Origem: Livro: A EPÍSTOLA DE PAULO AOS ROMANOS

A Admissão de Israel no Futuro – Cap. 11

O TROPEÇO DE ISRAEL
ABRINDO O CAMINHO PARA A BÊNÇÃO DOS GENTIOS E A REJEIÇÃO DA GRAÇA PELOS GENTIOS PREPARANDO O CAMINHO PARA A RESTAURAÇÃO DE ISRAEL

Três Provas que Deus Não Rejeitou Seu Povo para Sempre 

Neste capítulo, Paulo mostra que Deus voltará a ocupar-Se com Israel e os trará à bênção. Ele começa perguntando: “Digo pois: Porventura rejeitou Deus o Seu povo? De modo nenhum [longe esteja o pensamento – JND]. Foi verdadeira a acusação dos judeus, que disse que o evangelho que Paulo pregou, ignorou as promessas de Deus a Israel? Paulo responde isso da maneira mais simples – NÃO! Enquanto as Escrituras declaram que Deus “rejeitaria” Seu povo por causa da falha deles em receber o Messias (Dn 9:24-27; Mq 5:1-3; Is 61:1-3; Sl 69:22-36; Jr 31:37-40; Zc 11:1-13:6, etc.), em nenhum lugar as Escrituras afirmam que a rejeição seria completa ou final. Paulo passa a dar três provas que mostram que Deus não rejeitou completamente o Seu povo.

No Presente Há um Remanescente da Nação que Acreditou no Evangelho e Foi Abençoado 

Cap.11:1-6 – A primeira prova de que Deus não rejeitou completamente o Seu povo (Israel) é que há atualmente “um remanescente” de judeus que creram no evangelho da graça de Deus. Paulo, na verdade, é um exemplo. Ele diz: “porque também eu sou israelita, da descendência d’Abraão, da tribo de Benjamim” (v. 1). Mesmo que a massa da nação tenha sido cegada pela incredulidade, ainda há um remanescente de indivíduos eleitos que creram, os quais Deus reservou para Si mesmo, como tinha nos dias de Elias. Essa “eleição da graça” são as primícias da nação e são uma promessa da restauração definitiva de Israel em um dia vindouro (Ef 1:12). Isso mostra que quando os homens falham em sua responsabilidade, Deus mantém Sua soberania e assegura um remanescente que crê. Ele não permitirá que Seu propósito de abençoar seja frustrado (Jó 42:2; Is 46:10). Assim, a eleição de judeus crentes no tempo presente é completamente uma obra de graça soberana.

Cap. 11:7-10 – Enquanto o remanescente eleito da nação entrou na bênção, a massa foi judicialmente “endurecida [cegada – JND]. Esse endurecimento não deveria ser uma surpresa para os judeus, porque suas próprias Escrituras afirmam que isso aconteceria! Paulo cita Isaías 29:10: “Como está escrito: Deus lhes deu espírito de profundo sono: olhos para não verem, e ouvidos para não ouvirem” (v. 8). Ele também cita Davi, que profeticamente proferiu a oração rogatória do Messias na cruz quando foi rejeitado pelo povo: “Torne-se-lhes a mesa diante deles [o sistema sacrificial deles] em laço; E quando estiverem seguros, sejam-lhes armadilha. Obscureçam-se-lhes os olhos, para que não vejam; E faze que os seus lombos tremam constantemente” (Sl 69:22-23 – TB). (Veja também Is 6:9-10 com Jo 12:39-41, e também 2 Co 3:14-15.) Assim, este endurecimento é um juízo governamental de Deus sobre a nação como um todo, mas indivíduos entre eles podem ainda vir a Cristo com fé e serem abençoados.

