Origem: Livro: Princípios da Guerra Espiritual
Comunhão com Deus- Josué 5:10-12
“Estando, pois, os filhos de Israel alojados em Gilgal, celebraram a Páscoa no dia catorze do mês, à tarde, nas campinas de Jericó” (Js 5:10).
Exatamente quarenta anos antes de os filhos de Israel acamparem em Gilgal, eles eram escravos trabalhando arduamente na casa da servidão, e Deus havia preparado sua entrada em Canaã de tal forma que a primeira festa que eles celebraram lá foi a lembrança de sua libertação.
A Páscoa e a festa da Páscoa eram distintas; uma era a libertação em si, a outra o memorial da libertação. Na primeira, Israel estava ocupado com sua fuga, na outra, eles meditavam sobre os meios pelos quais Deus os havia tirado de lá.
Eles agora se regozijavam diante de Deus de uma maneira impossível até então, pois estando em Canaã eles não tinham nenhum anjo destruidor a temer como no Egito. E para aqueles que estão em Cristo Jesus, que passaram da morte para a vida, agora não há julgamento. Cristo, nossa Páscoa, foi sacrificado por nós. Vamos celebrar a festa; vamos meditar com ações de graças sobre nosso resgate e sobre o amor de nosso Salvador ao morrer. Deus deu descanso à nossa consciência e Ele quer que nossas afeições estejam em constante exercício. Na proporção em que contemplamos o sacrifício de Cristo, nosso coração cresce em comunhão com Deus Pai.
Se não tivéssemos passado da morte para a vida, não poderíamos nos lembrar da morte do Senhor Jesus, e quanto mais conhecemos a vida eterna em Cristo, maior o valor que damos à Sua morte.
Houve um testemunho aos olhos de Deus quando Seu povo redimido, a quem Ele havia trazido para a terra, celebrou a festa da Páscoa. “E te será por sinal sobre tua mão e por lembrança entre teus olhos” (Êx 13:5-10). E Deus é glorificado na lembrança da morte de Cristo por Seus redimidos, que estão assentados n’Ele nos lugares celestiais.
Enquanto Israel estava alojado em Gilgal, o lugar de perfeita liberdade, Deus preparou esta mesa para eles na presença de seus inimigos “nas campinas de Jericó”.
Mas isso não foi tudo; “E comeram do trigo da terra, do ano antecedente, ao outro dia depois da Páscoa… E cessou o maná no dia seguinte, depois que comeram do trigo da terra, do ano antecedente, e os filhos de Israel não tiveram mais maná; porém, no mesmo ano, comeram das novidades da terra de Canaã” (Js 5:11-12). Até que a terra fosse conquistada, o trigo do ano antecedente não poderia ser comido. O trigo da terra do ano antecedente representa o Senhor Jesus ressuscitado dos mortos. Ressuscitados com Ele, entramos n’Ele nos lugares celestiais, e Ele é a força de nossa alma. Se quisermos crescer na apreensão de nossa herança celestial, isso precisa ser por nossa comunhão com o Salvador ascendido. Ele é nosso Objeto celestial, e só podemos apreciar em algum grau as riquezas das “coisas que são de cima” pela intimidade com Ele por meio da graça e do poder do Espírito.
A necessidade diária do crente o lança sobre o Senhor Jesus, que uma vez foi humilhado e rejeitado aqui. Precisamos de graça adequada para o dia, e devemos ir até Ele que, tendo Ele mesmo passado pelo deserto, é Aquele que pode nos socorrer e fortalecer, e assim aprendemos sobre Ele como “o pão do céu”, como o maná.
Quanto ao corpo mortal, o crente está no deserto, mas “sua vida está escondida com Cristo em Deus”, e os suprimentos para esta vida são todos encontrados na Pessoa de Cristo. Precisamos conhecer Cristo tanto como o Maná, quanto como o Trigo da terra, do ano antecedente.
Pão sem fermento acompanha essas festas. “o levedado não se verá contigo, nem ainda fermento será visto em todos os teus termos”. “E comeram do trigo da terra, do ano antecedente, ao outro dia depois da Páscoa; pães asmos e espigas tostadas comeram no mesmo dia”. É impossível perceber a presença de Cristo, alimentar-se d’Ele e, ao mesmo tempo, a impiedade ser doce na boca, estar escondida sob a língua. Quando temos comunhão com Cristo, isso também é conhecido “no mesmo dia”. Façamos festa com os “asmos da sinceridade e da verdade”.
Daí em diante, a terra de Canaã fornece alimentos a Israel, “no mesmo ano, comeram das novidades da terra de Canaã”.
Mas vamos notar a ordem divina: primeiro o trigo do ano antecedente, depois as novidades (o fruto – ARF) da terra; primeiro Cristo, depois o gozo das coisas celestiais.
Haverá alguém que leia estas páginas sem se importar com as bênçãos celestiais, sem ter gosto pelas coisas divinas? Ele ainda não provou que o Senhor é gracioso. Ele está satisfeito com o mundo. A alma farta pisa o favo de mel, assim o coração do homem mundano se afasta de Cristo.
As festas de Israel eram realizadas anualmente, eram apenas sombras passageiras da substância eterna. Nossas festas são eternas. Nossa Páscoa é uma “festa ao Senhor”, “perpétua”, o trigo celestial de nossa terra celestial, o alimento para sempre.
