Origem: Livro: A Instituição do Matrimônio e Assuntos Relacionados
Casamento em um Mundo Arruinado pelo Pecado – Cap. 2
Tudo aqui carrega a evidência inconfundível da presença e dos estragos do pecado. Espinhos e ervas daninhas, produtividade diminuída do solo, trabalho árduo e cansativo, lamentações e lágrimas, doença e morte, turbulência e conflito, todos desempenham seu papel na história sombria da queda do homem. Essa relação abençoada do casamento que Deus instituiu para a felicidade do homem compartilha da ruína comum.
É importante para o filho de Deus lembrar que este não é o seu descanso, e que até mesmo as próprias bênçãos de Deus, que estão conectadas com essa Terra, carregam o selo do pecado e seus terríveis resultados. Podemos tomar as coisas que Deus, em Sua graça, nos concede durante nossa passagem pelo mundo, graças a Ele por isso e utilizá-las, ao mesmo tempo, lembrando seu caráter transitório e momentâneo. Nada aqui é a última forma do que Deus pretende para nós; nem é nada comparado com as bênçãos e gozo que nos aguarda quando estivermos com Cristo e como Ele. Portanto, é um erro para alguém colocar o coração e mente tão focados no casamento, como a meta de sua felicidade, a ponto de se esquecer que “o tempo se abrevia… os que têm mulheres, sejam como se as não tivessem” (1 Co 7:29). E, sob essa luz, possamos aceitar o casamento como aqueles que usam deste mundo, embora não o possuamos como se fosse propriamente nosso (v. 31 – JND).
O apóstolo prosseguiu, dizendo aos crentes de Corinto que aqueles que se casassem teriam problemas na carne, mas ele gostaria de poupá-los. Enfermidades, provações e dificuldades de um jeito ou de outro serão encontradas no estado matrimonial, algumas das quais são desconhecidas pelos solteiros. Não devemos, portanto, ser enganados quanto ao caráter de tudo aqui, embora Deus possa usar até mesmo as provações para abençoar nossa alma como parte de nossa instrução.
O apóstolo, inspirado pelo Espírito Santo de Deus, foi levado a dar seu próprio julgamento espiritual de que a mais elevada posição em uma cena distante de Deus, seria permanecer solteiro, e esperar no Senhor sem distração (1 Co 7). No entanto, nem todos podem receber isso, como o próprio Senhor disse em Mateus 19. Muitos, pelos séculos, como o apóstolo Paulo, renunciaram ao casamento para ficarem livres para servir ao Senhor. Agora, para muitos, como para ele, a jornada acabou e pouco importa se foram casados ou não, mas tudo o que foi feito por Cristo ainda terá uma completa recompensa d’Aquele que não é injusto para esquecer o menor detalhe da devoção deles.
Alguns amados santos são conhecidos por serem muito infelizes porque não se casaram, mas deveríamos questionar a sabedoria e o amor d’Ele que deu Seu Filho unigênito por nós? É Ele negligente com as circunstâncias de nossa vida? Se Ele visse que o casamento fosse o melhor, Ele não nos concederia isso? Não devemos crer que ainda louvaremos a Ele por Sua sabedoria em reter algumas coisas que pensávamos ser mais desejáveis? Certamente, veremos ainda nessas mesmas coisas que testam nosso espírito, a operação de Sua sabedoria, amor, e poder. Entretanto, o desejo de casar é uma das coisas que podemos, simplesmente, dizer ao Senhor tudo a respeito, e deixar diante d’Ele nossas “petições” (Fp 4:6).
Uma querida irmã no Senhor, solteira, que com idade avançada partiu para estar com o Senhor, costumava observar que uma pessoa solteira pode ser feliz se quiser, enquanto as casadas serão felizes se puderem. Embora, isso não seja uma declaração das Escrituras, de fato contém valiosa sabedoria humana. Podemos tomar qualquer circunstância como vinda do Senhor, e buscar Sua graça para andar felizes nela. A felicidade de uma pessoa não casada, não depende do caráter, disposição, ou consideração do companheiro, enquanto um homem ou mulher casado num certo grau, depende da compatibilidade da esposa ou do esposo.
Não diríamos uma única palavra contra o matrimônio, mas buscamos apresentá-lo em todos os seus aspectos, e de todos os ângulos. Há provações no matrimônio, e são comuns ao homem desde a queda, e Cristãos não podem esperar escapar de todas elas. Que possamos ter uma visão balanceada de tudo o que está exposto aqui.
“Somos peregrinos no deserto,
Nossa morada é um acampamento,
As coisas criadas, embora aprazíveis e belas,
Agora nos lembram da marca da morte nelas.
“Seguimos avançando, sem hesitar,
Em meio a desafios e provações a enfrentar.
O Espírito Santo nos conduz,
Ao lar do Cordeiro, como Sua noiva”.
