Origem: Livro: A Instituição do Matrimônio e Assuntos Relacionados

Escolhendo um Cônjuge – Cap. 4

“Reconhece-O em todos os teus caminhos, e Ele endireitará as tuas veredas” (Pv 3:6), é uma Palavra importante. Significa mais do que simplesmente buscar a Deus por Sua direção em algum passo importante – é o constante e habitual reconhecimento d’Ele em todos nossos caminhos.

Quantos Cristãos provaram a verdade desse versículo pela graciosa e sábia intervenção do Senhor em dar um cônjuge adequado para a vida. Eles não estavam a busca de uma esposa ou marido, mas encomendado todo seu caminho a Ele, e no decorrer do tempo, a pessoa certa lhes foi apresentada. Em contraste com isso, às vezes vemos pessoas – mesmo Cristãos – que se apressam a casar, com menos critério do que usariam para contratar um contador para o escritório – alguém que poderia ser dispensado com um mês de aviso prévio. Ainda há outros que procuram uma esposa como se estivessem buscando a linhagem de um gado que desejam comprar. Em um caso, esse importante passo é tomado de forma leviana, e no outro é tomado na sabedoria humana ou talvez sensual. Essa não é a sabedoria que vem de cima.

É muito perigoso uma pessoa aconselhar a outros com quem deve casar; com frequência resulta em desastre. Há alguns pontos, entretanto, que sentimos confiança em mencionar, e estes são a respeito àqueles com quem não devemos casar.

Em primeiro lugar, é bastante claro que o Cristão, sob nenhuma circunstância, deveria se casar com um incrédulo, “Andarão dois juntos, se não estiverem de acordo?” (Am 3:3). Como um filho da luz pode se unir a um filho das trevas, e esperar a bênção do Senhor? A Palavra de Deus é extremamente clara de que tal união é errada – “Não vos prendais a um jugo desigual com os infiéis (incrédulos – ARA); porque, que sociedade tem a justiça com a injustiça (iniquidade – ARA)? E que comunhão tem a luz com as trevas? E que concórdia há entre Cristo e Belial (Maligno – ARA)? Ou que parte tem o fiel com o infiel (Ou que união, do crente com o incrédulo – ARA)?” (2 Co 6:14-15).

Para duas pessoas andarem juntas, devem encontrar um nível comum sobre o qual vão caminhar; caso contrário, estarão em constante atrito, um puxando o outro. Isso só irá resultar em infelicidade geral. Onde então, perguntamos, podem o crente e o incrédulo encontrar o nível comum para andar juntos? Com certeza, somente no nível do incrédulo. É obviamente impossível elevar o incrédulo e fazê-lo andar no caminho de fé, pois ele não possui a vida e a natureza capazes disso; entretanto, a única alternativa é o crente se rebaixar e andar no plano carnal, onde caminha o homem que anda por vista. Entendimento mútuo não é alcançado nesse caso com cada um cedendo um pouco; o crente tem que desistir de buscar agradar ao seu Senhor. Isso é terrivelmente solene, e nada além de tristeza pode advir como resultado.

Houve crentes que em considerável ignorância da mente e Palavra de Deus casaram com incrédulos, e algumas vezes o Senhor em Sua graça governamental, trouxe o incrédulo ao completo conhecimento da salvação. Isso é simplesmente maravilhoso de Sua parte. Se essas linhas chegarem às mãos de alguém que se encontra casado com incrédulo, sugerimos que eles simples e plenamente coloquem a questão diante de Deus, julgando a si mesmos completamente por qualquer pecado ou falha, e confiando n’Ele para trabalhar no coração do cônjuge não salvo em quaisquer circunstâncias que Ele possa Se agradar. Mas que cada um tome cuidado, para não ser tentado a tomar um passo em aberta desobediência.

É, de fato, uma coisa solene estar unido pela vida a alguém de cuja pessoa aquele que é filho de Deus será separado por toda a eternidade. Se houver amor entre eles, o pensamento seria intolerável. E pensar em viver nesse relacionamento íntimo com alguém para quem o Seu Senhor e Salvador não é precioso. Mesmo naqueles que são amáveis e educados, permanece sob a superfície um ódio natural a Deus e Seu Cristo. O incrédulo é um inimigo de Deus, e toda a inimizade é da parte do homem; Deus ama o pecador e suplica a ele para se reconciliar. Que doce comunhão seria impedida aos santos que não pudessem conversar em casa sobre a graciosidade de Cristo, ou sobre os tesouros encontrados na Palavra de Deus. Pense na perda de não ser capaz de dobrar os joelhos juntos e se dirigirem a Deus como Pai, e abrirem seu coração para Ele em súplica e oração. E nos tempos de provação e adversidade, o não salvo não pode ter o doce conforto de Deus e Sua Palavra, e ambos sentirão solidão.

Há também um sútil laço de Satanás, que às vezes é lançado aos pés dos santos. Satanás leva os santos a serem atraídos por um incrédulo, e conforme o envolvimento cresce se encontram de certa forma envolvidos, a consciência começa a acusá-los, e estão prontos a voltar atrás, quando de repente o incrédulo faz a confissão da fé em Cristo. É compreensível que qualquer Cristão espere sinceramente que essa confissão seja real, e a tendência nesse caso seria do crente aceitar isso como verdadeiro. Reconhecidamente torna a situação mais difícil e complexa, mas nunca haveria tanta necessidade, do crente, estar vigilante, e acima de tudo buscar pela ajuda do Senhor. Homens de caráter irrepreensível são conhecidos por, deliberadamente, enganar moças Cristãs para ganhá-las como esposas, e da mesma forma as adoráveis moças mundanas enganam os jovens rapazes Cristãos. Se houve algum momento em que a confissão de fé deveria ser tratada com a atitude de esperar para ver, é quando a esperança do matrimônio está envolvida. Talvez na maioria das vezes, esses casos provaram ser falsos. Alguns daqueles que a profissão era espúria, não tinham em mente enganar ninguém, mas pela influência de alguém que amavam, eles buscaram compreender a salvação, e finalmente chegaram ao estado de apreensão mental, mas a consciência nunca foi alcançada. Foi um mero consentimento intelectual, que talvez tenha surgido por causa de um admirável desejo de agradar a pessoa amada. Essa, talvez, seja a mais engenhosa armadilha planejada e desenvolvida para os pés do jovem crente. Que Deus possa preservar aquele que esteja lendo estas linhas de ser enganado dessa maneira. Lembre-se disso, em muitos casos, a esperteza humana não é suficiente para detectar a realidade, ou a falta dela; e ele que “confia no seu próprio coração é insensato (tolo – TB) (Pv 28:26). Nesses determinados momentos nosso próprio desejo pode se tornar tão confuso com o desejo de agradar ao Senhor, que podemos persuadir a nós mesmos de qualquer coisa. Que Ele possa guardar os pés de Seus santos longe dessa armadilha.

Um coração menos correto algumas vezes adota a visão que ele pode se casar com um incrédulo, e mais tarde ser usado para a conversão dessa pessoa. Essa é uma consideração fantasiosa, e geralmente se mostra contrária aos fatos. E porque isso acontece? Irá Deus nos abençoar na desobediência a Ele? Devemos fazer “o mal para que venha o bem?” (Rm 3:8 – AIBB). Todo aquele que entra num casamento com um cônjuge não salvo, o faz em desobediência direta, mesmo que pense que assim converterá o outro. Disso só se pode esperar consequências infelizes.

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