Origem: Livro: Duas Naturezas

A Carne

Na epístola aos Romanos, lemos: “Eu sou de carne, vendido sob pecado” (Rm 7:14 – JND). Novamente, “Porque eu sei que em mim, isto é, na minha carne, não habita bem algum (Rm 7:18). No próximo capítulo, encontramos: “Porquanto a inclinação da carne é inimizade contra Deus, pois não é sujeita à Lei de Deus, nem, em verdade, o pode ser (Rm 8:7 JND). Paulo não está sozinho ao escrever sobre este assunto. No Evangelho de João lemos: “O que é nascido da carne é carne” (Jo 3:6). A carne não pode ser outra coisa senão o que ela é. Isso está em nítido contraste com os pensamentos do homem. Os filósofos há muito procuram e promovem o bem na humanidade. Deus em Sua Palavra nos diz que não há quem faça o bem (Rm 3:12). Não nego que o afeto e a benevolência naturais possam ser encontradas no mundo, mas aqui estamos falando da condição moral do homem. A bondade natural do homem é para sua própria preservação e benefício, sem pensar em Deus (Rm 3:18). Alguém poderá dizer que falar a uma pessoa que ela é má, pode ser destrutivo; que destrói sua autoestima – mas isso só é verdade se não oferecermos uma solução. É para nosso bem e bênção, não nossa destruição, que Deus nos diz o que realmente somos. A bondade de Deus nos leva ao arrependimento (Rm 2:4).

Os capítulos iniciais da epístola de Paulo aos Romanos estão ocupados com nossos pecados – aqueles atos de impiedade e obstinação[4] que praticamos. A partir de Romanos 5:12, entretanto, o apóstolo aborda o assunto de nossa natureza decaída. Nestes capítulos, quando encontramos a palavra pecado, não é mais do ato antes referido, mas a natureza que o produz. “Pelo que, como por um homem [Adão] entrou o pecado no mundo, e pelo pecado, a morte, assim também a morte passou a todos os homens, por isso que todos pecaram” (Rm 5:12). Pecados e pecado estão obviamente relacionados. Alguém pode contestar e perguntar: O que o pecado de Adão tem a ver comigo? A essa pergunta respondemos: Você peca? Quem, com toda a honestidade, poderia responder negativamente? Devemos reconhecer, por meio de nossas ações, que somos filhos de Adão. O fruto revela a raiz. Os pecados que cometemos são a evidência de uma natureza interna; eles são indicativos de um problema mais profundo.
[4] A consciência convence o homem de sua impiedade; a obstinação, por outro lado, é seu estado característico, o qual ele ignora despreocupadamente.

Toda religião do homem procura abordar o comportamento humano; eles não tratam e não podem abordar a causa raiz desse comportamento. Duas perguntas foram feitas a Adão e Eva no Éden. A segunda foi: “Por que fizeste isso?” (Gn 3:13). A isto o homem procura responder dando desculpas, ou pedirá outra chance. A primeira pergunta, porém, é a mais fundamental: “Onde estás?” (Gn 3:9). Adão se escondeu de Deus; mais tarde ele foi expulso do jardim e da presença de Deus. Nós nascemos, não apenas com a natureza de Adão, mas também na posição de Adão, separados de Deus.

A consequência do pecado de Adão foi a morte. Resultou em morte espiritual e, em última instância, morte natural. Morte é separação. Na morte física, o corpo e o espírito se separam; um permanece neste mundo, o outro parte (Tg 2:26). Na morte espiritual há separação de Deus – Adão e Eva experimentaram isso no dia em que comeram do fruto proibido. Novamente, se houver alguma dúvida quanto a sermos filhos de Adão, a prova é a morte – o homem pode não reconhecer a morte espiritual, mas não há dúvida de que ele é mortal. Há ainda outra morte que aguarda o homem não regenerado, a segunda morte (Ap 21:8). Essa morte é separação eterna de Deus; é o lago de fogo – inferno. Ao longo da história humana, numerosas afrontas foram lançadas contra Deus; no entanto, o homem realmente deseja um mundo sem Deus? No inferno, separação de Deus será seu estado eterno; será um lugar sem luz e sem amor. “Lançai, pois, o servo inútil nas trevas exteriores; ali, haverá pranto e ranger de dentes” (Mt 25:30). “E irão estes para o tormento eterno, mas os justos, para a vida eterna” (Mt 25:46 JND).

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