciência à questão proposta. Isso não poderia acontecer se ambos estivessem reunidos respectivamente somente ao nome de Cristo, pois ambos professam amar esse nome, e como poderiam se recusar a ir aonde Seu nome seria o único centro da reunião?
[9] Para as expressões clérigo e dissidente, considere o que foi dito anteriormente sobre as seitas ou “igrejas” estabelecidas e os dissidentes. As mesmas observações podem se aplicar a outras formas de organizações da “igreja”, mesmo quando há “intercomunhão”, como ocorre com frequência hoje.

O fato é que o dissidente acrescenta ao nome de Cristo certas ideias próprias (extraídas, como ele pensa, da Escritura) sobre a organização e o governo da igreja; e o clérigo, da mesma maneira, cercou o nome de Cristo com suas tradições. Eu admito que ambos estão geralmente dispostos a receber todos os Cristãos (isso não é universalmente verdade, pois a maior “igreja” em sua própria denominação faz do batismo por imersão uma condição para se tornar membro), mas é em seu próprio fundamento que eles estão dispostos a recebê-los. Assim, se você for à “igreja”, você deve necessariamente concordar com todos os seus planos e modos; e assim também se você for a uma capela.

Você verá, portanto, que não é verdade que os Cristãos denominacionais estão reunidos somente para o nome de Cristo. Se estivessem, repudiariam todos os nomes humanos, glorificando apenas o nome de Cristo. Na verdade, uma denominação não atrai todos os crentes, mas apenas aqueles de doutrinas e pontos de vista semelhantes. Assim, eles praticamente confessam que Cristo por Si só não é o seu centro.

Deixe-me, então, adverti-lo seriamente de que nenhuma reunião pode estar de acordo com a mente de Deus se o nome de Cristo por Si só não for o centro de atração. Bem poderia o Espírito de Deus exortar-nos por meio do Seu servo: “Saiamos, pois, a Ele fora do arraial levando o Seu vitupério” (Hb 13:13 ). Essas enormes organizações religiosas, ao nosso redor, realmente formam o arraial e, portanto, só pode ser fora de tudo isso que reunir-se para o nome de Cristo torna possível. Não se contente até encontrar tal reunião, pois, ao encontrá-la, você pode entrar no gozo de todas as bênçãos incalculáveis que se resumem nas palavras: “aí estou Eu” (e não, “aí estarei Eu”) “no meio deles”.

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