Origem: Livro: Os Patriarcas

A corrupção e a violência do homem

Se eu lesse o início desta bela Escritura e apenas expusesse meu coração à primeira impressão mais simples do que recebo ali, seria esse pensamento que ocuparia a minha mente; e ainda assim podemos explicar com toda facilidade esta estranha e maravilhosa revolução. Em Gênesis 1, Deus estava sozinho, produzindo o fruto de Sua própria obra, em sabedoria, bondade e habilidade, e então tudo era bom e desejável. No retorno, todas as tardes e todas as manhãs, os deleites divinos pairavam sobre o que a mão divina estava realizando, e eis que tudo estava muito bom; e o sétimo dia foi santificado para a celebração deste descanso e gozo. Mas agora, não é a mão de Deus apresentando uma obra perfeita aos pensamentos e afeições de Deus, mas é o homem, o artífice apóstata, espalhando um amplo cenário de corrupção e violência para a tristeza e arrependimento da mente divina. O segredo da mudança está aí. O homem está trabalhando; o homem tem moldado e decorado o cenário, e não o Deus vivo e bendito. A Terra está, portanto, cheia de violência; existem gigantes, homens poderosos, homens de renome; e as imaginações daquele coração que agora estava criando este “presente século [mundo – ARA] mau” são apenas más, e continuamente más.

Aqui está o segredo. A mudança foi completa por causa do novo oleiro que estava ao torno; a mudança não poderia ser menor. O canto das estrelas da manhã, o clamor dos filhos de Deus, não tinha agora eco no cenário da criação; o homem estava agora fora – não como parte do trabalho, mas como um trabalhador reprovado.

É exatamente isso que dá o caráter ao início do capítulo 6. E não há alívio para tudo isso na criatura – a melhor amostra e porção que ela poderia oferecer está ela própria contaminada. Os próprios filhos de Deus são arrastados para a lama – sua vontade, seu desejo, seu gosto são supremos para eles. As filhas de Moabe seduziram à fornicação; e os nazireus, que eram mais puros que a neve e mais brancos que o leite, cujo polimento era de safira, tornaram-se mais negros que o carvão. O testemunho contra eles é: “ele também é carne”.

Se Adão foi seduzido pelo mais sutil dos inimigos e seguiu a vista de seus olhos e o desejo de seu coração, os filhos de Deus são agora seduzidos por um inimigo igualmente bem-sucedido. Ele trabalha, é verdade, mais de dentro do que de fora – “ele também é carne” – mas a vista dos olhos e o desejo do coração são novamente seguidos. As esposas são tomadas “de todas as que escolheram”; outros senhores são ouvidos, pois Deus não está nos seus pensamentos, e então não importa se é a promessa da serpente ou a formosura das filhas dos homens (Gn 3:4-5).

A multiplicação dos homens na face da Terra é vista como estando ligada a toda esta corrupção – tal como na história da Igreja (At 6:1). Foi quando o número de discípulos se multiplicou que começaram a surgir murmurações e disputas; e esses casos semelhantes em Gênesis 6 e Atos 6 nos dizem que nunca se deve confiar no homem e que quanto mais obtemos dele, piores são as coisas. “Jesus não confiava neles, porque a todos conhecia e não necessitava de que alguém testificasse do homem, porque ele bem sabia o que havia no homem”.

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