Origem: Livro: A Importância de Ter um Espírito Correto

Um Espírito Correto em um Dia em que o Testemunho Cristão Está em Ruínas

(2 Timóteo 4:22)

“O Senhor Jesus Cristo, seja com o teu espírito”. O contexto em que Paulo deu esta exortação a Timóteo foi a ruína e o fracasso do testemunho Cristão nos últimos dias. Ele lhe disse em termos inequívocos que havia uma ruína irremediável chegando, e advertiu sobre os males que permeariam toda a profissão. Ele lhe deu uma descrição gráfica de todos os aspectos do grande abandono e não era uma imagem bonita. Haveria um abandono indiscriminado da verdade de Deus e muitas coisas seriam feitas em nome de Cristo que seriam uma desonra pública notória.

Os Cristãos hoje se encontram tão divididos e com opiniões e doutrinas tão diferentes que seria difícil para um observador honesto discernir o que é realmente o Cristianismo. Quase todo mal imaginável é permitido no Cristianismo hoje – até ao ponto onde dá vergonha ser identificado como Cristão. Gandhi, o ex-primeiro-ministro da Índia, disse: “Se não fosse pelos Cristãos, eu teria sido um!” Temos que baixar nossa cabeça em vergonha porque fazemos parte do testemunho Cristão corrompido que desonrou o Senhor.

Esta epístola foi escrita para encorajar Timóteo a servir tendo em vista o momento difícil que viria. Paulo passa para ele muitos indicadores úteis que iriam guiá-lo em seu serviço. Tendo em vista tudo o que estava por vir, há um espírito e maneira corretos em que os Cristãos devem se comportar, de modo a não trazer mais desonra para o nome do Senhor. Se alguma vez houve um dia em que uma pessoa precisava ter um espírito correto, é hoje. Portanto, antes de terminar a epístola, o apóstolo deu a Timóteo as palavras necessárias de admoestação: “O Senhor Jesus Cristo seja com o teu espírito”.

Nestas circunstâncias, há duas atitudes em particular contra as quais temos de nos proteger. São elas:

1) Desânimo 

Podemos entender muito bem como Timóteo deve ter ficado desanimado quando pensamos em todas as coisas que Paulo disse que estavam acontecendo no testemunho Cristão e as que iriam acontecer. Viria o tempo em que aqueles que professam o nome de Cristo iriam desviar seus “ouvidos da verdade” (2 Tm 4:4). Tais são os dias em que vivemos. Você pode ser tentado a levantar os braços e dizer: “Não tem jeito; não há esperança. Quando tento falar da verdade a alguém, ele não quer saber.” Provavelmente todos aqui tivemos essa experiência. Assim, você pode ver como deve haver uma tendência a ficar desanimado nestes dias.

Quando vemos tais condições desanimadoras, temos a tentação de buscar o isolamento ao invés de tentar andar com o povo de Deus. Você já teve um pensamento como esse? Com todas as situações difíceis e frustrantes ao nosso redor, podemos querer fazer isso, mas o isolamento não é a resposta. Paulo nunca apresenta essa opção a Timóteo. Não, mas ter um espírito correto é a resposta. Se estamos deixando as coisas nos levar até o ponto onde queremos desistir, algo ficou fora de foco.

Um desânimo deste tipo vem geralmente de se ocupar com a falha. Estejamos atentos quanto a isto; aqueles que estão habitualmente ocupados com a falha se tornarão falhos! Devemos estar ocupados com o Senhor Jesus Cristo e o que diz respeito aos Seus interesses na Terra. Este é o nosso foco adequado; não a ruína e as falhas entre o povo de Deus. Há alguns que têm mais dificuldade com isso do que outros. Parece que eles sempre querem falar sobre os problemas que existem. Digo-lhes que não é uma ocupação saudável.

Havia um irmão que tinha um problema crônico com isso, e o Sr. Hayhoe disse a ele: “Se você tem que ser melancólico, seja um melancólico agradável”. É verdade que Deus quer que sintamos o estado das coisas, mas não tanto ao ponto de querer desistir. Precisamos orar pelo estado atual das coisas e assumir nossa parte no fracasso, como Daniel fez em relação à condição arruinada de Israel (Dn 9). Oremos por ouvidos para ouvir e olhos para ver, porque Deus ainda está trabalhando nestes dias. Haverá sempre alguns que receberão a verdade, mesmo que as massas não o façam.

Uma das razões pelas quais temos de ter cuidado em não desanimar é que o desânimo é contagioso. Podemos desencorajar os outros! Pedro é um exemplo disso. Ele estava desanimado, após ter falhado, e isso afetou os outros discípulos. Ele lhes disse: “Eu vou pescar” (Jo 21:3). É como se ele tivesse dito: “vou voltar ao meu antigo trabalho, porque eu falhei e não acho que o Senhor vai me usar mais em seu serviço.” E os outros discípulos responderam: “Também nós vamos contigo.” Isso é realmente triste – Pedro deixou seu desânimo afetar seus irmãos, e os sete se afastaram da obra a que o Senhor os chamou. Digo-vos, o desânimo é contagioso. Precisamos ter o cuidado de, quando chegamos às reuniões, incentivar nossos irmãos e não os desencorajar.

2) Orgulho 

A outra atitude que precisamos estar em guarda contra ela é o orgulho. Isso pode rastejar para dentro de nós sem que percebamos. Se houve algum tipo de fidelidade da nossa parte, pode haver uma tendência de menosprezarmos, com pensamentos depreciativos sobre os nossos irmãos que não mostrem o mesmo interesse que temos. Precisamos ter cuidado com isso. Existe o perigo de ficar inchado de orgulho e pensar que somos melhores do que os nossos irmãos. Estamos indo na direção da queda quando esse é o caso, porque “A soberba precede a ruína, e a altivez do espírito precede a queda” (Pv 16:18).

Não queremos nos ocupar do fracasso ao nosso redor, nem queremos ficar ocupados com nossa própria fidelidade, se há alguma em nossa vida. Você pode entender por que Paulo disse isso a Timóteo. Muitos estavam abandonando o apóstolo. Ele disse: “os que estão na Ásia todos se apartaram de mim” (2 Tm 1:15). Ele também disse: “Só Lucas está comigo” (2 Tm 4:11). Não restaram muitos com disposição para servir o Senhor da maneira que o apóstolo queria e você pode ver que existia o perigo de Timóteo ter a ideia de que ele era melhor do que seus irmãos.

Você sabe, uma atitude de superioridade é uma coisa perigosa entre o povo do Senhor. Os santos reunidos precisam estar especialmente atentos contra isso porque foram extremamente privilegiados, tendo sido expostos a muita verdade que se perdeu por séculos. Podemos ter uma atitude sobre isso que certamente desagrada ao Senhor. Podemos ter a ideia de que somos melhores do que nossos irmãos que foram espalhados nas várias denominações, e achar que somos “os poucos fiéis” que restaram. É possível estar correto na doutrina, correto em princípio e até mesmo correto na conduta externa, mas estar errado em espírito. Podemos ter uma atitude que vai desviar outros Cristãos ao invés de atraí-los para a verdade.

O servo do Senhor precisa entender que qualquer fidelidade que tenha havido em sua vida é inteiramente por causa da obra da graça de Deus. Precisamos servir com um profundo sentimento de que não somos em nada melhores do que qualquer um de nossos irmãos nas denominações. Não temos nada a nos vangloriar, senão na graça pura e soberana de Deus.

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