Origem: Livro: A Instituição do Matrimônio e Assuntos Relacionados
Betânia – Cap. 15
Quando aquele Solitário Estrangeiro vindo do céu ia fazendo o bem, havia poucos corações que batiam em sintonia com o d’Ele. Ele “era desprezado e o mais rejeitado entre os homens” (Is 53:3 – ARA). Lemos que Ele ia sozinho ao Monte das Oliveiras, que Ele passava a noite toda em oração, e que Ele disse que o Filho do Homem não tinha onde reclinar Sua cabeça; mas havia um lugar na Terra onde o Senhor poderia encontrar boas-vindas e alguma medida de compreensão; era a casa de Marta, Maria e Lázaro. Que lugar abençoado era aquele! Um pequeno oásis em um vasto deserto de orgulho, arrogância e profissão religiosa.
Quando nosso bendito Salvador fez aquela última jornada para Jerusalém, e foi aclamado como Filho de Davi vindo em nome do Senhor, Ele foi imediatamente rejeitado. Ele não permaneceu dentro dos muros de Jerusalém durante a noite, mas retirou-Se para Seu abrigo na casa de Seus amigos.
A cidade onde essas almas devotas viviam teve sua importância aos Seus olhos por elas residirem lá. Em João 11:1 lemos: “Estava, então, enfermo um certo Lázaro, de Betânia, aldeia de Maria e de sua irmã Marta”. Pense nisso – “Betânia, aldeia de Maria e de sua irmã Marta”. A única coisa que a distinguia era que elas moravam lá. O nome da cidade significava “casa das tâmaras”, mas não eram suas tâmaras que atraiam o Senhor para lá, nem, tampouco, eram as quatro paredes da casa em que o irmão e as duas irmãs viviam, mas o coração aberto deles que O receberam com boas-vindas onde, de outra maneira, Ele não teria nenhuma.
Foi este trio abençoado que ofereceu a Ele um banquete (João 12) – onde cada um cumpriu a sua parte. Marta servia, Lázaro assentado à mesa com Ele e Maria derramou o seu unguento em Seus benditos pés. Nestes três, vemos representados o serviço, comunhão, e adoração – cada abençoada coisa em seu lugar. Certamente, foi um banquete no caminho – o caminho para o Calvário, e todas Suas aflições. Não foi um ato impulsivo de Maria que nasceu naquele instante, pois o Senhor disse: “Deixa-a; para o dia da Minha preparação para a sepultura o guardou” (Jo 12:7 – AIBB). Foi premeditado, reservado para o momento adequado, e quando esse momento chegou ela estava tão em sintonia com Seus pensamentos que percebeu quando o vaso de alabastro deveria ser quebrado, e o unguento derramado. O Senhor não apenas obteve o benefício de seu generoso valor com Ele, mas “encheu-se a casa do cheiro do unguento” (Jo 12:3). A atmosfera do lugar foi permeada com a fragância de sua devoção. E não é o louvor e a adoração a Ele por uma alma agora algo que é sentido, e em certa medida compartilhado por outros?
Que nosso coração deseje que nosso lar seja uma pequena Betânia. É verdade, o Senhor não está andando neste mundo agora como Ele estava ali, mas Seu querido povo está aqui, e Ele disse: “Quem recebe aquele que Eu enviar, a Mim Me recebe; e quem Me recebe a Mim, recebe Aquele que Me enviou” (Jo 13:20 – TB). E novamente, Ele diz que ao fazer qualquer coisa por um dos Seus, é feito para Ele.
É bom quando jovens casais pesam essas coisas no início, e então, buscam por Sua graça para ter esse tipo de lar, onde o Próprio Senhor encontrará boas-vindas. Temos a tendência de estabelecer uma atitude egoísta para desfrutar de nosso lar para nós mesmos, mas “Este Mundo é um Vasto Deserto” (Hino 139 do hinário Little Flock), e muitos do povo amado do Senhor necessitam de um pequeno ânimo e encorajamento pelo caminho. Que eles encontrem isso em nosso lar, e que façamos isso como para o Senhor; então um dia O ouviremos dizer: “a Mim o fizestes” (Mt 25:40).
Muitas vezes é dito nas Escrituras sobre mostrar hospitalidade: “exercitai a hospitalidade” (Rm 12:13 – TB). “Hospitaleiro” (1 Tm 3:2). “dado à hospitalidade” (Tt 1:8). “Exercitando hospitalidade uns com os outros” (1 Pe 4:9 – TB). Também há outros versículos que trazem essa ideia diante de nós sem usar a palavra “hospitalidade”.
Hospitalidade para com os santos, não consiste em fazer um grande banquete, mas em fazer que sejam bem-vindos para aquilo que você tem. Um jantar suntuoso pode ser muito formal, com pouco calor e afeto nele. É a aplicação prática do amor para com os santos que é tão desejável. Isso tende a fortalecer o senso dos laços que nos unem. Também, nos dá a oportunidade de uma conversa proveitosa sobre o Senhor e Suas coisas, para que possamos fortalecer uns aos outros.
Nós seremos os perdedores gastando a nós mesmos, ou nossos recursos para os amados santos de Deus. O “certo Samaritano” (Lc 10:33 – ARA) pagou ao “hospedeiro” (Lc 10:35), para cuidar do homem que ele resgatou, e acrescentou que “tudo o que de mais gastares eu to pagarei, quando voltar” (Lc 10:35). Que os queridos jovens que estão iniciando seu lar desejem que ele seja formado conforme o padrão daquele lugar onde o Senhor foi sempre bem-vindo – o lar em Betânia.
“Em meio a cenas de confusão e queixas humanas,
Quão doce para a alma é a comunhão com os santos;
Descobrir no banquete da misericórdia que há lugar,
Sentir na comunhão um vislumbre do lar”.
“Doces laços que unem todos os filhos da paz!
E três vezes bendito Salvador, cujo amor jamais desfaz!
Embora frequentemente em provações e perigos vagamos,
Contigo estamos unidos, e rumo ao lar apressamos”.
