Origem: Livro: A EPÍSTOLA DE PAULO AOS EFÉSIOS
Herdeiros com Cristo
2) Filiação em relação com o Pai não é tudo. O apóstolo passa a se regozijar no relacionamento que temos como co-herdeiros da herança com “Cristo”, na administração do mundo vindouro (vs. 8-12).
Vs. 8-10 – A intenção de Deus é que esta companhia favorecida de filhos (a Igreja) seja inteligente quanto ao Seu propósito eterno. Ele quer que saibamos o que Ele está fazendo neste mundo agora e o que fará no mundo vindouro – o Milênio. Portanto, “Ele tem feito abundar para conosco em toda a sabedoria e inteligência” (JND) e nos tem revelado “o mistério da Sua vontade”. Ele tem nos dado um discernimento especial quanto a Seu plano de manifestar publicamente a glória de Seu Filho no dia Milenar. Assim os Cristãos se tornaram depositários do conselho de Deus referente ao Seu propósito para aquele dia vindouro. Comunicar isto a nós também, é algo que é dito ser “segundo o (Seu) bom prazer”. Nossas bênçãos são mencionadas neste capítulo, mas a ênfase está do lado das coisas de Deus – isso é aquilo que Ele tem feito para o Seu próprio prazer e para a satisfação do Seu próprio coração. Assim, há duas coisas em particular neste capítulo que são de acordo com o Seu bom prazer:
- É Seu “bom prazer” ter filhos em companhia diante d’Ele o mesmo lugar do Seu amado Filho, e abençoados com bênçãos especiais que outros em Sua família não têm (v. 5). Compare Gênesis 25:5-6.
- É Seu “bom prazer” dar a Seus filhos uma percepção especial do Seu grande propósito em manifestar publicamente a glória de Seu Filho no mundo vindouro (vs. 8-10). Isso é algo que agora foi revelado no Mistério.
“O Mistério” é um segredo a respeito de Cristo e da Igreja, que Deus manteve oculto em Seu coração até que a redenção fosse realizada e o Espírito Santo fosse enviado para habitar nos crentes. Por isso, é algo que os santos do Velho Testamento não conheciam, porque, “o mistério” até agora (o Dia da Graça), “esteve oculto desde todos os séculos”. (Ef 3:5; Cl 1:26; Rm 16:25).
Paulo continua no versículo 10 para explicar o que exatamente está envolvido no Mistério. Ele diz que na “dispensação [administração] da plenitude dos tempos” (o Milênio), Deus propôs “encabeçar” todas as coisas no céu e na Terra sob “o Cristo”. “O Cristo” é uma expressão nos escritos de Paulo que se refere à união mística de Cristo, a Cabeça, e os membros do Seu corpo, pela habitação do Espírito Santo (1 Co 12:12-13 – JND). Ele fala do Mistério de duas maneiras na epístola. Quando é chamado de “o mistério da Sua vontade” (Ef 1:9), refere-se ao propósito de Deus de colocar todas as coisas sob a liderança de Cristo no dia milenar vindouro. Quando é chamado de “o mistério de o Cristo” (Ef 3:4 – JND, 5:32) está se referindo à união da Igreja com Cristo. O Velho Testamento fala de um Messias judeu que reinará sobre Israel, em um dia vindouro, com as nações gentias regozijando-se com eles (Sl 8, etc.). A revelação “do mistério” no Novo Testamento inclui, mas vai muito além disso, e desvenda o plano de Deus de ter o universo inteiro (o céu e a Terra) sob o reinado de Cristo. Ele também revela que Cristo teria um complemento (Sua noiva) ao Seu lado para engrandecer a manifestação da Sua glória (Jo 17:22-23; 2 Ts 1:10; Ap 21:9-22:5). Isto, como mencionado acima, é visto na expressão “o Cristo”. Além disso, o versículo 10 indica que não é intenção de Deus de ter os céus completamente apartados da Terra, como eles estão agora. Sua vontade é “encabeçar” a administração de todas as coisas, no céu e na Terra, sob o Cristo, para que houvesse um harmonioso sistema de glória celestial e terrestre sob Ele e Sua noiva.
