Origem: Livro: O Que é o Batismo e Quem Deve Ser Batizado
Exame de Vários Textos
Vou agora me referir brevemente a uma ou duas passagens que são frequentemente citadas em conexão com o batismo. Marcos 16:16 é uma das passagens favoritas dos que se opõem ao batismo de casas, mas isso prova o contrário, pois, de acordo com ela, uma pessoa não é salva até que seja batizada, mas dizem que você deve ser salvo primeiro e depois batizado. O fato é que o Senhor está olhando para a salvação em seu sentido pleno, conectada ao tempo em que estamos aqui na Terra e também à eternidade, e para isso são necessárias duas coisas. O vital e de longe o mais importante é colocado em primeiro lugar, a saber: fé, e o outro o batismo. Não é uma questão sobre o que vem primeiro no tempo, mas ambos devem ser verdadeiros na pessoa antes que ela seja salva no sentido mencionado. Não precisamos insistir em dizer que uma pessoa está apta para a glória – para o céu – no momento em que crê e, como ladrão na cruz, pode ir direto ao Paraíso por causa da virtude da obra de Cristo, mas quando alguém permanece na Terra, isso é outra coisa, pois existe um lugar onde Cristo é professamente reconhecido e a fé em Cristo é confessada, e se não estiver ali anteriormente, tal pessoa deverá ser trazida para este lugar. Se já estiver ali, é evidente que ele não pode ser trazido para lá novamente, embora não seja salvo até que ele creia. Se não estiver ali quando crer, não será considerado salvo (quanto ao seu lugar na Terra) até ser batizado, e ser assim trazido para este terreno. Se a pessoa for a cabeça de uma família, é seu privilégio trazer seus filhos para lá também e criá-los na fé de Cristo, contando com Deus para lhes dar vida e fé; quando essa última ocorrer, eles também são salvos, pois as duas coisas são verdadeiras – eles são crentes e são batizados, isto é o que Marcos 16:16 ensina; mas não é um ato de fé dizer: “Vou esperar primeiro e garantir que meus filhos tenham fé e vida eterna, e depois os batizarei”, porém é claro que se não tiverem sido batizados antes, deverão ser batizados então. O versículo, no entanto, está de acordo com o batismo de casas, pois certamente uma parte da Escritura deve estar de acordo com a outra.
Atos 8 é outra passagem que apenas observo para dizer que o versículo 37 é espúrio e, portanto, enganoso para aqueles que não sabem disso.
Atos 19 apresenta um caso interessante e instrutivo. Aprendemos que o batismo de João era algo do passado e de forma alguma relacionado ao batismo Cristão, portanto, esses discípulos não estavam em terreno Cristão e por isso são batizados “ao nome do Senhor Jesus” (O batismo de João era de arrependimento no terreno de um Messias que viria à Terra), então Paulo impõe as mãos sobre eles, e eles recebem o Espírito Santo. Observe a pergunta que o apóstolo faz no versículo 3: “a que então fostes batizados?” (JND). Ele imediatamente presumiu que haviam sido batizados porque eram discípulos, pois não seriam discípulos a menos que fossem batizados, mas “a que”, ele pergunta a eles, pois, se a Cristo, eles estariam em terreno Cristão, onde o Espírito Santo habitava. Eles são recebidos pelo batismo (sendo batizados a Cristo) e depois recebem o Espírito Santo.
Há outro ponto em relação a esse assunto ao qual devemos nos referir. Às vezes, a pergunta é: “A aspersão também é batismo?” Evidentemente não é a maneira bíblica de se batizar, mas a questão realmente é: Deus o aceita como tal? Vimos que Ele aceita, em Apocalipse 3, onde Sardes é apresentada, e sabemos que na maior parte do protestantismo este é o costume, e tem sido há centenas de anos. Então tudo isso foi em vão? Não foi nada diante de Deus e Cristo? Não foi feito de boa fé para ser considerado como batismo?
Mas novamente, Israel não foi batizado a Moisés, na nuvem e no mar com seus jovens e velhos? No entanto, quantos deles passaram pelas águas? A Escritura, como vimos, não dá ordem a respeito disso, sobre quem deve ser batizado (exceto em Mateus 28, onde temos “de todas as nações”), ou como deve ser feito, apenas sabemos pela Escritura que a água era o agente usado, e que o costume era entrar nela, e devemos manter a prática bíblica para nós mesmos, mas para com outros “onde não há lei também não há transgressão”. Eles batizam a pessoa a Cristo com água, confessando-O assim. O ato é de boa-fé diante d’Ele, e quem somos nós para deixar de lado ou pronunciar sobre seus méritos? No entanto, apenas a prova que apresentamos de Apocalipse 3 é totalmente suficiente para satisfazer qualquer mente honesta, pois vemos ali que Cristo Se dirigiu a eles como estando sob terreno Cristão – em terreno de assembleia – embora não tivessem vida alguma e foram, em sua maioria, batizada por aspersão quando bebês.
Este exemplo (Atos 19) deve ser suficiente para convencer qualquer Cristão ponderado de que uma pessoa não deve ser recebida à mesa do Senhor até ser batizada. A ceia do Senhor, sendo a expressão da comunhão dos Cristãos, e sendo a mesa do Senhor, apenas aqueles que estão em terreno Cristão e colocados sob Sua autoridade exteriormente, devem estar ali, embora muito mais do que isso também seja necessário.
