Origem: Livro: Os Patriarcas

Do medo ao favor

Assim, nos demoramos um pouco nesses brilhantes relatos dos dias milenares, “os dias do céu sobre a Terra”, que brilham no final desta história maravilhosa, além de séria e instrutiva, dos tempos patriarcais. Mas há mais.

No princípio, Jó retinha todas as suas bênçãos com reserva e suspeita. Ele não estava em segurança, nem em repouso, nem sossegado; ainda assim, surgiram problemas. “O que eu temia me veio”, diz ele, “e o que receava me aconteceu”. Isso precisa ser assim. A instabilidade com que o afastamento de Deus afetou todas as possessões e todos os ganhos aqui torna isso necessário. Mas, no final das contas, não existem “temores por dentro”, assim como não existem caldeus ou “por fora combates”. Nenhuma sombra encobre o Sol estabelecido que repousa ao seu redor, nem a luz calma que preenche todo o interior.

E mais: seus parentes e conhecidos, no final, o procuram novamente. Na verdade, eles nunca deveriam tê-lo abandonado. Pois nos enganamos se pensamos que devemos estar corretos se entristecermos aqueles a quem Deus está disciplinando. Isto está muitas vezes muito longe de ser o caso. O Senhor disse em Zacarias: “com grandíssima ira, estou irado contra as nações em descanso; porque, estando Eu um pouco desgostoso, eles auxiliaram no mal”. O mesmo acontece com Isaías 47:6 – e Obadias 10-14, no mesmo sentido. Talvez estejamos mais comumente com a mente de Deus e agimos como vasos vivos do Espírito quando aliviamos a esses tais. E tenho certeza que foi assim no caso de Jó. Se seus amigos anciãos conhecessem a maneira de Deus, teriam lidado com ele de maneira muito diferente. Eles não o teriam abandonado. O próprio fato de “a mão de Deus” o ter tocado, como ele o expressa tão profundamente, teria sido motivo de “piedade”, como diz ainda, por parte dos seus amigos.

No entanto, como parte do Sol brilhante que alegra seu estado no final, seus parentes e conhecidos o procuram novamente. E fazem isso para consolá-lo e também para ter compaixão dele. E se eles falam com ele sobre tristezas passadas, é apenas para aumentar seu gozo presente – como Israel depois, em sua triunfante festa dos tabernáculos, farão barracas e sentar-se-ão sob elas, em grata lembrança dos dias no deserto.

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