V. 11 – A “herança” sobre a qual reinaremos com Cristo, é toda a criação – todas as coisas criadas. Ela não é enumerada entre nossas bênçãos espirituais, por serem coisas materiais. Nossa bênção, em conexão com a herança, é o fato de sermos herdeiros (Rm 8:17) – o direito e privilégio de reinar sobre todas as coisas criadas com Cristo em Seu reino glorioso.
Muitos Cristãos pensam, erroneamente, que somos a herança que foi dada a Cristo como possessão. É verdade que somos o dom do Pai para o Filho (Jo 17:2, 6, 9, 11, 12, 24), mas não somos a herança. Este versículo afirma claramente que a herança é dada a nós. Se é algo que nos é dado, então somos os herdeiros da herança. Uma esposa – que é o que estamos destinados a ser em relação a Cristo (Ap 19:7; 21:9) – não é contada entre as posses de um homem como um de seus bens.
Dois Aspectos da Herança
Existem dois aspectos da herança no Novo Testamento. Primeiramente, em 1 Pedro 1:4, que se refere às nossas bênçãos espirituais, que estão “reservadas no céu” (ARA) para nós. O Sr. Darby falou sobre esse aspecto da herança, como estando acima de nossas cabeças (nos celestiais), porque 1 Pedro é uma epístola do deserto e os santos são vistos como peregrinos na Terra. Este aspecto da herança tem sido traduzido em outro lugar como nossa “porção” em Cristo (Cl 1:12 – JND; At 26:18 – JND margem). Em Efésios, porém, a herança é a criação material. O Sr. Darby falou desse segundo aspecto como aquilo que se estende para de baixo de nossos pés. Nesta epístola somos vistos assentados nos lugares celestiais em Cristo (Ef 2:6), e tudo no universo está sob nós – até mesmo os seres angélicos (Ef 1:20-21).
O Propósito e Conselho de Deus
Este grande plano de publicamente glorificar Cristo no mundo vindouro com e pelo Seu eterno complemento (a Igreja) é “conforme o propósito daqu’Ele que faz todas as coisas, segundo o conselho da Sua vontade”. Temos duas coisas aqui: “propósito” e “conselho”. Propósito é a intenção da vontade de Deus e conselho é a sabedoria que Ele emprega para realizá-lo. Propósito é o objetivo que Deus tem perante Si, e Pessoas divinas tomaram conselho quanto a como o propósito deveria ser assegurado, e os “caminhos” de Deus (Rm 11:33) estão trazendo tudo isto a efeito. Os professores bíblicos e os escritores de hinos frequentemente usam esses termos no plural, isto é, “os propósitos” e “os conselhos” de Deus, mas a Escritura nunca os menciona assim – eles são sempre mencionados no singular. Deus tem um “propósito”, que é glorificar Seu Filho e Seu “conselho” é sempre um em fazer isso acontecer.
V. 12 – A revelação do grande propósito de Deus será vista por todos no dia Milenar vindouro e redundará “para louvor da Sua glória” (v. 12). Quando os homens virem o que a graça de Deus tiver primorosamente formado em Cristo, eles louvarão a Deus pelo Seu grande e todo-sábio plano (Jo 17:23).
Hoje, os crentes dentre os judeus (“nós” – v. 12), que têm “pré-confiado” antes que um remanescente de Israel receba o Senhor como seu Messias, em um dia vindouro, e os crentes dentre os gentios (“vós” – v. 13), são preparados para compartilhar a bênção comum de fazer parte deste novo vaso celestial de testemunho – a Igreja.
Assim, nesses versos, Paulo tocou em três grandes coisas em relação a Cristo: temos “redenção” n’Ele (v. 7), nos foi dada a revelação do “mistério” n’Ele (vs. 8-10) e temos obtido “uma herança” n’Ele. (v. 11).
