Origem: Livro: A EPÍSTOLA DE PAULO AOS ROMANOS

DISPENSACIONAL Capítulos 9-11

A Justiça de Deus Desvendada em Seus Caminhos Dispensacionais – Cap. 9-11

Nos capítulos 3:21 a 8:39, tivemos a justiça de Deus declarada no evangelho. Agora nos capítulos 9-11 vemos a justiça de Deus desvendada em Seus caminhos dispensacionais.

A Reconciliação do Evangelho com as Promessas de Deus para Israel 

Esta parte da epístola trata da principal objeção que os judeus têm contra o evangelho que Paulo pregou. Em suas mentes, sua mensagem era que Deus tinha terminado com Israel e que as promessas que Ele fez a Abraão, Isaque e Jacó sobre as bênçãos da nação, eram agora nulas e inválidas. E isso tudo porque Deus, por um capricho, decidiu fazer um novo começo em direção aos gentios com o evangelho!

Como isso é contrário ao que é declarado nas Escrituras do Velho Testamento, que estão repletas de promessas incondicionais em relação à bênção de Israel, os judeus naturalmente rejeitaram o evangelho de Paulo. Os profetas de Israel retratam um dia vindouro quando essa nação será abençoada por Deus sob o reinado de seu Messias. Muitas bênçãos terrenas lhes serão concedidas, tais como: supremacia sobre as nações gentias, riqueza, vida longa, etc. A esperança de todo judeu temente a Deus é fazer parte dessa cena vindoura de glória terrena. Se fosse verdade que Deus tivesse rompido Seu tratamento com Israel e agora tudo estivesse acabado para eles, então Deus teria quebrado Suas promessas! Os judeus sabiam que isso era algo que Deus não poderia fazer, porque Ele estaria negando a Si mesmo (Hb 6:17-18). (E eles estão muito certos sobre isso!) Assim, eles concluíram que o evangelho que Paulo pregava era algo espúrio e herético, e o rejeitaram completamente.

Sabendo que o que ele pregava poderia ser uma pedra de tropeço para os judeus, se não fosse entendido corretamente, Paulo de imediato vai esclarecer isso corretamente. Nos próximos capítulos (9-11), ele mostra que os judeus tinham informações erradas sobre o que ensinava a respeito do evangelho e das promessas de Deus a Israel. Ele cuidadosamente explica que o evangelho da graça e da glória de Deus (que ele pregava) de maneira alguma anulava, colocava de lado, e nem mesmo tocava as promessas de Deus a Israel. De fato, Paulo ensinou que as promessas que Deus fez a Abraão, Isaque e Jacó ainda permanecem como Deus as deu, e elas serão alcançadas por Israel em um dia vindouro, em um sentido literal – o que é totalmente ortodoxo[15] do ponto de vista judaico.
[15] N. do T.: Ortodoxo provém da palavra grega orthos que significa “reto” e doxa que significa “fé”. É o que está conforme com a doutrina tida como verdadeira.

É importante entendermos isto, porque, infelizmente, há instrutores Cristãos (teólogos da Reforma) que erroneamente ensinam um sistema de doutrina (chamado Teologia da “Substituição” ou “Aliança”) que afirma que as esperanças de Israel são nulas e inválidas! E que as promessas que Deus fez aos patriarcas não serão cumpridas para Israel em um sentido literal! Em vez disso, nos dizem que essas promessas foram cumpridas na Igreja hoje, em algum sentido espiritual! Em vista desses sérios equívocos, o ensino de Paulo nesta parte da epístola tem um duplo propósito hoje. Primeiramente, mostra aos judeus que as promessas de Deus para Israel não foram anuladas nem invalidadas pelo evangelho e assim todas elas serão cumpridas literalmente, como Deus disse em Sua Palavra. E em segundo lugar, mostra que aqueles que absorveram a Teologia Reformada estão, infelizmente, equivocados com suas ideias sobre as promessas de Deus a Israel serem “espiritualizadas” na Igreja.

Assim, nestes próximos três capítulos, Paulo reconcilia o ensino do evangelho com as promessas de Deus a Israel. Ele cita o Velho Testamento não menos que 30 vezes nesta seção da epístola. Isso mostra que estava escrevendo predominantemente para aqueles que conheciam as Escrituras – ou seja, os judeus. Ele mostra a partir da Palavra de Deus que Ele não voltou atrás em Suas promessas a Israel.

Uma Suspensão nas Relações de Deus com Israel 

Embora Deus não vá voltar atrás em Suas promessas a Israel, as Escrituras indicam que Ele temporariamente suspenderia Seus tratamentos com eles e os mesmos seriam postos de lado nacionalmente por conta de sua incredulidade e rejeição de Cristo, o Messias. Isso não deveria ser uma surpresa para o estudioso das Escrituras do Velho Testamento, pois há vários lugares que indicam isso (Sl 69:22-28; Dn 9:26-27; Mq 5:1-3; Zc 11:4-14, etc.). Há tipos que também indicam isso – em José, Moisés, Davi, etc. (Gn 37; Êx 2; 1 Sm 17). Há também profecias que indicam que depois que os judeus passarem por um tempo de angústia ainda por vir (Dn 9:27, 12:1; Jr 30:7; Mq 5:3), Deus voltará a tratar com eles, quando então um remanescente da nação irá se arrepender e receberá o Senhor Jesus como seu Messias, e depois será abençoado em Seu reino milenar. Contudo, as Escrituras não dizem que esta bênção vindoura para a nação de Israel (que será o cumprimento das promessas feitas a Abraão, Isaque e Jacó) será a porção de todo israelita. Muitos deles se mostrarão infiéis e perderão esta bênção nacional (Sl 135:14; Ez 11:9-10, 20:38; Dn 12:2; Am 9:9-10; Zc 13:8-9, etc.).