Ao Chamar os Gentios, Deus Está Provocando Ciúme nos Judeus – E Isso Prova que Ele Não Terminou Seu Tratamento com Israel 

Cap.11:11-25 – A segunda prova de que Deus não terminou Seu tratamento com Israel é vista em Seu chamado aos gentios para provocar Israel ao ciúme (v. 11). Paulo diz: “Porventura tropeçaram, para que caíssem? De modo nenhum [longe esteja o pensamento – JND]. Mas pela sua queda [retirada] veio a salvação aos gentios, para os incitar à emulação [ciúme]. O fato de que Deus quis incitar Israel, provocando-os ao ciúme para que voltassem a Ele, mostra que Ele ainda não terminou Seu tratamento com eles. Paulo concorda que Israel “tropeçou”, mas ele insiste que eles não caíram, no sentido de estar tudo acabado para eles. Lendo o versículo como encontrado na KJV pode ser confuso, porque depois de afirmar que eles não caíram, ela vai em frente e diz que eles tiveram uma queda! Este enigma é facilmente esclarecido ao entender-se que a palavra “queda” no décimo primeiro versículo é realmente uma palavra diferente no grego, e deveria ser traduzida como “transgressão” (TB). “Caíssem”, no sentido de que Paulo fala aqui, é uma coisa final “sem recuperação”. “Transgressão”, por outro lado, não carrega essa conotação. Isso ocorre novamente no versículo 12. Assim, Israel tropeçou e transgrediu, mas eles não caíram do propósito de Deus de abençoá-los.

Paulo disse que a “diminuição [perda – JND] de Israel abriu o caminho para os gentios terem grandes “riquezas”. A “riqueza dos gentios” refere-se ao favor que Deus estendeu aos gentios no evangelho, sem levar em conta se eles creram ou não. Em outras palavras, a “perda” de Israel tem sido o ganho dos gentios. Este é um princípio nos caminhos de Deus que é encontrado em muitos lugares na Escritura (Is 49:4-6; At 13:46-48, 18:5-6, 28:24-28; Rm 1:16). Ele acrescenta: “quanto mais a sua plenitude!” Isto é, se o fracasso de Israel levou a bênção para os gentios neste Dia da Graça, quanto mais será assim quando Deus restaurar Israel! Hoje, a bênção pelo evangelho foi para o mundo de uma forma limitada, mas então será uma conversão mundial dos gentios (Sl 22:27, 47:9; Is 2:2-3; Zc 2:11; Ap 7:9, etc.). Israel redimido será o canal de Deus para abençoar as nações naquele dia (Is 60-61, etc.).

Paulo diz: “Porque convosco falo, gentios, que, enquanto for apóstolo dos gentios” (v. 13). Ele sentiu sua responsabilidade para com os gentios, e do versículo 13 ao 32, se volta para falar diretamente a eles. Ao interpretar este capítulo, é importante entender que Paulo não está necessariamente falando dos gentios como crentes, mas dos gentios genericamente. Seu ponto é que tiveram o maravilhoso privilégio do evangelho estendido a eles. Enfatizamos isso porque, mais adiante no capítulo, ele fala da possibilidade desses gentios serem “cortados”. Verdadeiros crentes, como sabemos, fazem parte da Igreja, e tais nunca serão cortados. A profissão Cristã em geral, no entanto, será julgada e cortada por Deus (Ap 3:16), porque não continuou na bondade de Deus. Paulo queria “magnificar” (KJV) seu “ministério” pregando aos gentios em todo lugar que pudesse, porque, ao fazê-lo, poderia incitar alguns de seus conterrâneos à “emulação [ciúme], e eles acreditariam na salvação de suas almas (vs. 13-14).

Ele diz: “Porque, se a sua rejeição é a reconciliação do mundo, qual será a sua admissão, senão a vida dentre os mortos?” (v. 15) Tão certo como houve uma “rejeição” de Israel, também haverá “sua admissão” novamente em um dia futuro. A reconciliação aqui não é a mesma que no capítulo 5:10-11, onde tudo é vital e eterno. Aqui é dispensacional, sendo uma coisa provisória para os gentios neste tempo presente. Assim, o mundo gentio foi trazido para perto de Deus (aproximação geral), mas isso é apenas exteriormente. Ele diz que a admissão deles (Israel) será “vida dentre os mortos”. Isto não está se referindo à ressurreição literal de corpos humanos (1 Ts 4:16, etc.), nem está falando da ressurreição nacional de Israel (Is 26:19; Ez 37:1-14; Dn 12:1-3), mas do que o mundo gentio experimentará como resultado da restauração de Israel ao Senhor. O Sr. W. Kelly disse: “Seja qual for a misericórdia divina na reconciliação do mundo, a qual agora conhecemos enquanto o evangelho vai em direção à toda criatura, uma bem-aventurança completamente diferente aguarda o mundo inteiro como ‘vida dentre os mortos’, quando todo Israel for recebido de volta e salvo. Não será para todos na Terra – ‘vida dentre os mortos?’” (Notes on the Epistle to the Romans, pág. 224).

