Origem: Livro: Os Patriarcas
Contaminação Familiar
E ainda mais, como este mesmo capítulo nos diz, Isaque, cuja mente e caráter, como vimos, foram tão notavelmente formados em sua infância na tenda de Sara, mergulhou na indulgência de alguns dos desejos inferiores da natureza. Ele amava seu filho Esaú, porque comia da sua caça. Isto era realmente pobre, e algo pior que pobre. E esse amor pela carne da caça, podemos certamente sugerir, deve ter encorajado Esaú na caçada; assim como a astúcia de Rebeca, obtida e trazida da casa de seu irmão em Padã, formou a mente e o caráter de seu Jacó favorito. E desta forma um dos pais ajudava a corromper um dos filhos e o outro pai corrompia o outro filho.
Que dano, que triste contaminação se revela aqui, em todo esse cenário familiar! Mas podemos continuar a expô-lo ainda mais, pois o coração não só é capaz de tal contaminação, mas é ousado o suficiente, às vezes, para levar a sua maldade para o santuário. “Quase que me achei em todo mal que sucedeu no meio da assembleia e da congregação” (Pv 5:14 – ARA).
A palavra para Arão, muito depois disso, foi: “Vinho ou bebida forte tu e teus filhos contigo não bebereis, quando entrardes na tenda da congregação” (Lv 10). A natureza não deve ser animada para esperar pelo serviço de Deus; não deve ser colocada em ação por seus próprios recursos para o cumprimento dos deveres do santuário. A bebida forte pode exaltar e causar agitação nos espíritos naturais, mas isso não é qualificação para um sacerdote da casa de Deus.
Mas mesmo Isaque parece ter sido revelado numa contaminação como esta: “Agora, pois”, disse ele a Esaú, “toma as tuas armas, a tua aljava e o teu arco, e sai ao campo, e apanha para mim alguma caça, e faze-me um guisado saboroso, como eu gosto, e traze-mo, para que eu coma, e para que minha alma te abençoe, antes que morra”. Ele ia realizar o último ato religioso de um sacerdote patriarcal, e pede vinho e bebida forte, o alimento da mera vida natural, para levantá-lo e dotá-lo para o serviço!
Isso foi realmente triste, deliberar sobre a caça em um momento assim. Todos nós podemos estar conscientes de quanto da natureza mancha nossas coisas santas, quanto da mera animação da carne pode ser confundida com a corrente calma e forte do Espírito. Podemos estar conscientes disso, no lugar da comunhão. E esta deve ser a nossa tristeza e a nossa humilhação: devemos confessá-la como um mal, ou pelo menos como uma fraqueza, e vigiar contra ela. Mas para se preparar para isso, misturar cuidadosamente o vinho e a bebida forte, tomar um gole completo, dessa maneira, isso excede em contaminação.
E nada resulta de tudo isso além de desonra e perda. Toda esta contaminação familiar é julgada na santidade de Deus, porque esta era uma família de Deus na Terra. “De todas as famílias da Terra a vós somente conheci; portanto, todas as vossas injustiças visitarei [punirei – ARA] sobre vós”. Isaque é posto de lado, Rebeca nunca mais vê Jacó, e o suplantador calculista se vê no meio de labutas, injustiças e dificuldades, suplantado e enganado repetidas vezes; durante vinte longos anos fora da casa de seu pai. Nada resulta de tudo isto, quer olhemos para a política tortuosa de um partido, quer para o favoritismo carnal do outro; tudo é decepção e vergonha, sob a repreensão da santidade do Senhor.
