Origem: Livro: Os Patriarcas

Fé no poder e na inteligência

Encerramos agora a terceira seção do Livro do Gênesis; e, com ele, as cenas e circunstâncias da vida de Abraão.

No meio destes fragmentos, assim recolhidos e guardados para nós pelo Espírito Santo, vimos a fé obtendo as suas vitórias, conhecendo os seus direitos e pleiteando os seus títulos, praticando a sua generosidade, desfrutando da sua comunhão, abrindo mão e obtendo a sua consolações e promessas. Mas também vimos sua inteligência e aprendemos que ela anda na luz, ou de acordo com o julgamento, da mente de Cristo.

Há algo muito bonito numa visão como esta. Normalmente não testemunhamos esta bela combinação – a inteligência da fé e o poder moral da fé. Em alguns santos, existe o poder sincero e urgente da fé, que prossegue de maneira correta, verdadeira e honesta, mas com muitos erros quanto à sabedoria dispensacional de Deus. Em outros, há uma mente bem ensinada, dotada de muita habilidade sacerdotal e espiritual, para seguir a sabedoria de Deus em épocas e dispensações, mas com falta de poder em todo o serviço que uma fé mais simples e sincera estaria constantemente buscando. Mas em Abraão vemos estas coisas combinadas.

Em nossa caminhada com Deus, a luz do conhecimento de Sua mente deve ser vista, assim como nosso coração deve estar sempre aberto à Sua presença e gozo, e nossa consciência viva às Suas reivindicações e à Sua vontade. A vida de fé é algo muito incompleto, se não conhecermos, como Abraão conhecia, os tempos apontados por Deus, quando lutar, por assim dizer, e quando ficar quieto; quando ficar em silêncio diante dos erros de um Abimeleque e quando se ressentir deles; quando erguer o altar de um peregrino estrangeiro e quando invocar o nome do Deus eterno. Em outras palavras, devemos saber o que o Senhor está fazendo, de acordo com Seu próprio propósito eterno, e o que Ele está conduzindo adiante para sua consumação, em Sua sabedoria variada e frutífera.

Tal é a natureza de toda obediência; pois a conduta do santo deve estar sempre de acordo com a sabedoria dispensada por Deus no tempo ou na era determinada.

Mas, deixe-me acrescentar, o ponto mais alto da dignidade moral de Abraão era este: ele era um estrangeiro na Terra.

Isto, posso dizer, supera tudo. Foi isso que fez com que Deus não se envergonhasse de ser chamado de seu Deus. Deus pode reconhecer moralmente a alma que deliberadamente recusa a cidadania neste mundo revoltado e corrompido.

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