Origem: Livro: O “Velho Homem”, O “Novo Homem”, O “Eu”
O Homem Tem Sua Individualidade XYZ
O homem, quer pecador ou santo, é um ser individual, tendo uma identidade própria. Cada homem e mulher vive, respira, come, bebe, ama, odeia, peca, agindo por si mesmo – ou por si mesma e por ninguém mais. Desse modo, cada homem ou mulher tem sua individualidade, a qual não pode ser transferida para (ou compartilhada por) outro; como está escrito: “Cada um de nós dará conta de si mesmo a Deus” (Rm.14.12). Por conseguinte, este é o estado do homem e cada um se apresenta diante de Deus dessa maneira. Quando a alma do homem é trazida à presença de Deus, esta individualidade, juntamente com a responsabilidade, ficam evidentes. Desde a queda de Adão, é sempre a mesma história. “Eu estava nu” (envergonhado), foi a primeira expressão do primeiro pecador; e sempre que uma alma for trazida para a luz de Deus, haverá a mesma expressão, ainda que com outras palavras, desta consciência de individualidade, de responsabilidade e de fracasso.
A individualidade do homem parece ser tão óbvia que seria desnecessário dispensar mais tempo para prová-la, porém é importante quando considerada em conexão com a posição e o estado do cristão perante Deus. Constantemente é reconhecida na Escritura, quer como pessoa ou pessoas. Assim, “Eu” e “me” (“mim”), “nós” e “nos”, são palavras repetidamente usadas para descrever tanto o pecador quanto o santo; tanto para o que o cristão era, é e será. Por exemplo: “Nós… éramos por natureza filhos da ira, como os outros também…” (Ef.2.3), “agora (nós) somos filhos de Deus…”, “… (nós) seremos semelhantes a ele; porque assim como é (nós) o veremos” (1 Jo.3.2). Aqui está o passado, presente e futuro dos crentes como indivíduos, antes pecadores, agora santos e filhos, a fim de serem feitos herdeiros da glória eterna.
É uma grande verdade e um conforto para o coração do crente, saber que sua identidade nunca será perdida e estar confiante que nossa transferência para a cena de glória – com capacidade física e espiritual para entrar e desfrutar dela, ainda que isto implique em indizíveis mudanças na condição e nas circunstâncias – não envolverá uma mudança de personalidade. O “Eu” – antes pertencente ao mundo, um pecador – o qual foi trazido para conhecer e experimentar a graça de Deus e o amor de Cristo, revelá-los na senda do santo e do servo pelo mundo – ainda viverá na glória, com a perfeita recordação e experiência do passado, para realçar a compreensão daquele presente glorioso e eterno. Assim, a esperança do santo não consiste em ser transformado em um anjo ou algum outro ser, mas em estar com Cristo, um homem na glória de Deus por toda eternidade.
Como a consciência disso deveria incitar a “remir o tempo” (Ef.5.16) e a “entesourar para si mesmo um bom fundamento para o futuro” (1 Tm.6.19), para que assim “seja amplamente concedida para nós uma entrada, no reino eterno de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo” (2 Pd.1.11). Realmente este é um solene pensamento, que o “Eu” vive para sempre; que minha individualidade, a qual começou com meu nascimento, prossegue para a eternidade de Deus.