Paulo usa duas figuras para ilustrar seu ponto:

  • Um pedaço de massa.
  • Uma oliveira.

Primeiro, quanto ao pedaço de massa, ele diz: “E, se as primícias [primeiro pedaço da massa] são santas, também a massa o é” (v. 16a). As “primícias” é o remanescente de crentes judeus no tempo presente que creram no evangelho. Eles “pré-confiaram” (os que de antemão esperaram – ARA) em Cristo (Ef 1:12 – JND) e são os primeiros frutos da nação que será salva no futuro (v. 5). Assim, se pela graça de Deus as primícias são santas, assim será santa “a massa”. A massa é a nação em um dia vindouro, quando eles crerem em Cristo (v. 26). O argumento de Paulo é que os poucos crentes judeus de hoje – “um remanescente, segundo a eleição da graça” (v. 5 – JND) – são realmente um penhor ou uma garantia de que o resto são verdadeiros israelitas que serão salvos. A existência do remanescente neste tempo presente (as primícias) é evidência de que a nação (a massa) será salva no futuro. Com isto sabemos que Deus não desistiu de Israel; há bênçãos reservadas para a nação.

Paulo então passa para a outra figura – “a oliveira” (vs. 16b-32). Ele diz: “se a raiz é santa, também os ramos o são”. A “raiz” é uma alusão a Abraão, o pai da nação, que foi colocado à parte em um lugar de associação “santa” com Deus (Is 51:2). O argumento de Paulo aqui é que se a raiz (Abraão) está em um lugar exterior de bênção, também estão “os ramos” (descendentes de Abraão). No entanto, ser ramos não significa necessariamente que todos os descendentes de Abraão são nascidos de Deus. Eles estavam em um lugar de santificação relativa. Assim, como Paulo falou da reconciliação (v. 15), ele também fala de santificação (v. 16) – ambas são relativas, não algo vital ou absoluto.

Três Aspectos da Santificação 

Existem três aspectos da santificação (santidade) na Escritura que não devemos confundir:

  • Há a santificação absoluta ou posicional como encontrada em At 26:18; 1 Co 1:2, 30, 6:11; 2 Ts 2:13; Hb 10:10, 14; e 1 Pe 1:2. Isso tem a ver com os crentes sendo separados para Deus, nascendo de novo e sendo salvos.
  • Há a santificação progressiva ou prática, como em Jo 17:17-19; Rm 6:19-22; 2 Co 7:1; Ef 5:26-27; 1 Ts 4:4-7, 5:23; Hb 12:14. Isso tem a ver com o exercício dos crentes desenvolvendo santidade em suas vidas.
  • Há a santificação relativa, que tem a ver com uma pessoa sendo colocada em um lugar de associação externa com algo santo.

A santificação relativa também é vista em 1 Coríntios 7:14, mas em uma conexão completamente diferente. Nesse caso, diz-se que um marido incrédulo é “santificado” por causa de sua associação com sua esposa crente. Isso não significa que ele é salvo, mas que está em um lugar de santo privilégio. A santificação relativa também é vista em Hebreus 10:29, mas em uma conexão diferente novamente. Os judeus que professavam fé em Cristo e assumiam uma posição Cristã estavam em um lugar santificado, mas isso não significa que eles eram salvos. O escritor de Hebreus os adverte que se abandonassem essa posição Cristã, eles provariam ser apóstatas e não haveria nada além de juízo para eles (Hb 10:30-31). O argumento de Paulo aqui em Romanos 11:16 é que se a “raiz” da nação (Abraão) foi colocada em um lugar santo de privilégio em relação a Deus, então os “ramos” (descendentes de Abraão – a nação de Israel) estão naquele lugar também (Dt 7:6, 14:2; 1 Rs 8:53; Am 3:3). Ele não está falando do que é vital por meio do novo nascimento, mas de estar em um lugar de favor e privilégio por meio de sua associação com Abraão.

