Origem: Livro: Os Patriarcas
Interesse em si mesmo
Podemos receber um benefício de uma pessoa e ter a certeza de que o receberemos calorosamente, e ainda assim nos sentirmos pouco à vontade em sua presença. Nada é mais comum do que isso. A gratidão é despertada profundamente no coração e, ainda assim, são sentidas reserva e desconforto. Exige algo além da nossa certeza de sua boa vontade e de nossas plenas boas-vindas ao seu serviço, para nos deixar à vontade na presença de um benfeitor. E esse algo, acredito, é a descoberta de que temos interesse nele mesmo, bem como na sua capacidade de nos servir.
Isto descreve, a meu ver, a experiência da pobre mulher com o fluxo de sangue (Marcos 5). Ela conhecia a capacidade do Senhor de aliviar sua dor e sabia que era bem-vinda para se beneficiar disso. Ela, portanto, vem e extrai d’Ele a virtude sem reservas. Mas ela vem por trás d’Ele. Isso expressa seu estado de espírito. Ela sabe que é bem-vinda ao Seu serviço, mas nada mais além disso. Mas o Senhor ensina seu coração para mais. Ele faz com que ela saiba que ela está interessada n’Ele mesmo, bem como em Seu poder para favorecê-la. Ele a chama de “filha” e reconhece parentesco ou relacionamento com ela. Esta foi a única comunicação capaz de remover seus medos e tremores. Seu rico e poderoso Benfeitor é seu parente. Isso é o que seu coração precisava saber. Sem isso, no espírito de sua mente, ela ainda estaria “por trás d’Ele” (ARA). Mas isso lhe dá tranquilidade. “Vai em paz” pôde então ser dito, bem como “sê curada deste mal”. Ela não precisava ter reservas. Cristo não a trata como Tutor ou Benfeitor (Lucas 22:25). Ela tem interesse n’Ele mesmo e também em Seu poder para abençoá-la. E o mesmo acontece com os Cantares de Salomão. É o amor que garante a intimidade pessoal (a exemplo dos relacionamentos mais próximos e queridos) que este adorável livro respira. A era da união ainda não chegou. Mas é a hora do noivado e nós somos o Seu deleite. Na verdade, era assim antes que os mundos existissem (Provérbios 8).
