Origem: Livro: Os Patriarcas

A diferença entre justo e devotado

Há alguma diferença, deixe-me observar, ou melhor, eu diria, distância, entre um homem justo e um homem devotado. Nenhum santo é devoto se não estiver praticando esta lição da qual estou falando. Pode-se dizer que a medida de sua devoção está de acordo com o que ele alcançou, de acordo com a energia que ele está exercendo como um homem morto e ressuscitado com Cristo. No início desta história, Jó era um homem justo. Ele foi bem falado repetidas vezes, diante de seu acusador. Mas ele não era um homem devotado. O sussurro do seu coração, como notei antes, era este: “no meu ninho expirarei”. Ele era aceito, como um pecador que conhecia seu Redentor vivo e triunfante, piedoso e reto além de seus companheiros, mas, apesar disso, quanto ao poder que operava em sua alma, ele não era um homem morto e ressuscitado.

Assim também, eu poderia acrescentar, era Agur no livro de Provérbios. Ele era piedoso e de um espírito humilde e que se julgava a si próprio. Ele faz uma boa confissão da cegueira e da perversidade humana, das insondáveis glórias de Deus, da pureza e preciosidade de Sua Palavra e da segurança de todos os que n’Ele confiam (Pv 30:19). Ele era um homem de Deus e andava em um bom espírito. Mas ele não era um homem devotado. Ele não sabia ter abundância nem padecer necessidade. Ele temia a pobreza para não roubar, e as riquezas para não negar a Deus. Ele não estava preparado para mudanças, assim como Jó também não estava. Mas Paulo estava. Ele se rendeu a Cristo, o que eles não fizeram. Segundo o poder que operava em sua alma, Paulo era um homem morto e ressuscitado. Ele estava pronto para ser “mudado de vasilha para vasilha”. Ele foi instruído tanto a ter fartura quanto a ter fome. Ele podia todas as coisas por meio de Cristo que o fortalecia (Veja aquele homem devotado, aquele homem morto e ressuscitado, no final do livro de Atos, nos capítulos 20 a 28). Ele está no meio de um grupo de irmãos em Mileto que choravam, e no seio de uma amorosa família Cristã em Tiro. Mas seriam aqueles os lugares mais verdes da Terra para um santo, onde, se em algum lugar, o pé da escada mística parece descansar, e o coração afetuoso se demora e diz: “Vamos fazer tabernáculos aqui”, capazes de detê-lo? Não. Mesmo ali, o querido e devotado apóstolo carregava um coração totalmente rendido a Cristo. “Que fazeis vós”, diz ele “chorando e magoando-me o coração? Porque eu estou pronto não só a ser ligado, mas ainda a morrer em Jerusalém pelo nome do Senhor Jesus”. Ele não seria mantido. E daqui ele segue, ao longo da costa da Síria até Jerusalém, e depois por dois longos anos, separado dos irmãos, em perigos por mar e terra, sob insultos e injustiças, um coração simples e uma devotada afeição, sustentando-o em tudo.

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