A Oliveira 

Vs. 17-22 – A ilustração da “oliveira” mostra que Deus teve um desaprovação governamental contra Israel (por causa da incredulidade deles), e assim eles foram removidos de seu lugar de favor e privilégio, que foi dado aos gentios. Isso não significa que as bênçãos de Israel tenham sido espiritualmente transferidas para a Igreja – o erro da Teologia Reformada (ou Teologia da Aliança ou da Substituição). A passagem diz respeito ao privilégio de Israel de estar em um lugar de associação externa com Deus, não às bênçãos de Israel sendo dadas à Igreja.

Israel havia ocupado aquele lugar de privilégio, assim como os ramos naturais da oliveira estavam ligados à “raiz”. Mas pela sua desobediência e, finalmente, sua rejeição de Cristo, aqueles “ramos” foram “quebrados”, e ramos de um “zambujeiro [oliveira brava] (os gentios) foram “enxertados”. Os ramos da oliveira brava se referem àqueles da profissão Cristã (que é composta em grande parte por gentios – At 15:14, 28:28). Os ramos nesta passagem não se referem a crentes, mas às pessoas (algumas reais e outras não), estando em um lugar de favor exterior com Deus. Assim, os ramos da oliveira brava não representam a Igreja, mas aqueles que professam a fé em Cristo neste Dia da Graça. (Se os ramos fossem verdadeiros crentes, então estaria sendo ensinado que é possível para um crente perder sua salvação, porque o versículo 22 declara que eles serão “cortados” se não continuarem na bondade de Deus. As Escrituras ensinam que isso é impossível; os crentes estão eternamente seguros – Jo 10:27-28, etc.).

O fato de que a passagem é escrita para aqueles que representam os ramos de oliveira brava mostra que, no tempo em que Paulo escreveu esta epístola, Israel era visto como já tendo sido colocado de lado nos caminhos de Deus. Note também que ele diz que “alguns” dos ramos naturais foram quebrados; ele não disse todos eles, porque há o remanescente de judeus que creram no evangelho (v. 5). Os ramos naturais que estão sendo “quebrados” referem-se à nação de Israel sendo separada nacionalmente nos tratamentos de Deus. Miquéias 5:3 atesta isso. Ele afirma que, em vista de o Messias ser rejeitado pelos judeus, Ele os “entregaria” até que chegasse um momento de dores de parto – que se refere à grande tribulação. Os ramos de oliveira brava que foram enxertados são advertidos de que eles também serão “cortados”, se não “permaneceres na Sua benignidade” (v. 22). Isso se refere ao privilégio que está sendo oferecido atualmente para a Cristandade sendo tirado pelo julgamento (Ap 3:16). Apocalipse 2-3 é uma evidência de que a profissão Cristã não continuou na bondade de Deus e aguarda o julgamento. Não há menção na Escritura da Cristandade sendo restaurada.

Vs. 23-24 – Paulo fala então da possibilidade e da inevitabilidade dos “ramos naturais” serem enxertados novamente. Isso obviamente se refere a Deus retomar Seus tratamentos com Israel outra vez, no âmbito nacional. A condição é simplesmente: “se não permanecerem na incredulidade”. Isto é, se desistirem de sua obstinada incredulidade – o que um remanescente da nação fará em um dia vindouro.

