Origem: Livro: Os Patriarcas
Convicção produzida pelo Espírito
Mas devo voltar a olhar para tudo isso por outro momento. A convicção da consciência pode ser apenas natural, o trabalho normal e necessário da alma, cuja ausência seria considerada evidência de um estado cauterizado ou endurecido. Mas quando é mais do que a mera agitação da alma sob a autoridade da natureza – quando o Espírito de Deus a produz – Ele usa Seu próprio objeto ou instrumento para trabalhar. Davi, sob o convincente Espírito, diz a Deus: “Contra Ti, contra Ti somente pequei, e fiz o que a Teus olhos é mal”. E assim será com Israel no dia de seu convencimento; pois a sua consciência estará então ligada ao outrora rejeitado e crucificado Jesus. Como o Senhor diz pelo profeta, derramarei sobre eles o espírito de graça e de súplicas; e olharão para Mim, a Quem traspassaram, e lamentarão por Ele, como quem chora por seu único filho, e será em amargura por Ele, como quem está em amargura por seu primogênito. Isto é convicção, quando o Espírito de Deus tira esse assunto das mãos da natureza e coloca-o nas Suas próprias mãos. Isto é a consciência fazendo o seu trabalho, como fala o apóstolo, “no Espírito Santo”. Num dia assim, sob tal autoridade e poder, Israel dirigir-se-á diretamente a Jesus. Isaías 53 nos mostra o mesmo de outra forma. E este é um trabalho precioso na alma – um trabalho necessário ainda em cada um de nós.
Agora isso é visto nos irmãos de José. Alguém já percebeu isso de uma forma geral. Mas é profundamente digno de nota. Foi do pecado deles contra José que eles se lembraram no dia de sua angústia. “Somos culpados acerca de nosso irmão”, dizem eles, “pois vimos a angústia da sua alma, quando nos rogava; nós porém não ouvimos”. Outros pecados poderiam estar presentes na consciência naquela época. Rúben poderia ter pensado na contaminação da cama de seu pai, Simeão e Levi em seu derramamento de sangue e traição, e Judá em seu casamento. Mas, estimulados à vida, não apenas pelos problemas que lhes sobrevieram, mas pelo Espírito, eles estão conscientes do pecado comum e falam, como se tivessem uma só consciência, de sua maldade em relação a José. E é isso que evidencia a obra do Espírito nesta convicção.
Esta é uma obra necessária, repito, em cada um de nós. Mas a fonte tem que fazer a sua obra assim como o Espírito de graça. José, como vimos, interpretou suas tristezas, embora nas mãos perversas, de maneira muito diferente daquela que seus medos e culpa as interpretaram. Eles disseram, e com muita razão, “somos culpados acerca de nosso irmão”; ele diz, e com muita verdade: “para conservação da vida, Deus me enviou diante da vossa face”. E este é o evangelho. Somos convencidos, mas salvos. Aprendemos que nos destruímos, mas que n’Ele está o nosso socorro. O sangue encontra a lança. A fonte se abre nas mesmas feridas que nossas próprias mãos infligiram. E esta será a experiência da eleição Judaica (cuja história destes irmãos prenuncia, como sabemos) nos dias de Isaías 53 e Zacarias 13. A cruz é a testemunha. A fé está diante dela, e ali aprende a ruína e a redenção.