Os ensinamentos de Paulo no Novo Testamento, portanto, não interferem de modo algum nas bênçãos terrenas que Deus prometeu a Israel. Sua pregação e ensino têm a ver com o que Deus está fazendo atualmente, enquanto Israel está temporariamente posto de lado. Ele mostra que Deus está atualmente visitando os gentios em favor e privilégio, e os está chamando pelo evangelho de Sua graça (At 15:14) para serem parte de algo completamente novo que Cristo está construindo – a Igreja de Deus, que é Seu corpo (místico) (Mt 16:18; Ef 1:22-23). Esta é uma companhia celestial de crentes, separados e distintos de Israel (restaurado) e das nações gentias que serão abençoadas com Cristo na Terra em Seu reino num dia vindouro. Assim, há um futuro maravilhoso e glorioso para Israel, como seus profetas predisseram.

A razão para este presente chamado do evangelho é que é propósito de Deus que quando Cristo vier a reinar publicamente em Seu reino, Ele tenha tanto uma companhia celestial quanto uma companhia terrenal de pessoas abençoadas para reinar com Ele (Ef 1:10). O chamado atual é simplesmente a reunião daqueles que irão formar a Igreja, que fará parte da companhia celestial. Ela consistirá da Igreja (Ef 2:6; Fl 3:20; Hb 3:1, 12:22-23a; Ap 21:9-22:5), dos santos do Velho Testamento “aperfeiçoados” sendo ressuscitados e glorificados (Dn 7:18, 22, 27 – “os santos dos mais altos lugares” (JND); Jo 3:29; Hb 12:23b), e das crianças que morreram abaixo da idade do entendimento, que também serão ressuscitadas (Mt 18:10-11). O departamento terreno do reino consistirá de Israel restaurado e das nações gentias convertidas.

Aqueles que hoje respondem ao chamado do evangelho são feitos parte da Igreja. Como mencionado, ela é uma entidade celestial com bênçãos e esperanças celestiais, tendo um destino celestial. Paulo não revela os detalhes deste novo começo em direção aos gentios (chamado o Mistério), aqui na epístola aos Romanos, porque ele está ocupado principalmente com as coisas que dizem respeito a Israel. Assim, este chamado celestial interposto é como um parêntese no trato de Deus para com Israel; este chamado não altera nem anula as promessas que Ele lhes fez. O propósito de Paulo em Romanos 9-11 é mostrar aos judeus que a nação de Israel não perdeu nada do que lhe tinha sido prometido. Se eles se arrependerem e receberem Cristo – o que um remanescente deles fará em um dia vindouro – tudo o que lhes foi prometido nacionalmente será deles no sentido mais pleno. Paulo também mostra nesses capítulos que alguns judeus hoje “pré-confiaram” (JND) em Cristo crendo no evangelho da salvação que Paulo pregava (Ef 1:12-13). Ele os chama de “remanescente segundo a eleição da graça” (Rm 11:5 – JND) e “o Israel de Deus” (Gl 6:16). Como resultado de terem recebido Cristo agora, se tornaram parte da Igreja (Ef 3:6).

Chegará o dia em que terminará o alcançar de Deus às nações gentias pelo evangelho de Sua graça, e “a plenitude dos gentios” haverá “entrado” (cap. 11:25). Isso significa que o número total de gentios que crerão no evangelho segundo a eleição da graça estará completo. O Arrebatamento, então, acontecerá (1 Ts 4:15-18), e todos os que creram no evangelho (Cristãos) serão levados para o céu, quando então Deus começará a tratar novamente com Israel, para trazer à bênção um remanescente da nação, com Cristo na Terra em Seu reino milenar. Essa sequência simples nos caminhos de Deus com “os judeus” e “os gentios” e “a Igreja de Deus” é chamada de “verdade Dispensacional” (1 Co 10:32).

Uma Visão Geral dos Capítulos 9-11 

  • Capítulo 9 – Paulo mostra que a eleição soberana de Israel ainda permanece, e que Deus, sendo Soberano, tem todo o direito de hoje chamar os gentios à bênção.
  • Capítulo 10 – Paulo apresenta a responsabilidade moral do homem em crer no evangelho – seja judeu ou gentio. Ele relata que os judeus falharam nessa responsabilidade e isso abriu a porta para que a bênção fosse para os gentios, e muitos deles chegaram à bênção por fé.
  • Capítulo 11 – Paulo explica que o tropeço de Israel é apenas temporário; a final rejeição da graça pelos gentios preparará o caminho para a restauração de Israel, ao tempo em que, as promessas a seus pais serão cumpridas.

Esta seção da epístola (caps. 9-11) começa com um tom de tristeza (cap. 9:1-2), mas termina com uma nota de triunfo e regozijo (cap. 11:33-36). Termina em uma nota feliz, porque, como Paulo explica, Deus está no controle total de tudo, e Ele trabalhará todas as coisas para a Sua própria glória e a glória do Senhor Jesus Cristo, e também para a bênção daqueles que crerem. Saber disso dá aos Cristãos a confiança de crer em Deus nos Seus caminhos dispensacionais, e louvá-Lo mesmo agora, por Seus caminhos, antes de vermos Seus planos para a bênção do mundo se concretizar no reino de Cristo.

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