Origem: Livro: A Epístola de Paulo aos GÁLATAS

1) Permanecei Firmes na Liberdade Cristã – Cap. 5:1-15

O capítulo 4 terminou com aquilo que o crente é pela graça de Deus – “livre”. Isso atua como uma transição para o que se segue nestas exortações. Paulo começa com: “Estai [permanecei – AIBB], pois firmes na liberdade com que Cristo nos libertou, e não torneis a meter-vos debaixo do jugo da servidão”. Esta é uma exortação à firmeza na nossa posição e crença quanto à “fé que de uma vez para sempre foi entregue aos santos” (Jd 3 – AIBB). Isso requer um entendimento claro da verdade que Paulo apresentou nos capítulos 3 e 4. “Permanecer firme” na verdade deve necessariamente vir primeiro nas exortações dos capítulos 5 e 6; as que se seguem fluem a partir desta. É imperativo, portanto, que os gálatas estivessem firmados na fé Cristã – particularmente naquilo que pertence à liberdade do crente. Se eles estivessem firmes na verdade, os charlatões que os enganaram não teriam sido capazes de desviá-los para dentro do “jugo da servidão” (Jo 8:32).

A posição a que Paulo se refere aqui não é a nossa posição diante de Deus em Cristo pela fé em Sua obra consumada na cruz (Rm 5: 2; 1 Co 15:1; 1 Pe 5:12). Essa posição é uma coisa posicional que é perfeita e completa e nunca pode ser alterada. Portanto, não há exortação na Escritura em conexão com nossa posição em Cristo; é firme e certa em Cristo no alto. O “permanecer firme” mencionado aqui é algo prático em que alguém se mantém firme em suas convicções sobre a verdade (1 Co 16:13; Ef 6:11-14; Fp 1:27, 4:1; 1 Ts 3:8; 2 Ts 2:15).

Nos versículos seguintes (2-15), Paulo apresenta um número de razões pelas quais eles precisavam permanecer firmes na verdade.

a) Adotar a Lei com Efeito Nulifica a Obra Expiatória de Cristo 

V. 2 – Para enfatizar a importância de se atender à exortação para “permanecer firme”, Paulo fala com todo o peso de sua autoridade apostólica, dizendo: “Eis que eu, Paulo, vos digo”. O ponto neste versículo é que a obra de Cristo é o único terreno verdadeiro de aceitação diante de Deus para o crente. Se uma pessoa tomar qualquer outro terreno para sua aceitação, ela, com efeito, nulifica o único terreno de expiação que existe.

Não foi dito aos gálatas pelos judaizantes que abandonassem sua fé Cristã, mas que acrescentassem a guarda da lei à obra de Cristo como um terreno adicional de aceitação para com Deus. Paulo mostra que isso é impossível. Ele diz: “se vos deixardes circuncidar (um termo que ele utiliza para se referir à adoção do sistema legal), Cristo de nada vos aproveitará”. Simplesmente não pode existir duas bases de aceitação para com Deus, duas salvações, dois caminhos de vida. A aceitação de um implica a rejeição do outro. Não pode haver nenhum comprometimento; qualquer desvio destrói todo o sistema de graça. Portanto, para os gálatas terem aceitado guardar a lei como seu terreno de aceitação, significava que eles haviam efetivamente rejeitado a obra expiatória de Cristo. A gravidade disso é impossível de ser exagerada. Se uma pessoa está confiando em guarda da lei para sua justificação e aceitação diante de Deus, então ela claramente não está descansando em fé na obra consumada de Cristo para sua justificação. Se este é o caso, essa pessoa absolutamente não é salva! Portanto, é como se Paulo estivesse dizendo: “Eu não penso que você quer adotar este terreno, porque se o fizer, estará se colocando na posição de uma pessoa que absolutamente não é salva!”

b) Adotar a Lei Coloca a Pessoa Sob a Maldição da Lei 

V. 3 – Outra razão para “permanecer firme” naquilo que a graça realizou e não se embaraçar com a servidão do sistema legal é que aqueles que adotam o sistema legal se colocam sob a obrigação de fazer tudo o que a lei ordena. Paulo diz: “E de novo protesto [testemunho] a todo homem que se deixa circuncidar, que está obrigado a guardar toda a lei”. A pessoa se compromete em obediência ao sistema inteiro e é obrigada a guardar “toda a lei”. O problema aqui é que ninguém foi capaz de fazer isso! Além disso, falha em guardar a lei – o que é inevitável – traz sobre a pessoa a maldição da lei! Tiago confirma isso, dizendo: “Porque qualquer que guardar toda a lei, e tropeçar em um só ponto, tornou-se culpado de todos” (Tg 2:10).

