Origem: Livro: A Instituição do Matrimônio e Assuntos Relacionados

Dando o Exemplo – Cap. 22

Não é preciso que as crianças cheguem a uma idade avançada, para estarem aptas a discernir a verdadeira sinceridade, ou a falta dela nos adultos. Elas talvez não sejam capaz de expressar suas reações; mas, apesar disso, são influenciadas por aquilo que observam. Por isso, é muito importante que os pais considerem que seus queridos filhos estão observando eles e o seu caminhar – não que os pais devam agir diante deles de forma diferente do que realmente são, mas devem ter muito cuidado para não haver recaídas na consistência de seu andar, pois aqueles atentos e pequenos olhos e ouvidos absorvem muita coisa. Eles discernirão se a profissão Cristã de seus pais é ou não é do tipo prática que governa toda sua maneira de viver. O futuro dos filhos pode depender mais ou menos daquilo que seus pais fazem, do que daquilo que eles aconselham. Isso não é dito para anular a importância de instruí-los nos “caminhos retos do Senhor” (Sl 119:1), mas para enfatizar a importância de viver na prática diante deles o que lhes é ensinado.

Qual seria o valor de instruir as crianças, de que “os olhos do Senhor estão em todo o lugar, contemplando os maus e os bons” (Pv 15:3), e de que Ele os vê quando eles enganam os seus companheiros de trabalho, se eles vissem os seus pais se aproveitando do vizinho ou do dono da mercearia? Dessa forma, seria inútil dizer às crianças que Deus ouve as mentiras, se eles veem em seus pais a prática do engano – não que o fracasso dos pais seja realmente uma desculpa aceitável diante de Deus para que os filhos pequem.

O apóstolo Paulo foi o instrumento usado por Deus para a salvação de muitos dos primeiros Cristãos, a quem ele escreveu. Ele disse aos Coríntios: “Pelo evangelho, vos gerei em Cristo Jesus” (1 Co 4:15 – ARA); eles eram os seus filhos na fé, e como seus filhos amados ele os admoestou (v. 14), mas enviou-lhes Timóteo, para lembrá-los dos caminhos de Paulo em Cristo (v. 17). Era um pai amoroso ensinando seus filhos, pela voz da palavra de sua boca, e mostrando a eles pelo exemplo como deveriam andar.

Timóteo era também filho de Paulo na fé, por isso Paulo tinha um cuidadoso zelo pelo bem estar espiritual de Timóteo. Paulo escreveu livre e intimamente para ele, e falava afetuosamente dele aos outros. Ele deu a Timóteo palavras de “edificação, exortação e consolação” (1 Co 14:3), mas não estava contente em parar por aí; ele escreveu para ele: “Tu, porém, tens seguido a minha doutrina, modo de viver, intenção, fé, longanimidade, caridade (ou amor), paciência” (2 Tm 3:10).

A doutrina de Paulo era importante na época, e ainda é hoje; é toda a verdade distintiva do Cristianismo, mas Paulo lembrou seu amado filho e colaborador de seu modo de viver – era de veracidade, retidão e integridade. Seu propósito era igualmente impressionante, pois era para passar por esse mundo para glória de Deus, e para alcançar o Cristo que havia cativado todo o seu ser. Ele tinha aquela fé diária em Deus que confiava n’Ele em toda e qualquer circunstância. Vemos muitos exemplos de sua longanimidade em Atos e em suas Epístolas, e ele amava os queridos Coríntios, entretanto, quanto mais os amava, menos eles amavam Paulo. Quanto à paciência, ele podia dizer: “Os sinais de um apóstolo foram, de fato, operados entre vós com toda a paciência” (2 Co 12:12 – TB). Até mesmo sua autoridade apostólica nunca teve permissão para interferir no seu exercício de paciência, mas, ao contrário, era demonstrada por meio da paciência.

Que os pais Cristãos considerem seus caminhos, e que esses possam ser formados mais pelos padrões dos caminhos de Paulo diante de seus filhos na fé. Os pais ocupam uma posição relativamente semelhante, pois devem agir como guias espirituais, morais e físicos para seus filhos.

Não há lugar onde devemos ter mais cuidado, para não satisfazer à carne, nem permitir recaídas na conduta Cristã, do que no lar. Alguém disse: “Se quiser me conhecer, venha morar comigo”. É no círculo familiar onde a nossa real condição está mais propensa a ser vista. Oh, que os jovens pais possam perceber a grande importância de viver como verdadeiros Cristãos diante de seus filhos! É de grande importância como as pequenas coisas da vida são feitas. E se andamos conscientemente diante de Deus o tempo todo, não fará diferença onde estamos, em casa ou fora dela, com nossos irmãos em Cristo ou entre incrédulos no trabalho.

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