O Mistério do Endurecimento de Israel – Uma Coisa Temporária 

V. 25 – Paulo então diz que não queria que os irmãos fossem “ignorantes” do “mistério” (TB) do endurecimento [da cegueira – JND] de Israel. É bem possível que pudéssemos crescer em orgulho (“para que não presumais de vós mesmos”), pensando que somos melhores que Israel. É apenas “endurecimento [cegueira] em parte que aconteceu a Israel porque existe um remanescente que acreditou no evangelho. E, que a cegueira somente continuará “até que a plenitude dos gentios haja entrado”. Isto se refere ao número completo de pessoas eleitas que crerão no evangelho que está sendo pregado hoje. O Senhor então levará a Igreja para casa ao céu no Arrebatamento (Jo 14:2-3; 1 Ts 4:15-18). Depois disto, o Senhor retomará novamente com Israel e os judeus então entrarão no “tempo de angústia para Jacó” (Jr 30:7), também chamado de “tempo em que a que está de parto tiver dado à luz” (Mq 5:3) a “grande tribulação” (Mt 24:21). Por meio da pressão intensa desta provação, um remanescente de judeus tementes a Deus “se converterão ao Senhor” em arrependimento sobre o pecado nacional de tê-Lo crucificado (2 Co 3:16a). Veja também Isaías 53. Imediatamente, “o véu” que tem estado sobre seus olhos e corações “se tirará” (2 Co 3:16b). “E olharão para Mim, a Quem traspassaram; e O prantearão” em arrependimento (Zc 12:10), e então o Senhor abrirá uma “fonte” (figurativamente) para a purificação dos pecados deles; pela qual eles serão restaurados a Ele (Zc 13:1). “E naquele dia os surdos ouvirão as palavras do livro, e dentre a escuridão e dentre as trevas as verão os olhos dos cegos” (Is 29:18). E novamente: “E os olhos dos que veem não olharão para trás: e os ouvidos dos que ouvem estarão atentos” (Is 32:3).

As Escrituras Afirmam que o Senhor Virá de Sião e Salvará Israel 

Cap.11:26-32 – Isto leva Paulo a uma terceira prova de que Deus não terminou com Seu tratamento com Israel – a Palavra de Deus (particularmente os Profetas do Velho Testamento) afirma claramente que o Senhor salvará “todo o Israel”. Como isso evidentemente não aconteceu ainda, é uma promessa que ainda está para ser cumprida. Se Deus prometeu com Sua Palavra que fará isso, Ele não pode voltar atrás. Se Ele fosse voltar em Sua Palavra, então Ele teria mais a perder do que Israel teria! Ele perderia Sua honra e reputação, e Se mostraria ser um Deus que não pode ser confiado! Já que Ele não pode e não negará a Si mesmo, Sua Palavra permanecerá. “Deus não é homem, para que minta; nem filho do homem, para que Se arrependa: porventura diria Ele, e não o faria? ou falaria, e não o confirmaria?” (Nm 23:19).

Ao dizer que todo o Israel será salvo”, sabemos pelo que Paulo já nos ensinou no capítulo 9:6-8 que isso se refere a todos os verdadeiros israelitas. Isto é, aqueles que não têm apenas a linhagem de Abraão, mas também a fé de Abraão. O aspecto da salvação aqui não é apenas aquele da alma, mas também literalmente – salvo de seus inimigos e estabelecido como nação no futuro reino milenar de Cristo (vs. 26-27). Paulo cita Isaías 59:20-21 como um exemplo de uma profecia que ainda precisa ser cumprida em conexão com a bênção nacional de Israel.

Vs. 28-29 – Ainda falando aos gentios, Paulo mostrou que Deus tem bênção para Israel e para os gentios, mas de duas maneiras diferentes e em dois momentos diferentes. Ele diz: “quanto ao evangelho, [eles] são inimigos por causa de vós. Os gentios podem agradecer a Deus por Israel ter tropeçado, porque isso lhes abriu a porta a seu favor. Mas isso não significa que está tudo acabado para Israel. Ele diz: “Mas, quanto à eleição, amados por causa dos pais”, e serão abençoados algum dia no futuro. Ele nos assegura isso, afirmando que “Porque os dons e a vocação de Deus” em conexão com Israel são “sem arrependimento”. Isto é, Deus não Se arrependerá (não mudará de ideia) do que prometeu a Israel. Portanto, as promessas feitas aos pais e as profecias feitas por seus profetas a respeito da bênção de Israel são certas.