Os gálatas (e muitos Cristãos hoje) precisavam entender que uma pessoa não pode adotar a lei de um modo fragmentado – selecionando e escolhendo quais partes quer reter e praticar. Se você adota o terreno da lei então você tem que tomar ele todo. Paulo tinha já declarado no terceiro capítulo: “Maldito todo aquele que não permanecer em todas as coisas que estão escritas no livro da lei, para fazê-las” (cap. 3:10)

Portanto, ao adotarem a lei, como seu terreno de aceitação, os gálatas não haviam apenas se desviado para longe do único real meio de aceitação diante de Deus (na obra consumada de Cristo), mas também tinham adotado aquilo que tão somente os condenava! Não é de se surpreender que Paulo tenha dito: “Ó insensatos gálatas” (cap. 3:1)

c) Adotar a Lei Priva a Pessoa do Benefício Assegurado Pela Graça 

Vs. 4-6 – Outra razão para “permanecer firme” no que a graça realizou e não se embaraçar com o sistema legal é que ao adotar tal terreno o crente é separado de Cristo e das muitas bênçãos que possui n’Ele. Paulo diz: “Privados estais de todo benefício de Cristo como separados d’Ele, tantos quantos são justificados por lei” (v. 4 – JND). (Ele não estava querendo dizer que alguém pudesse realmente ser justificado pela lei, mas se referia àquilo que eles achavam que poderiam ser ao tentar guardar a lei). Cristo morreu para toda aquela ordem legal de coisas, e ao ressuscitar dos mortos, Ele está numa nova posição onde a lei não tem conexão alguma com Ele. O Cristão está associado com Cristo naquela nova posição, do outro lado da morte, e portanto, a lei não tem nenhum direito sobre ele também (Rm 7:1-6). Ao adotarem o terreno legal, os gálatas estavam (se isso fosse possível) se removendo do terreno Cristão, onde estão todas as suas bênçãos Cristãs. Eles tinham, com efeito, se “separado de Cristo” e de todas as coisas que Ele assegurou para eles na redenção!

Ao adotar tal posição eles tinham “caído da graça”. Observe que Paulo não diz: “da salvação tendes caído”; A Escritura é clara quanto à impossibilidade de um crente em Cristo perder sua salvação. No entanto, é muito possível para um crente “cair da graça” – isso é, naquilo que diz respeito a seu entendimento e prática. Portanto os gálatas tinham “caído” (em experiência) do lugar no qual a graça os havia colocado.

V. 5 – Paulo então dá um exemplo daquilo que eles tinham perdido ao caírem da graça. Ele diz: “Porque nós, por meio do Espírito, no princípio de fé, aguardamos a esperança da justiça” (v. 5 – JND). Ele fala disso como algo que é normal para alguém permanecendo em graça. Ele diz: “nós”; ele não podia dizer “vós” (como ele fez no versículo 4) porque havia uma dúvida quanto ao fato deles estarem ou não verdadeiramente em terreno Cristão, e quanto ao fato deles verdadeiramente possuírem esta esperança. Observe também que ele não diz que o Cristão aguarda por justiça – que era a posição do legalista – porque a justiça foi assegurada em Cristo (2 Co 5:21). O Cristão está esperando agora pela “esperança da justiça”, isso é, o estado glorificado, o qual será nosso no Arrebatamento. (Isto é o mais perto que chegamos da vinda do Senhor na epístola). Esperança na Escritura não é usada como se usa hoje – possuindo juntamente uma medida de incerteza – antes, trata-se de uma certeza adiada.

É “o Espírito” Quem infunde em nós esta esperança e nos dá sentimentos e desejos em acordo com ela. A posição Cristã normal é de expectação. No entanto, se uma pessoa adota o sistema legal como meio de obtenção de justiça e como sua regra de vida, o Espírito de Deus é impedido de gerar estes pensamentos e sentimentos Cristãos normais em sua alma. Quando uma pessoa toma para si a lei, ela normalmente abandona a vinda do Senhor como uma esperança. Isso mostra que existem algumas ramificações graves ao se adotar a guarda da lei.

