Origem: Livro: Os Evangelistas
João 5 – 12
Tendo seguido nosso Senhor pelos capítulos 1-4 deste Evangelho, desejo agora, na graça de Deus, trilhar Seu caminho adiante; e que Ele, por meio do Espírito, possa fazer desta obra uma ocasião de santo e agradecido deleite!
Nos capítulos 5-12 vemos nosso Senhor em contato com os Judeus. Mas não é o propósito do Espírito neste Evangelho exibir Sua vida pública e ministério. Ele não é visto aqui, como nos outros Evangelhos, andando pelas cidades e aldeias de Israel pregando o reino, a ver se porventura eles se arrependeriam; mas o abandono de Deus por parte daquele mundo pelo qual Ele estava passando parece estar sempre em Sua mente; e somente às vezes Ele é visto agindo em poder ou em graça sobre todos ao Seu redor, como o Filho de Deus, o Estrangeiro do céu, o Salvador dos pecadores.
E assim é quanto aos Seus discípulos. Eles não são os companheiros do Seu ministério neste Evangelho, como são nos outros. Ele não nomeia os doze, e depois os setenta – mas o ministério é deixado em Sua própria mão. Os apóstolos são pouco vistos com Ele até João 13, quando Seu ministério público se encerra. E quando estão com Ele, é com alguma reserva (veja João 4:32, 6:5, 11:9).
Mas, por outro lado, em nenhum Evangelho Ele é visto tão perto do pecador. Ele está a sós com a samaritana, a sós com a adúltera, a sós com o mendigo rejeitado. E isso dá seu maior interesse a esta preciosa porção da Palavra de Deus. O gozo e a segurança de estar a sós com o Filho de Deus, como é aqui manifestado, está além de tudo para a alma. O pecador aprende assim seu título para com o Salvador, e descobre a verdade bendita, que eles são adequados Um ao outro. No momento em que aprendemos que somos pecadores, podemos olhar para o rosto do Filho de Deus, e reivindicá-Lo como nosso. E que momento nos próprios dias do céu é esse! Ele veio para buscar e salvar pecadores; e Ele andou como um Homem solitário na Terra, a não ser quando Ele encontrava um pobre pecador. Somente esse tal tinha direito, ou mesmo poder, para interromper a solitude deste Estrangeiro celestial. O mundo não O conhecia. Seus caminhos eram solitários entre nós, a não ser quando Ele e o pecador encontraram seu caminho Um para o outro. O leproso fora do arraial O encontrou, mas ninguém mais.
E deixe-me dizer, esse estar a sós com Jesus é a primeira posição do pecador. É o começo de seu gozo; e ninguém tem o direito de se intrometer nisso. Aquilo que tem se chamado a si mesmo de igreja tem tentado, em todas as eras da Cristandade, invadir a privacidade entre o Salvador e o pecador, e se tornar parte na solução da questão que há entre eles, mas nisso ela tem sido uma intrusa. O pecado nos lança unicamente sobre Deus.
E de fato, amados, na variedade de julgamentos hoje em dia, é necessário para nossa paz saber disso. Outros podem exigir que nos juntemos a eles em linhas particulares de serviço, ou em formas e ordens particulares de adoração; e podem nos considerar desobedientes se não o fizermos. Mas, por mais que possamos ouvi-los nessas coisas, não ousamos, com medo deles, renunciar a prerrogativa de Deus, e de somente Ele, tratar conosco como pecadores. Não devemos ceder a ninguém o direito de Deus de apenas Ele falar conosco sobre nossos pecados. Nem deve nossa ansiedade sobre mil questões que podem surgir, por mais justa que essa ansiedade possa ser, ser permitida a nos levar por um momento a esquecer que, como pecadores, já estivemos a sós com Jesus; e que Ele, de uma vez por todas, nas riquezas de Sua graça, nos perdoou e nos aceitou.
Nosso Evangelho nos apresenta essa solitude de Cristo e do pecador do modo mais reconfortante. Mas quanto a todos os outros, Jesus está aqui apenas à distância, e com reserva. E tanto quanto a lugares quanto a pessoas. O Filho de Deus não tinha nada a ver especialmente com nenhum lugar; o vasto deserto do mundo, onde os pecadores eram encontrados, era a única cena para Ele.
Mas continuarei agora a seguir os capítulos em ordem.
