Origem: Livro: Aos Pais de Meus Netos
Faraó
Dificilmente podemos ignorar a referência aos pequeninos que Faraó queria que ficassem no Egito (Êx 10:10). Foi um verdadeiro coração de pai que respondeu: “Havemos de ir com nossos meninos e com os nossos velhos; com os nossos filhos, e com as nossas filhas, e com as nossas ovelhas, e com os nossos bois havemos de ir”. Quantos pais estão contentes em estar eles mesmos fora do Egito, mas satisfeitos em deixar seus filhos permanecerem ali. Que Deus dê a nós, pais, a graça de fazer um corte bem delimitado entre o mundo e nossos filhos, assim como entre o mundo e nós mesmos e tudo o que possuímos.
O terrível julgamento que custou a Faraó a vida de seu filho mais velho foi inteiramente o resultado de sua incredulidade. Se os olhos de algum pai incrédulo percorrer esta página, que vocês possam fazer uma pausa e considerar, antes que seja eternamente muito tarde, o preço que seus filhos podem ter que pagar por sua incredulidade.
Antes de continuarmos a considerar a família de Arão, vamos parar por um momento e dar uma olhada na vida familiar no Egito, nos anos anteriores à época em que Israel deixou aquele lugar. Vemos Moisés em seu zelo natural defendendo sua própria nação contra seus opressores, pois “ele cuidava que seus irmãos entenderiam que Deus lhes havia de dar a liberdade pela sua mão; mas eles não entenderam” (At 7:25). Evidentemente, a expectativa de libertação encheu o coração de Moisés quarenta anos antes de chegar a hora de Israel deixar o Egito. De fato, pode ser que o Espírito de Deus estivesse despertando o coração de muitos em Israel nessa época, e os levando ao Deus de seus pais. Se lermos os nomes daqueles que eram “os chamados da congregação” (1:6) em Números e lembrarmos que “El” significa “DEUS”, não podemos deixar de ficar impressionados com o número de nomes dos quais “El” fazia parte. Por exemplo, em Números 1:5, Elizur significa “Deus é minha rocha”; versículo 6, Selumiel significa “Amigo de Deus”; versículo 8, Natanael significa “Dado de Deus”; versículo 9, Eliabe significa “Meu Deus é Pai”. E assim podemos continuar.
Esses homens nasceram muitos anos antes da libertação do Egito e, embora seus pais fossem pessoas piedosas, cuja esperança estava verdadeiramente em Deus, eles tiveram uma longa espera e, sem dúvida, muitos deles morreram, antes que a esperada libertação aparecesse. E há uma lição profundamente importante para nós nessa espera. Somos por natureza tão impacientes. É tão difícil para nós esperar. Nossa expectativa está em Deus e, se for da Sua vontade, Ele a cumprirá; mas muitas vezes Ele nos permite esperar muito, antes de transformar nossa expectativa em realidade. Que encorajamento para continuar a orar e continuar a esperar. Jacó podia dizer: “Não te deixarei ir, se me não abençoares” (Gn 32:26); e em Oseias 12:4 o Espírito de Deus nos dá Seu comentário sobre este ato: “Como príncipe, lutou com o anjo e prevaleceu; chorou e lhe suplicou”. Nós facilmente nos cansamos da espera e “deixamos ir”. A urgência do desejo passa de nós, como aconteceu com Moisés; e quando finalmente chega a ordem de ir e fazer exatamente o que ele havia tentado fazer quarenta anos antes, ele quase se recusa a ir. Mas aqueles quarenta anos não foram anos perdidos, e agora ele vai na força do Senhor, ao passo que antes ia na sua própria força. E descobriremos que os cansativos anos de espera não foram anos perdidos, mas sim que Deus nos ensinou lições neste tempo de espera, que não poderiam ter sido aprendidas de outra maneira.