Nos versículos 5-6 temos “esperança”, “fé” e “amor [caridade]. Estes três elementos são necessários para viver a vida Cristã apropriadamente. Se um destes estiver faltando em nossa vida nosso andar prático será afetado. “Esperança” nos concede olhar adiante com confiança; “fé” e “amor” nos dão a energia para andar neste mundo que é oposto a Deus. Paulo diz que a fé é incitada pelo amor; e amor Cristão não pode ser produzido pelos rituais legais do judaísmo.

~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~

Nos versículos 1-6 Paulo mostrou que ter a lei como a base para a justificação do crente coloca em dúvida sua posição perante Deus; agora nos versículos 7-15 ele mostra que este mal também afeta o estado do crente na Terra. Ele tocou neste assunto no capítulo 4, mas agora retorna a ele para enfatizar a necessidade de permanecer firme na verdade da liberdade Cristã.

d) Adotar a Lei Traz o Juízo Governamental de Deus 

Vs. 7-10 – Paulo continua apresentando outra razão pela qual os gálatas deveriam “permanecer firme” naquilo que a graça realizou e não adotar o sistema legal. Aqueles que promovem tal erro entre os santos trazem sobre si o juízo governamental de Deus. Paulo diz: “Corríeis bem; quem vos impediu, para que não obedeçais à verdade?” Eles tinham tido um bom começo em sua vida Cristã, mas alguém impediu seu progresso. Ao perguntar aos gálatas “quem” era que os tinha desviado, Paulo indicava que havia um certo líder do elemento judaizante que era particularmente responsável pelo abandono da verdade pelos gálatas. Ao fazer isso, Paulo estava rastreando o problema até a sua origem. Eles tinham absorvido má doutrina desse mestre.

Paulo diz: “Esta persuasão não vem daqu’Ele que vos chamou”. Isso mostra que esse movimento em direção ao sistema legal não era um movimento divino. O Senhor certamente não os havia persuadido a se voltarem para a lei.

Paulo queria que eles entendessem como isso começou. Alguns entre eles absorveram “um pouco de fermento” (uma figura do mal na Escritura) de uma fonte errada acatando a mistura de lei e graça; e assim, como o fermento se espalha pela massa, também a má doutrina havia se espalhado a outros, até que muitas assembleias naquela região da Galácia fossem levedadas por ela. Desta forma, Paulo ilustra como o fermento funciona. No versículo 10 ele diz: aquele que vos inquieta”; e então no versículo 12 ele diz: aqueles que vos andam inquietando”. Aparentemente o problema começou com uma pessoa que ensinava má doutrina, porém ela se espalhou rapidamente a outros que passaram a promovê-la. O ensinamento pervertido dos judaizantes havia afetado gravemente os gálatas; isso nos mostra o quão cuidadosos precisamos ser quanto àquilo que ouvimos (1 Ts 5:21). Paulo usa essa mesma figura do fermento no que se refere ao mal moral (1 Co 5:6-8); aqui em Gálatas o fermento é usado em conexão com o mal doutrinal. Ambos os males, moral e doutrinal, possuem um efeito corruptivo nos santos de Deus. Assim como o fermento, o mal nunca é estático; ele irá ganhar terreno entre os santos até que seja julgado.

Embora isso fosse verdade com relação àqueles que eram promotores do mal, Paulo não desejava implicar que todos os gálatas eram responsáveis no mesmo grau daqueles que ensinavam o erro. Ele disse: “Confio de vós, no Senhor, que nenhuma outra coisa sentireis [não tereis outro modo de pensar – TB](v. 10). Ele cria que o Senhor não iria permitir que a maioria dos gálatas fosse tão profundamente afetada por esse mal de maneira que não pudessem ser recuperados. Ele cria que eles poderiam ser libertados do lamaçal em que estavam presos. Isso mostra a atitude adequada de um que ministra a Palavra de Deus; ele deve proclamar a verdade em fé confiando que Deus irá fazer a verdade benéfica às almas e produzir resultados positivos.

