Origem: Livro: A Instituição do Matrimônio e Assuntos Relacionados

Compatibilidade – Cap. 5

Já mostramos que é sempre errado para um Cristão se casar com um incrédulo, e, assim formar “um jugo desigual” (2 Co 6:14). Há, também, uma questão importante que deve preocupar um Cristão que se casa com outro Cristão; isto é, a questão da compatibilidade. Cristãos, como outras pessoas, variam grandemente, tanto em natureza e caráter, quanto em ambiente e circunstâncias. Eles também abrangem uma ampla gama de estados espirituais. Em toda essa variedade de qualidades e realizações há alguns crentes que seriam bastante inadequados para se unir em matrimônio, pois seria pouco provável que eles fizessem os ajustes para que houvesse a harmonia necessária. Portanto, algum pensamento deve ser dado a esta importante questão, pois deve haver uma possibilidade razoável de cada um se adaptar ao outro.

É triste, mas é verdade, que há muitos Cristãos unidos em matrimônio que são muito infelizes em seu relacionamento conjugal. “Não é conveniente que estas coisas sejam assim” (Tg 3:10 – ARA), pois, eles são um testemunho fraco diante do mundo, e estão desagradando ao Senhor. Quando as pessoas estão se unindo em matrimônio devem fazer ajustes, e o devido exercício da graça Cristã deve ajudar, substancialmente, a produzir harmonia. Também, se cada um seguir as instruções das Escrituras para sua própria conduta, muitos atritos serão evitados.

Conhecemos alguns que falharam desde o primeiro dia de vida conjugal no exercício da graça, ou em fazer os ajustes que o mútuo amor Cristão traria; tais pessoas estariam destinadas à infelicidade.

Acreditamos plenamente que, se um filho de Deus busca seu Pai por sabedoria, e busca a vontade e a mente do Senhor, estando em sujeição a ela quando conhecida, então não necessita ter receio ao dar o passo em direção ao casamento. Em 1 Co 7, lemos estas palavras: “fica livre para casar com quem quiser”, mas contanto que seja no Senhor (1 Co 7:39). Agora, esta última expressão significa muito mais do que meramente estar casando com outro Cristão – “no Senhor” (1 Co 7:39) – implica reconhecimento de Sua autoridade. Aquele que pertence ao Senhor que o comprou, não tem mais o direito de agradar a si mesmo, mas deve perguntar, “Senhor, que (Tu) queres que faça?” (At 9:6). O Senhor nunca conduz alguém a um casamento que não pode ser bem sucedido. Se isso for do Senhor, haverá a adequação e adaptabilidade que é necessária.

Sabendo que nosso pobre e traiçoeiro coração pode nos enganar, fazendo pensar que temos a mente do Senhor em relação aos planos de casamento, convém a nós pesarmos a questão de quais ajustes serão necessários, e se tais ajustes seriam possíveis. Citaremos alguns exemplos: Suponhamos o caso de uma jovem criada que foi criada rodeada de riqueza; ela estará disposta a aceitar o que seu marido, comparativamente pobre, pode suprir? Abaixar o padrão será penoso a ponto de produzir algum atrito? Há a possibilidade que esta diferença seja superada com sucesso, se houver amor verdadeiro suficiente, mas não é bom apressar o casamento sem uma cuidadosa consideração dos problemas envolvidos.

Ou em questões espirituais, estão ambos, marido e mulher, dispostos a buscar agradar e servir ao Senhor na mesma medida de devoção? Uma divergência nesse assunto seria um obstáculo ao mútuo entendimento e cooperação.

Algumas vezes, há uma grande disparidade na esfera física, e um é forte e robusto enquanto o outro é fraco e doente. Nesse caso, estarão dispostos a fazer os ajustes necessários e não se aborrecerem?

Grande diferença de idade ou língua pode criar barreiras quase intransponíveis. Muitas outras coisas poderiam ser acrescentadas, mas essa deve ser suficiente para apontar o princípio que queremos mencionar, e a necessidade da consideração antes de dar um passo que não pode ser revertido.

Podemos imaginar poucos arrependimentos piores do que perceber que se casou com a pessoa errada. Se essas linhas caírem nas mãos de alguém que tem tal sentimento, pedimos por Seu amado nome, que busque Sua ajuda em exercício de muita graça Cristã e paciência, para tornar o seu lar no qual o Senhor seja honrado. Se isto for verdadeiramente feito em Seu temor, Ele pode trazer muita paz e felicidade para sua vida.

Entretanto, nem todos os casos de infelicidade conjugal são devido a incompatibilidade. Em muitos casos, é resultado direto de um baixo estado de alma, onde o marido ou a mulher (ou ambos) se afastaram do Senhor. E quem é mais irracional e duro para se conviver do que um Cristão em um estado de alma ruim!

Qualquer que leia isso e estiver tendo dificuldades familiares, possa buscar a causa, e examinar seu coração diante do Senhor, então julgue a si mesmo sem piedade diante de Deus; colocando de lado de uma vez o que quer que tenha vindo e formado uma crosta sobre a alma, impedindo assim o regozijo pessoal no Senhor. Andar em comunhão com Deus é uma poderosa salvaguarda contra muitos perigos e males que nos assediam.

“Ó Senhor, Teu amor sem limites,
Tão doce, tão pleno, tão livre,
Minha alma é completamente movida,
Sempre que penso em Ti!

“”Contudo, Senhor, ai! Que fraqueza
Por dentro, encontro em mim,
Nenhum prazer mutável de uma criança
Se compara à minha mente errante”.

“”Porém, Teu amor é imutável,
E meu coração reconduz,
Ao gozo em todo o seu briho,
À paz que seus raios emana.”

“”Ainda doce é perceber,
Se nuvens obscureceram minha visão,
Quando passas, Amado Eterno,
Em direção a mim, como sempre, Tu és resplandecente”

“Ó preserva minha alma, então, Jesus,
Permanecendo ainda Contigo,
E, se me desviar, ensina-me
Rápido para junto de Ti voltar-me.

“Que toda Tua generosa benevolência
Seja conhecida por minha alma;
E, familiarizado com essa Tua bondade,
Minhas esperanças Tu mesmo coroarás”.

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