Origem: Livro: Os Patriarcas
Jacó e Esaú
Isaque tinha quarenta anos quando recebeu Rebeca como esposa. Durante vinte anos eles não tiveram filhos – mas sob esta provação eles se comportaram ainda melhor do que Abraão e Sara. Abraão e Sara não tiveram filhos, e Sara deu a sua serva ao marido. Isaque e Rebeca não tiveram filhos; mas eles suplicaram ao Senhor e esperaram por Sua misericórdia. Esta foi uma diferença e, por um momento, os últimos são os primeiros e os primeiros são os últimos; e tal variedade moral encontramos entre o povo de Deus até hoje. Mas os dois grupos de filhos sugerem mistérios divinos diferentes, assim como a maneira de agir dos pais de cada um proporciona ensinamentos morais diferentes.
Havia os dois filhos de Abraão – Isaque e Ismael; mas eles nasceram por meio de duas esposas: agora existem os dois filhos de Isaque – Jacó e Esaú; mas eles são da mesma esposa.
A inimizade entre os filhos de Abraão começou quando Ismael, um rapaz de quatorze anos, zombou do desmamado Isaque. Mas a luta entre os filhos de Isaque ocorreu no ventre. Duas nações estavam lá, como o Senhor havia dito a Rebeca: “Dois povos se dividirão das tuas entranhas”. E assim aconteceu. O homem de Deus foi encontrado em Jacó, o homem do mundo em Esaú; o princípio da fé estava em um, o princípio da natureza no outro. De fato, dois tipos de pessoas foram separados de suas entranhas e lutaram em seu ventre. “A amizade do mundo é inimizade contra Deus”. E este foi Esaú. Consequentemente, Esaú fez da terra o cenário de suas energias, de seus prazeres e de suas expectativas. Ele era um “varão do campo” e “varão perito na caça”. Ele prosperou em sua geração. Ele amava o campo e sabia como usá-lo. Ele colocou seu coração na vida presente e sabia usar suas capacidades em benefício de seus prazeres. Seus filhos rapidamente se tornaram príncipes e tiveram suas cidades; como os filhos de Ismael se tornaram príncipes e tiveram seus castelos. A sua dignidade e a sua grandeza procediam deles mesmos; e o mundo os testemunhou na sua magnificência.
Mas Jacó era “varão simples”, um homem da tenda. Ele seguiu os passos de seus pais. Como Abraão e Isaque, ele era um estrangeiro aqui, peregrinando temporariamente na superfície da Terra, com seus olhos colocados na promessa. Seus filhos tiveram que vagar de uma nação para outra, sofrer as dificuldades e injustiças do opressivo Egito, ou atravessar, como peregrinos, o deserto árido e inexplorado, enquanto os filhos de Esaú eram príncipes, estabelecidos em seus domínios, sob o brilho de suas dignidades e riquezas.
Esaú era o “profano”. A sua esperança e o seu coração estavam ligados à vida neste mundo, e apenas a ele; pois ele diria: “Eis que estou a ponto de morrer, e para que me servirá logo a primogenitura?” Tal como os gadarenos e como Judas, Esaú venderia o seu título a Cristo. Mas Jacó tinha fé e estava pronto para comprar o que Esaú estava pronto para vender.
