Origem: Livro: Os Patriarcas

Avançar na intimidade

E esse pequeno livro parece iniciar com a alma expressando tudo isso. Inicia com um forte e fervoroso desejo para com Ele mesmo; estendendo a mão para apreendê-Lo de uma maneira mais íntima do que havia sido entendido anteriormente. É como se o santo estivesse consciente de estar numa condição inferior à que agora satisfaria. Pois às vezes a alma repousa simplesmente no terreno firme das doutrinas; tais como “O sangue de Jesus Cristo, Seu Filho, nos purifica de todo pecado”. É o poder simples e seguro de tal verdade que por si só responde, às vezes, à necessidade da alma. Mas, novamente, às vezes, o terreno sob nossos pés, como crentes, é entendido e sobre ele descansamos, e é o próprio Senhor que a alma deseja. E tal é a sua condição aqui. “Beije-me Ele com os beijos da Sua boca”. Ela vinha cuidando das vinhas – cuidando das coisas no exterior, mas agora estava aprendendo que sua própria vinha havia sido negligenciada; e as coisas mais profundas da comunhão pessoal são almejadas. O santo está deixando o lugar de Marta e tomando o de Maria, desejando alimentar-se sob Seus próprios olhos e de Suas próprias mãos, e não pelas de outrem. E no final, a alma parece saber que se tornou guardiã da sua própria vinha. No início, houve a tristeza de que as vinhas de outros tivessem sido guardadas, mas a sua própria tivesse sido negligenciada (Cantares de Salomão 1:6); mas agora tem consciência de estar mais em casa, mais preocupada com a sua própria vinha; como se tivesse deixado o lugar de Marta, ocupada com muitas coisas, e assumido o lugar de Maria, aos pés de Jesus em comunhão pessoal (Ct 8:12).

Este é o avanço, o avanço consciente e feliz, que a alma faz por meio destes exercícios. Alcançou uma ordem superior de comunhão com o Senhor e deseja que isso continue até que Jesus volte.

O próprio estilo da escrita também é exatamente aquele que se adapta ao coração sob o poder de uma afeição dominante. “Beije-me Ele com os beijos da Sua boca” – como Maria Madalena ao suposto jardineiro – “Se tu O levaste – ambas as passagens significando Cristo, mas nenhuma nomeando-O. Pois “o coração já estava absorvido com os pensamentos d’Ele, e para esse parente esses pensamentos eram aquele anterior – aquele bom assunto que o coração estava ditando. Pois aqueles que estão cheios de Cristo estão prontos a pensar que outros também deveriam estar assim”. Ou é como a linguagem do apóstolo, que se refere ao dia da glória e do reino sem nomeá-lo, quando diz: “eu sei em Quem tenho crido e estou certo de que é poderoso para guardar o meu depósito até àquele Dia”; e novamente: “Desde agora, a coroa da justiça me está guardada, a qual o Senhor, justo Juiz, me dará naquele Dia”.

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