1 Coríntios 1:13-17 deve ser notado. Aqui, novamente, a questão levantada por Paulo é: a qual nome (ou ao nome de Quem) eles haviam sido batizados. Não ao nome de Paulo, mesmo no caso daqueles que foram batizados por ele, mas para que não dissessem que haviam sido batizados em nome de Paulo, ele é grato por ter batizado apenas poucos dentre eles, acrescentando que sua comissão não era para batizar, mas para pregar o evangelho, que era infinitamente mais importante. Se algum irmão obscuro batizasse os coríntios, não haveria o mesmo perigo de suas mentes carnais usarem seu nome para fins de criar partidos e vanglória, como o do apóstolo Paulo? Mas há outra coisa que encontramos aqui, que além dos dois mencionados pelo nome, ele havia batizado a casa de Estefanas, e isso parece ser referido de uma maneira que os distingue dos outros dois mencionados. Encontramos a “casa de Estefanas” mencionada novamente no capítulo 16, onde uma palavra grega diferente é usada da que foi usada no primeiro capítulo, que é a mesma que em Atos 16 e, geralmente, se não sempre, na Escritura significa família ou descendentes quando aplicado a pessoas. Se todos ou alguns deles foram convertidos ou criam quando foram batizados, não nos é dito e o que é dito no capítulo 16 não exclui de modo algum o pensamento de crianças estarem ali e serem batizadas.
Agora vou me referir a algumas Escrituras que, embora não aludam ao batismo, ilustram os princípios relacionados ao batismo da casa de um crente e a importância disso.
Há quem trate o batismo como se não fosse importante quando uma pessoa é batizada, ou se é ou não batizada. É bom para eles que não estejam sob a lei, mas sob a graça, embora isso não seja desculpa para falta de cuidado.
Quantas vezes alguém ouve de pessoas estarem à mesa do Senhor em algum momento e depois serem batizadoa quando acharem que é adequado; outros ficaram esperando até que uma cerimônia pública pudesse ocorrer, com base em ser uma confissão pública de estar morto e ressuscitado com Cristo. É verdade que estamos sob a graça e somos chamados à liberdade, mas é a liberdade para fazer a vontade de Deus, de entender Sua mente e de agir com base nelas para nós mesmos e para nossas famílias, caminhando e agindo de acordo com o princípio de fé e não de lei, e isso no batismo, assim como em tudo mais.
A primeira Escritura que irei exemplificar é Êxodo 4:25, onde temos, no caso de Moisés, a caminho do Egito, um exemplo impressionante da importância de reconhecer o que Deus deu, e a diferença entre Seus propósitos e conselhos em graça, e Seus caminhos em governo. Moisés esteve pouco tempo antes na presença de Jeová que havia lhe comunicado Seu propósito a respeito de Israel, mas agora Ele procura matá-lo, porque havia deixado de circuncidar seu filho, influenciado, evidentemente, por sua esposa, mas ele era responsável como cabeça da casa, e Deus não permitiria esse desprezo do que Ele havia dado. Moisés deve aplicar esse ato significativo à sua própria casa, dado como foi a Abraão em conexão com a mesma coisa pela qual Moisés foi enviado ao Egito – a bênção da semente de Abraão em Canaã. Era o sinal da aliança entre Ele e Abraão, e o filho incircunciso deveria ser “extirpado” (veja Gn 17:14). Era, portanto, algo sério para a criança e para os pais negligenciar isto e, no entanto, os Cristãos perguntam: “Que diferença faz para uma criança inconsciente, ser batizada ou não?” e outros, novamente, afirmam que o filho de um crente é trazido por nascimento a todos os privilégios do Cristianismo, citando 1 Coríntios 7:14: “agora são santos”. Então o filho hebreu também era santo (que é relativamente santo, ou santo quanto ao seu lugar e relacionamento) por nascimento, mas digamos então que os pais deixassem de circuncidá-lo, quais seriam suas vantagens e privilégios? Deve ser “extirpado” (cortado – morto).
Mas, novamente, temos exemplos na Escritura, e conectados da mesma maneira com o governo de Deus, de como a fé de uma pessoa é reconhecida para a bênção de outra, e esses exemplos nos dão princípios que se aplicam ao batismo da casa de um crente.
Na primeira parte de Mateus 9 temos o homem com paralisia recebendo perdão governamental e, como consequência, restauração perfeita de sua saúde, por meio do ato de fé dos outros. Diz: “E Jesus, vendo a fé deles”. Claramente foi o ato deles que manifestou a fé deles, e o paralítico foi abençoado. Outro caso está em Atos 3, onde o coxo é curado por Pedro. No versículo 16, Pedro explica como isso foi realizado. Ele diz: “pela fé no Seu Nome (de Cristo) fez o Seu nome fortalecer a este que vedes e conheceis” etc., mas onde estava a “fé no Seu Nome”? Não no homem, mas em Pedro. Isso pode ter resultado em fé da parte do homem posteriormente, mas isso não é dito diretamente, e certamente sua fé não é o fundamento de ele ter sido curado. Era o nome de Cristo e fé em Seu nome por parte de Pedro, e a bênção recebida que estavam relacionadas aos caminhos governamentais de Deus. Perdão administrativo, como em Mateus 9, segue o mesmo princípio (veja Tg 5:15 e Jo 20:23).
Enquanto seguramos com mão firme a bendita verdade da graça soberana de Deus e do amor que elege, manifestada em Seus atos em relação a nós, que não tínhamos direito a Ele, devemos, por outro lado, manter firme os princípios de Seu governo neste mundo, manifestados em Seus caminhos no passado, e registrados na Escritura para nossa advertência, e enquanto nos deleitamos em Sua graça e amamos a fonte de tudo, nossa bem-aventurança, devemos reconhecer Seu governo, enquanto aguardamos a glória, o fim abençoado de todos os Seus caminhos em graça e em governo, no que diz respeito aos Seus.
