Origem: Livro: Os Patriarcas

Um homem morto e ressuscitado

Julgo que tudo isso tem um grande caráter. Mas não ficarei mais aqui; pois há ainda mais nesta excelente vida de fé que nosso pai Abraão, pela graça, seguiu até o fim, mantendo ainda o início de sua confiança.

E aqui, deixe-me dizer, esta vida de fé é, em outras palavras, uma vida vivida no poder da ressurreição. É a vida de um homem morto e ressuscitado. É uma lição, se pudermos falar pelos outros, realmente difícil de ser aprendida de maneira eficaz, mas ainda assim é a lição, a lição prática de nossa vida, de que somos um povo morto e ressuscitado. No início, Abraão, em espírito, assumiu esse caráter. Ele deixou para trás tudo o que a natureza ou o mundo lhe proporcionaram. Deixou aquilo ao qual o seu nascimento lhe havia introduzido, por aquilo ao qual a fé lhe havia introduzido. E como ele começou, assim ele continuou e terminou, com falhas no caminho, de fato, e isso também repetidas vezes, mas ainda assim, até o fim, ele foi um homem de fé, um homem morto e ressuscitado.

Como tal, ele recebeu Isaque, há cerca de vinte anos, sem considerar seu próprio corpo agora mortificado, nem ainda a mortificação do ventre de Sara; e como tal ele agora oferece Isaque sobre o altar pela palavra do Senhor. A promessa era de Deus – isso era suficiente para ele. Pois a fé nunca é superada. Possui recursos divinos e infinitos. O crente falha repetidas vezes; mas a fé nunca é superada ou fica aquém da sua expectativa (Gn 22).

Este é o caminho da fé, quando Isaque foi exigido. (Existem mistérios, bem como ilustrações de fé nessas coisas; mas não posso segui-los aqui. A oferta de Isaque em Moriá, nenhum de nós duvida, é um mistério. Assim, eu certamente sei, é também a ação de Agar e Ismael em Gênesis 21. É a imagem do atual Judeu proscrito, mas preservado – um fugitivo sem-teto, destinado, no entanto, a futuros propósitos de misericórdia – veja Gálatas 4:25. Mas não sigo essas coisas particularmente aqui.) E a mesma fé vitoriosa que traçamos na cena seguinte, o sepultamento de Sara. Esta era a mesma fé, a fé de um homem morto e ressuscitado, a fé que já tinha recebido Isaque e oferecido Isaque, agora sepulta Sara. Abraão cria na ressurreição e em Deus como o Deus da ressurreição, o Deus que vivifica os mortos e chama as coisas que não são como se já fossem. A cova de Macpela nos diz isso. “Terra à terra, pó ao pó, cinzas às cinzas, em esperança segura e certa”, era a linguagem do coração de Abraão ali. A compra daquele lugar, com todo o cuidado de torná-lo seu, de tê-lo como sua possessão, embora além dele ele não se importasse com um único acre de toda a terra, nos fala de sua fé na ressurreição. Seu tratado com os filhos de Hete é como suas palavras a seus servos ao pé do monte Moriá: “Ficai-vos aqui com o jumento, e eu e o moço iremos até ali; e, havendo adorado, tornaremos a vós”. Cada uma dessas coisas revelava de antemão o que ele sabia sobre seu Isaque e sua Sara. Ele entregou cada um deles nas mãos d’Aquele que, como ele sabia, vivifica os mortos. O grão de trigo morrendo, como ele sabia, viveria novamente. O punhado de pó santo, como ele sabia, seria ajuntado novamente. A própria morte foi encarada como vitória da fé, como já havia sido contemplada o fogo, a lenha e a vítima amada no altar (Veja o relato em Gênesis 23);

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