Vs. 30-32 – Paulo conclui suas observações declarando que quando se trata da bênção de Deus para o homem, seja para judeus ou para gentios, tudo se resume a Sua soberana bondade e misericórdia. Enquanto os gentios “agora alcançaram misericórdia” pela “desobediência [incredulidade – JND] de Israel, “eles (Israel) também alcançarão misericórdia” da mesma maneira no futuro. Assim, “Deus encerrou a todos debaixo da desobediência [incredulidade – JND], para com todos usar de misericórdia”. Por isso, o evangelho que Paulo pregou não entrou em conflito algum com as promessas de Deus a Israel.

Três Expressões Usadas nas Escrituras em Conexão com os Gentios 

  • “Os tempos dos gentios” (Lc 21:24) – Refere-se ao período de tempo em que “o trono do Senhor”, que denota o Seu poder em governo (1 Cr 29:23), foi transferido para os gentios (Dn 2:37, 5:18-19), por conta do fracasso de Israel (2 Cr 36:14-21). Este período de tempo começou em 606 a.C. e se encerrará na Aparição de Cristo (Lc 21:24-28). O governo da Terra durante esse tempo passou por quatro sucessivos impérios gentios – os babilônios, os medos e persas, os gregos e os romanos. Durante o governo romano, Deus introduziu um chamado celestial da Igreja pelo evangelho interposto como um parêntese em Seus tratos com a Terra, após o qual “o trono do Senhor” será novamente dado ao Israel redimido e estabelecido em Jerusalém quando Cristo reinará como Rei sobre toda a Terra (Jr 3:17; Dn 2:35, 44; Zc 14:9; Sl 47:7).
  • “A plenitude dos gentios” (Rm 11:25) – Refere-se ao número completo de pessoas eleitas que crerão no evangelho da graça de Deus, pregado hoje entre os gentios.
  • “A riqueza dos gentios” (Rm 11:12) – Refere-se ao especial favor que Deus estendeu aos gentios, dando-lhes a oportunidade de ouvir o evangelho.

Doxologia de Paulo 

Vs. 33-36 – Nesse ponto, Paulo atingiu o ápice da verdade na epístola. Como um alpinista que alcançou o pico da montanha que estava subindo e se vira para olhar para trás, para ver até onde ele chegou, Paulo olha para o rastro de misericórdia e graça que ele expôs nos capítulos anteriores, e espontaneamente irrompe em uma doxologia[16] de louvor a Deus por Sua sabedoria e caminhos. Nada poderia ser mais apropriado para tal história de graça! Ela descreve o que deveria ser a reação de todo Cristão.
[16] N. do T.: Provém do grego doxologia, (doxa “glória” + logia “palavra” se referindo à expressão oral ou escrita. Portanto, “doxologia” é uma expressão oral ou escrita de louvor e glorificação.

Nesta doxologia, vemos que o coração do apóstolo está cheio de louvor e admiração pelo grande plano de Deus para salvar e abençoar tanto judeus como gentios. Sete grandes atributos de Deus são mencionados: as “riquezas”, a “sabedoria”, a “ciência”, os “juízos”, os “caminhos”, o “intento [a mente] e o “conselho” de Deus. Todas essas coisas trabalharam juntas para garantir nossa bênção de uma maneira que está além do entendimento.

Paulo termina reconhecendo que todo bem e bênção têm sua fonte no próprio Deus; é tudo “d’Ele”. Tudo o que Ele trouxe para a bênção do homem é “por Ele” e, finalmente, retornará “para Ele” para Sua própria glória. Isso mostra que Deus é a Fonte de todo bem, o Agente de todo bem e o Objeto de todo bem. Tudo foi planejado para trazer “glória” a Ele, e trará glória a Ele no dia da manifestação de Cristo. Paulo com razão corretamente conclui a doxologia com um caloroso “Amém” (“Assim seja”).

Três Grandes Doxologias de Paulo 

  • Doxologia pela sabedoria de Deus (Rm 11:33-36).
  • Doxologia pelo amor de Deus (Ef 3:20-21).
  • Doxologia pela graça de Deus (1 Tm 1:17)
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