Paulo, todavia, acrescenta: “mas aquele que vos inquieta, seja ele quem for, sofrerá a condenação [levará a culpa disso – JND]. Ele sabia que Deus certamente iria executar juízo governamental sobre aqueles que eram responsáveis – especialmente o líder do movimento. Este princípio permanece assegurado: aquele que “corrompe” a casa de Deus, Deus julga (1 Co 3:17 – JND). Existem muitos que estão perturbando o povo do Senhor hoje com doutrinas e práticas errôneas, e eles vão levar seu juízo.

Podemos imaginar porque Paulo não exortou os gálatas a colocarem fora de comunhão os judaizantes e assim por um fim àquele elemento que estava operando em seu meio. Entretanto, no estado deles, isso teria sido impossível. Os judaizantes tinham uma base tão forte nas assembleias da Galácia que não havia poder naquelas assembleias para lidarem com eles – a maioria, senão todos, tinham sido enganados por estes falsos mestres e estavam apoiando o programa deles.

Quando este é o caso em uma assembleia, devemos, assim como Paulo fez, nos apoiar na soberania de Deus, e descansar no fato de que Deus irá lidar com aqueles que fazem o mal em Sua casa. Enquanto isso, eles podiam apelar ao Senhor acerca da questão. Paulo falou sobre isso aos coríntios. Ele disse que se eles não soubessem o que fazer com aquele que praticava o mal em seu meio, ou não tivessem poder na assembleia para exercer o julgamento necessário sobre tal pessoa, eles poderiam então ter encomendado a questão ao Senhor e “lamentado”. Deus poderia responder a súplica deles e fazer com que a pessoa “fosse tirada” pela morte (1 Co 5:2 – ARA; 1 Jo 5:16; 1 Pe 4:17). A resposta para tamanha fraqueza não é abandonar a assembleia, mas esperar por Deus na questão.

e) Adotar a Lei Remove o Escândalo da Cruz 

Vs. 11-12 – Paulo havia tocado no caráter fermentador do ensino dos judaizantes; agora ele fala da natureza enganadora do ensinamento deles.

Falando hipoteticamente, ele diz: “Eu porém irmãos, se prego ainda a circuncisão, por que sou, pois, perseguido? Logo o escândalo da cruz está aniquilado”. Uma coisa que caracteriza a verdade do Cristianismo é que existe feroz perseguição contra ela, especialmente por parte dos judeus (1 Ts 2:14-16). Isso acontece porque a verdade do Cristianismo coloca inteiramente de lado o judaísmo e isso era ofensivo para os judeus. Mas se Cristãos adotassem o sistema legal, os judeus seriam menos hostis para com o evangelho, e a perseguição em grande parte cessaria. Os legalistas que estavam inquietando os gálatas estavam promovendo isto. Eles usaram isso como uma “isca” colocada diante dos gálatas para fazer com que aceitassem seu ensino. Eles ensinavam que se os crentes adotassem a lei, isso iria fazer com que “o escândalo da cruz” terminar, e assim, os gálatas escapariam da perseguição que enfrentavam diariamente. Desejar escapar da perseguição é compreensível; no entanto, perseguição é normal ao Cristianismo. Se obedecermos à verdade do evangelho é impossível evitar perseguição; a própria natureza do Cristianismo é contrária a tudo aquilo para o que o homem na carne se dispõe. Portanto, havia um elemento enganador no ensino dos judaizantes. Eles estavam apresentando uma falsa vantagem aos gálatas para que assim aceitassem seu ensinamento.

Vendo o efeito causado pelo mal dos judaizantes, Paulo desejou que estes, que estavam lançando os gálatas em confusão, se “cortassem fora a si mesmos” (v. 12 – JND). Ele desejou que eles se separassem dos santos, de maneira que os santos ficassem livres de suas influências. Hamilton Smith disse: “Seu amor (o de Paulo) pela verdade e bem-estar dos crentes o fez intolerante para com aqueles cujo ensinamento era destrutivo da verdade Cristã, roubando os santos da verdadeira liberdade e os levando a praticar aquilo que era inconsistente com o Cristianismo”.

f) Adotar a Lei Abre a Porta para a Manifestação da Carne na Vida do Crente 

V. 13 – Outra razão para “permanecer firme” no que a graça realizou e não se voltar para os princípios legais da lei é que o legalismo abre a porta para a carne operar na vida do Cristão – exatamente aquilo que o legalista está tentando restringir. Guardar a lei não produz santidade, como os judaizantes supunham, mas, pelo contrário, excita a carne.

