Origem: Livro: A Instituição do Matrimônio e Assuntos Relacionados

Conquistas no Início de uma Vida Cristã – Cap. 3

Diz-se, com frequência, que os passos mais importantes que damos na vida, são dados quando ainda somos jovens. Nossas decisões iniciais podem determinar muito de nossa vida futura; nosso testemunho para o Senhor, e nossa própria felicidade podem depender delas. Até mesmo, a maneira que ganhamos nosso sustento e o local de nossa residência podem ser determinados cedo na vida, e isso, em contrapartida pode influenciar quase todo o resto, o que destaca a grande importância de tomar decisões corretas enquanto jovem. Isso somente é possível, se tais decisões são dirigidas por uma mão mais sábia que a nossa. É somente quando caminhamos com Deus e buscamos Sua ajuda, e direcionamento que podemos caminhar de forma correta. Embora, enfatizemos a suma importância de caminhar próximo a Deus nesses anos de formação, ainda, acrescentamos que nunca haverá um tempo na vida do Cristão, em que ele não necessite estar continuamente na dependência do Senhor, um passo em falso pode ser dado a qualquer momento.

Há três grandes conquistas no início de uma Vida Cristã:

  1. O grande ponto de partida é o momento quando vamos diante de Deus como culpados, pecadores merecedores do inferno, e por fé aceitamos o Senhor Jesus Cristo como nosso Senhor, Salvador pessoal e Substituto. Nada mais estará correto, a menos e até que esse passo seja dado;
  2. Após ser salvo, a próxima pergunta deve ser, ‘Onde devo fazer lembrança de meu Senhor na morte? Aquele bendito que morreu por nós, pediu que nos lembrássemos d’Ele em Sua morte, e Ele não deixou para nossa própria imaginação procurar uma maneira para fazer isso; Ele de forma muito simples, mas explícita, nos disse como deveria ser feito. Onde iremos fazer lembrança, não é uma questão importante? Somos livres para fazer de acordo com o que parece reto aos nossos olhos, como fizeram nos dias sombrios de Juízes? Não foi permitido aos Israelitas na terra de Canaã oferecer seus holocaustos em qualquer lugar da sua escolha; eles tiveram que ir “ao lugar que escolher o Senhor teu Deus” (Dt 26:2), e não ir a nenhum outro lugar. Quando o Senhor envia dois de Seus discípulos para fazerem os preparativos para comerem a última Páscoa, os discípulos nos deram um modelo a seguir nesse assunto; eles perguntaram a Ele: “Onde (Tu) queres que preparemos?” (Mt 26:17). Eles procuraram a direção do Senhor, e Ele as deu minuciosamente. Então, sempre será assim quando não tivermos vontade própria na questão, mas o desejo de conhecer o desejo do Senhor. Isso pode exigir uma grande busca de coração, com frequência outros motivos se confundem com o desejo de fazer a vontade do Senhor.
  3. A escolha do cônjuge é outro grande passo. Algumas pessoas podem estar dispostas a colocar isso a frente dos passos anteriores, mas eles podem ser considerados interdependentes. Certamente é um passo que nunca deverá ser tomado por impulso, ou sem a completa certeza de haver a mente de Deus na questão. Muitos queridos jovens Cristãos se precipitam a casar baseados em seu próprio julgamento, sem buscar o conselho do Senhor, apenas para colher um longo tempo de vida de tristeza e problemas. Que problemas, às vezes, criamos para nós mesmos!

Como os jovens podem chegar a grandes encruzilhadas quando atingem à idade adulta, isso indica a urgência de se decidir cedo por Cristo; pois, se alguém chegar à encruzilhada do casamento ainda não salvo, não há como prever qual caminho ele vai seguir e, necessário acrescentar, qualquer que seja o caminho, dificilmente será o correto. Embora, pela graça de Deus, alguém possa ser salvo mais tarde, pode haver muito que colher de passos tomados enquanto ainda não era salvo. É muito importante ter verdadeira devoção do coração para Cristo desde cedo, pois sem isso, os próximos passos podem ser tomados na vontade própria ou independência, apenas para arrependimento futuro.

Vemos muitos exemplos, nas Escrituras, de devoção desde cedo ao Senhor – José, Samuel, Davi, Paulo, e Timóteo, para mencionar apenas alguns, eram todos jovens quando iniciaram no caminho. Samuel era devoto ao Senhor desde criança, e muito cedo aprendeu a dizer: “Fala, SENHOR, porque o Teu servo ouve” (1 Sm 3:9). Que, cada um de nós, possamos ter mais desse espírito.

Daniel era apenas um jovem, quando foi levado cativo para a Babilônia, mas nessa tenra idade ele andava em toda boa consciência diante de Deus. Ele sabia que os tempos mudaram dos dias da grandeza de Israel, mas ele cria que a Palavra e a Verdade de Deus não haviam alterado. Como um jovem ele era fiel a Deus numa terra estranha, sob circunstâncias muito difíceis. Quatro palavras, cada uma iniciando com a letra “P”– {N.T.: iniciam com a letra “P” no inglês}, – caracterizaram esse querido homem desde a juventude até a velhice; são elas “Propósito” (Purpose), “Oração” (Prayer), “Louvor” (Praise), e “Prosperar” (Prosper). De uma maneira muito marcante, Daniel propôs em seu coração agradar a Deus; ele era também um homem de oração, não apenas em momentos de grande pressão, mas como um hábito regular em sua vida; quando ele recebeu a resposta muito desejada para sua oração no capítulo 2, a primeira coisa que fez foi parar para louvar a Deus (Dn 2:23), e “aos que Me honram, (Eu, o Senhor) honrarei” (1 Sm 2:30), é verdade, Deus fez com que Daniel prosperasse em uma terra estranha.

O propósito do coração é como o leme do navio, que possibilita manter o curso estabelecido. O navio pode ser bom, e ter grandes motores, mas sem o leme é inútil – não pode ir a lugar nenhum. Paulo teve um bom leme quando disse: “Mas uma coisa faço” (Fp 3:13). Ele não era “Homem de coração dobreinconstante em todos os seus caminhos” (Tg 1:8); ele era um homem com um único propósito, e esse propósito era ir por este mundo para alcançar Cristo em glória. Ele não tinha intenção de demorar-se pelo caminho, mas disse: “prossigo para o alvo” (Fp 3:14), para a glória e a coroa da vitória.

Nesse ponto é necessário lembrar da oração, que também caracterizava Daniel, pois a mera determinação humana de agradar a Deus não era suficiente. Temos que caminhar em constante dependência, reconhecendo nossa fraqueza. O conselho de um homem “cheio do Espírito Santo”, para os jovens crentes foi que eles “permanecessem no Senhor com propósito de coração” (At 11:23-24), e devemos lembrar que necessitamos do constante suprimento de graça, e ajuda de nosso “Grande Sumo Sacerdote” (Hb 4:14), para fazer o mesmo.

Que o Senhor possa conceder tanto ao escritor quanto ao leitor mais desta indivisibilidade de coração e singeleza de visão, assim como foram mostrados nos santos do passado, para que sejamos mantidos longe de muitos passos em falso que trarão tristeza em nossa vida, e desonra para o Senhor. Tudo isso tem uma grande influência em nosso tema principal – Matrimônio.

“Nosso caminho é acidentado, e perigoso também.
Em um deserto sem trilha, nossa jornada segue além.
Mas a coluna de nuvem que pelo caminho nos guia,
É nossa luz segura à noite, e nos dá sombra em pleno dia”.

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