Origem: Livro: Os Patriarcas
O coração arruinado do homem
Tudo isso, porém, e ainda mais do que isso, era o homem, e não apenas Caim. Foi o coração arruinado do homem se expondo. E porque era a natureza comum que estava se revelando, o Senhor tira do homem o julgamento sobre isso: “qualquer que matar a Caim será vingado sete vezes” (ARA); pois ninguém está sem pecado. “Portanto, és inescusável quando julgas, ó homem, quem quer que sejas, porque te condenas a ti mesmo naquilo em que julgas a outro”. Todos estão na mesma condenação. Ninguém pode pegar a pedra e atirá-la em outro. E para expressar este grande princípio da verdade, e que somente Deus tem título ou competência para tratar com o pecado, o Senhor não permitirá que nenhum homem toque no fratricida. Por este escrito divino sobre o caso, todos devem sair convictos, um a um, e deixar o pecador com Deus (Jo 8).
Para os fins do governo, quando o governo na Terra se tornar o propósito divino, será dito: “Quem derramar o sangue do homem, pelo homem o seu sangue será derramado” (Gn 9:6). Mas isto ainda não é assim. E para o ensino da depravação comum, para que todos nós possamos ser humilhados pela convicção comum de que “todos” pecamos “e destituídos” estamos “da glória de Deus”: ninguém de toda a família humana tem permissão para tocar esse ímpio Caim. E assim, até hoje, quando o governo foi divinamente estabelecido, não é com o pecado que ele lida. Os crimes ou ofensas contra a ordem pública e as injustiças cometidas a indivíduos podem ser julgados pelo homem; mas vingar-se do pecado seria assumir a inculpabilidade pessoal. “Aquele que dentre vós está sem pecado seja (ele) o primeiro que atire pedra contra ela”. Deus tem que lidar sozinho com o pecado. (Alguns falaram dos Judeus como culpados do sangue de Cristo, de modo a terem traído o princípio da justiça própria aqui condenado. E, no entanto, não duvido que haja um sentido em que os Judeus sejam – num sentido especial – conectados com esse pecado no julgamento divino. A terra dos Judeus é o distinto campo de sangue, o sangue de Jesus, em um grande sentido, está especialmente sobre eles e seus filhos. E assim, como Caim, essas pessoas estão sob as seguranças especiais de Deus. E ainda mais; esse sangue deve ser purificado de sua terra, embora agora a manche tanto como mostrado em Joel 3:21[1]).
[1] N. do T.: A versão de J. N. Darby traduz: “E Eu os purificarei do sangue do qual Eu não os tinha purificado”. ↑
E ainda mais; a linguagem de Lameque, também julgo, é mística ou figurativa, sugerindo o arrependimento dos Judeus que derramaram o sangue, após gerações de incredulidade e dureza de coração.