Ao confiar no Senhor para livrar os gálatas da lei (v. 10), Paulo sabia que haveria outro perigo muito real à espreita – o de cair na licenciosidade. Este era o ditado: “a vala no outro lado da estrada”. Alguns, que foram libertos de princípios legais, não foram cuidadosos quanto a isso e permitiram que o “pendulo” oscilasse longe demais, para o outro lado e deram liberdade para a carne agir em sua vida. Isso não é Cristianismo mais do que a guarda da lei. Paulo, portanto, achou necessário advertir os gálatas, afirmando: “Porque vós, irmãos, fostes chamados à liberdade. Não useis então da liberdade para dar ocasião à carne”. Isso mostra que é possível abusar da liberdade que a graça nos trouxe (Jd 4). Lembremo-nos de que a liberdade ensinada pela Escritura é libertação do pecado e não liberdade para pecar! Liberdade Cristã não é licença para a carne agir, mas liberdade para o Espírito operar na vida do crente. É liberdade para a nova vida se expressar, e não liberdade para a expressão da velha natureza. Portanto, Paulo acrescenta: “servi-vos uns aos outros pelo amor”. Amor é uma característica própria da nova vida. Se o Espírito de Deus tem liberdade na vida do Cristão, ela será manifestada em expressões práticas de amor entre os santos. A verdadeira liberdade Cristã resulta nessa feliz atividade.

Vs. 14-15 – Paulo então diz: “Porque toda a lei se cumpre numa só palavra, nesta: Amarás ao teu próximo como a ti mesmo. Se vós, porém, vos mordeis e devorais uns aos outros, vede não vos consumais também uns aos outros”. Isto pode parecer contraditório com o que ele vem ensinando na epístola. Ele tem insistido que a lei não tem aplicação ao Cristão; mas agora ele vem e cita a lei e fala dela, aparentemente como sendo algo para o Cristão seguir! No entanto, os versículos 14 e 15 devem ser lidos juntamente. Paulo não está se contradizendo; ele está mostrando aos gálatas que eles estavam apenas enganando a si mesmos ao pensar que estavam guardando a lei. A lei demanda que a pessoa que está sob ela ame o seu próximo. Se os gálatas estivessem verdadeiramente guardando a lei, eles estariam fazendo isso. Mas eles estavam mordendo e devorando uns aos outros! Esta era a prova definitiva de que eles não estavam guardando a lei. Apenas ressalta seu argumento no capítulo 4 de que misturar lei e graça causa séria perda de discernimento a alguém. E se de fato estavam guardando a lei, pessoalmente provava que a lei não pode produzir santidade e amor na vida de uma pessoa! A lei demanda amor, mas não dá a capacidade de atender às suas demandas.

Tentar guardar a lei na verdade abre a porta para a carne na vida do Cristão; tal tentativa resultará em todos os tipos de manifestações carnais. Isso acontece porque o legalismo promove a justiça própria. Ficamos orgulhosos de que estamos guardando certas regras e regulamentos que estabelecemos para nós mesmos. Isso levará a acharmos falhas nos outros e a calúnias – particularmente contra aqueles que não consentem com as nossas ideias legalistas. Isso apenas produz contenda entre irmãos. Os gálatas eram um vivo exemplo disso. Eles haviam adotado a lei como uma regra de vida, pensando que isso aperfeiçoaria a santidade em sua vida, mas tudo o que ela fez foi excitar a carne. Paulo os alerta dizendo que era melhor que eles “tomassem cuidado (vede)” porque se aquele espírito prosseguisse sem ser julgado por algum período de tempo, os santos seriam “consumidos” uns pelos outros.

É um fato que o legalismo numa assembleia é destrutivo. Assembleias que possuem legalismo em seu meio são normalmente assembleias marcadas por contenda. Legalismo não produz feliz unidade e legítimo amor de um para com o outro, antes produz discussões, criticismo, brigas internas, etc. Hamilton Smith disse que ele tinha visto muitas assembleias que foram separadas e espalhadas por conta do legalismo.

Compartilhar
Rolar para cima