Origem: Livro: Os Patriarcas

Aprendendo os direitos de Deus

Não foi a lição de um pecador que Jó teve de aprender. Ele já conhecia a graça de Deus. Era a lição de um santo que ele precisava que lhe fosse ensinada, ou ensinada mais perfeitamente. É para isso, portanto, que o Senhor Se assenta no redemoinho. Se Jó tivesse então, e pela primeira vez, aprendido a lição de um pecador, o Senhor preferiria ter Se dirigido a ele com “uma voz mansa e delicada”, o tom que convém à graça, e no qual ela busca e se deleita em ser ouvida. Mas Jó já era um pecador salvo. Ele já conhecia a graça, mas ainda precisava aprender os direitos de Deus. E, portanto, é a voz do redemoinho. Pois o santo tem que contar com uma aparente aspereza que o pecador nunca experimenta. João foi deixado na prisão, quando todas as doenças e enfermidades do povo eram atendidas. O Senhor, em Seu caminhar de misericórdia e de proveito para com todos os que d’Ele precisavam, pôde muitas vezes ter passado perto das portas da prisão, mas Ele não as abriu, como poderia ter feito, embora estivesse, o tempo todo, dando visão para os cegos e audição aos surdos. Será que João era menos amado? Não. Entre os que nasceram de mulher não houve nenhum igual a ele. E será que Jó foi menos amado, porque foi abordado com o redemoinho? Não. Não havia ninguém como ele na Terra, um homem íntegro e reto. Mas já conhecendo a graça de Deus, ele agora deveria aprender e reconhecer Seus direitos. E ele os aprende e os confessa. E ele os confessa e se curva diante deles, antes que a pressão da mão poderosa fosse removida, e isso enquanto ela ainda pesava sobre ele. Isso é para ser muito observado, muito valorizado. Pois esse é um belo testemunho de que Jó realmente aprendeu a lição, aprendeu-a espiritualmente, aprendeu-a na graça e na energia do ensino divino. É fácil e comum reconhecer o benefício de um castigo quando ele termina e depois dizer: “eu não poderia ter ficado sem ele”. Isso não está além do alcance da natureza. Mas enquanto o fardo ainda é suportado, justificar e bendizer a mão que o impõe, é algo além. Enquanto ele ainda estava assentado no lugar de cinzas e cacos, e as chagas malignas atormentavam seu corpo desde o alto da cabeça até a planta dos pés, Jó disse: “Eis que sou vil; que Te responderia eu? A minha mão ponho na minha boca. Uma vez tenho falado e não replicarei; ou ainda duas vezes, porém não prosseguirei”.

Tal era a moral e tal a questão desta ação simples, mas importante. Uma lição tinha que ser ensinada a um filho de Deus. A sabedoria humana, e também a religião, se propõe a ensiná-la, mas revela sua própria fraqueza e desonra. Um ministro do Espírito, à luz do Senhor, repreende o pensamento do homem, expondo o sábio, o escriba e o inquiridor deste mundo, e aplica os princípios da verdade de Deus. E o poder d’Aquele que opera tudo em todos sela a instrução. As energias humanas e divinas são assim exibidas nos lugares e caracteres que lhes pertencem, uma rebaixada e a outra magnificada.

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