Origem: Livro: Breves Meditações sobre os Salmos

Cânticos dos Degraus

Os Salmos 120-134 são intitulados “Cânticos dos Degraus”. Tem sido considerado que eles foram colocados juntos e receberam um título comum porque foram usados em alguma ocasião ou diziam respeito a alguma ação, em seus diferentes estágios, como o retorno dos cativos da Babilônia a Jerusalém. E pelas marcas internas, isso pode muito bem ser assim. Embora escritos pelo Espírito em momentos diferentes, eles foram usados, com toda a probabilidade, na ordem em que aparecem aqui, por aqueles cativos retornando, em diferentes estágios de sua marcha de volta para casa – como as várias partes do Salmo 68 foram cantadas em diferentes pontos daquele cortejo, que estava levando a Arca para a cidade de Davi. Pois nesses Salmos encontraremos uma percepção crescente de nos aproximarmos cada vez mais de casa ou do lugar de descanso até que finalmente esse lugar seja alcançado com louvor.

A saída da Babilônia é celebrada antecipadamente pelos profetas, em linguagem muito elevada (Is 48:20, 52:11-12). Mas fala-se da libertação da Babilônia, depois que o cativeiro voltou dali nos dias de Ciro (Zc 2:6-7) Assim, o retorno naquela época foi, como uma figura, a garantia do retorno de Israel de outro cativeiro, isto é, sua atual dispersão; e esses Salmos podem responder às declarações do Remanescente dos últimos dias, ao passar por diferentes estágios de suas provações, até serem trazidos para o repouso do reino. E eles podem apropriadamente, em espírito, sob certas condições e experiências, ser a expressão de qualquer santo peregrinando pelo presente mundo para a glória e presença do Senhor – um homem peregrino com Jesus.

Mas posso observar ainda que esses Salmos provavelmente foram cantados pelos cativos que retornaram, pois, com Zorobabel, outros 200 cantores são mencionados, e outros também com Esdras, em seu respectivo êxodo da Babilônia. (veja Esdras 2:64-65, 7:7). E segundo esse padrão feliz, nós, em espírito, devemos cantar, na jornada da Babilônia a Jerusalém – da cidade do homem à cidade de Deus – deste presente mundo mau para o mundo vindouro. Deixando um e alcançando outro que temos por nosso chamado. E a percepção disso deve colocar um cântico em nosso coração. Mas ainda estaríamos apenas “a caminho”, insatisfeitos com tudo aquilo que não é Jerusalém. Poços de água e cânticos de alegria não podem fazer do lugar de nossa jornada o nosso lar. Os 300 escolhidos por Gideão expressam isso. O refrigério não tinha poder para detê-los no caminho. Eles o tomaram somente por causa da viagem, ou como um povo viajante deve fazer. Eles lamberam a água como um cão viajante a lambe, e não se ajoelharam diante dela, como se estivessem ficando dependentes dela.

E esta deve ser a nossa mente. Somos salvos em esperança; e até mesmo o Espírito Santo, a devida Fonte de todas as consolações pelo caminho, habita em nós para dar força e não impedimento à esperança (Rm 15:13); pois Sua presença não é nossa Jerusalém, Seus refrigérios não são a ceia do Cordeiro.

Esses Salmos, na versão siríaca, são chamados de “Cânticos da subida desde a Babilônia”. Isso está de acordo com a visão que temos deles aqui. E podemos notar que a mesma palavra hebraica é usada em referência à viagem ou subida dos cativos da Babilônia à Jerusalém, como é usada para expressar o título desses Salmos (Ed 7:9), passagem essa que confirma isso ainda mais.

Gostaríamos agora de destacar cada um deles um pouco mais particularmente.

Compartilhar
Rolar para cima