Origem: Livro: Os Patriarcas
As ações de Deus por nós
Que “luz do SENHOR” foi esta em que caminhou o patriarca! “Vinde, ó casa de Jacó, e andemos na luz do SENHOR”. Jó caminhou lá muito antes que a casa de Jacó, ou os profetas de Israel, soubessem dela. A luz estava espalhada, e o Espírito conduziu os eleitos para ela, desde o princípio. E esta ocasião, registrada em Jó 19, foi um momento em que aquela luz brilhou intensamente na alma de Jó. Seu rosto não brilhou então, como o de Estêvão, como o de um anjo na presença de seus acusadores. Ele não havia, dessa forma, vestido as vestes de um filho da ressurreição, mas seu espírito interior estava nas regiões e na liberdade e no triunfo de tal Pessoa.
Esta visitação, na energia do Espírito Santo, extraindo esta expressão abençoada do coração do patriarca, foi o arco na nuvem por um momento. Ele compartilhou o caminho do espírito de Jó com a tristeza e o pesar que conhecia tão bem – como a visão noturna de Jeremias e o Monte da Transfiguração interromperam o caminho sombrio do profeta choroso e do adorável “Homem de dores” (Jr 31:26; Mt 17:2). Foi o poder do Espírito. O pobre sofredor foi levado a desviar o olhar do tratamento de Deus com ele e focar em Suas ações por ele, pois há uma diferença. A primeira leva a alma ao exercício que muitas vezes são muito pesados, além do controle de nosso coração. Geralmente eles precisam de um intérprete. A outra leva a alma à plena liberdade. Elas são tão claras que uma criança pode lê-las. Elas carregam na testa o seu próprio significado. Elas não precisam de intérprete. As providências de Deus, ou Seu tratamento conosco, são muitas vezes desconcertantes, bem como ternamente aflitivas. A graça de Deus no Evangelho, ou Suas ações por nós, são tais que não conseguem confundir os pensamentos nem entristecer o coração. Elas prestam seu próprio testemunho e contam uma história de amor devotado e eterno, impossível de confundir.
E essas são as coisas com as quais temos que tratar todos os dias.
Se estamos oprimidos ou cansados pelo atual curso das circunstâncias, achando-as pesadas, sombrias e intrincadas, é nosso privilégio, e também nosso dever, passar, em espírito e em pensamento, para aquela atmosfera calma e ensolarada em que o Evangelho, ou as ações de Deus por nós, investem sempre na alma.
Tudo isso pode ser visto em Jó. Esse santo amado e honrado é geralmente visto lutando com o tratamento de Deus com ele. A mão de Deus se estendeu sobre todos os seus interesses e prazeres. A perda dos bens, dos filhos e da saúde veio sobre ele, de surpresa, e ele persiste, no calor e no ressentimento da natureza, em manter tudo isso diante de sua mente. Mas, num momento de poder do Espírito, ele é levado a desviar o olhar de tudo isso, a desviar-se do tratamento de Deus com ele para as ações de Deus por ele; e então ele triunfa. Então ele poderá contemplar mais do que as chagas em seu corpo, até mesmo os vermes que o destroem; mas tudo é luz e triunfo. Então, diante de todos os inimigos, ele poderá sentar-se e cantar em espírito: “Se Deus é por mim, quem será contra mim?” (Romanos 8).
Verdadeiramente abençoado é isso. O tentador nos levaria a julgar Deus pelas sombras escuras de muitas passagens de nossa história aqui. Mas o Espírito deseja que nos familiarizemos com Ele na bela luz do Evangelho, a glória que brilha na face de Jesus Cristo; e há luz ali e nenhuma escuridão – nenhuma sombra que precise ser afugentada, nenhuma obscuridade que precise ser interpretada.
Mas, a propósito, já tracei certas combinações entre esta porção mais antiga e mais independente do livro de Deus e todas as outras partes dele, sejam elas próximas ou distantes. E isso é muito estimulante para o coração. Mas tais combinações ou harmonias podem ser encontradas ainda mais longe – nas cenas de ação, bem como nos atores das cenas.
