Origem: Livro: A Presença e Poder do Espírito de Deus

A Lei do Espírito

Veja Romanos 8:1-2. “Portanto agora nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus… Porque a lei do Espírito de vida, em Cristo Jesus, me livrou da lei do pecado e da morte”. Esta é outra função da habitação do Espírito.

Observe que a última metade do versículo 1, como está na versão Almeida Revista e Corrigida, não está nos manuscritos originais. As melhores traduções corretamente a deixam de fora, porque o versículo está falando de nossa posição em Cristo – e não do nosso estado. Essas palavras aparecem, corretamente, mas ao final do versículo 4, onde diz: “para os que estão em Cristo Jesus, que não andam segundo a carne, mas segundo o Espírito”. Isso tem a ver com o nosso estado, que pode mudar, dependendo do nosso andar. Nossa posição, por outro lado (v. 1), nunca muda.

Este primeiro versículo diz que os crentes estão “em Cristo”. Esta é uma expressão usada por Paulo em suas epístolas para indicar a posição de aceitação do crente diante de Deus. Estar “em Cristo” é estar no lugar de Cristo diante de Deus. É a posição de todo Cristão. O mesmo lugar de aceitação que Cristo ocupa diante de Deus pertence ao crente. Se você é um Cristão, você está em Cristo diante de Deus. Isso não descreve o que somos, mas onde estamos. Como mencionado, estamos no lugar de Cristo diante de Deus. Essa posição de aceitação é verdadeira para todo Cristão, seja seu estado bom ou ruim. Todo Cristão tem uma posição igual diante de Deus como estando “em Cristo”.

O assunto aqui, neste capítulo, é a libertação do pecado – da atividade da natureza pecaminosa que habita em nós. Paulo inicia seu tratado sobre libertação falando da aceitação do crente (v. 1). Ele menciona isso para mostrar como o Espírito de Deus (Quem agirá por nós em libertação) é recebido. No momento em que o crente descansa em fé na obra consumada de Cristo, o Espírito de Deus vem nele habitar. Portanto, o versículo 1 é aceitação, e o versículo 2 é libertação.

Aqui temos outra função do Espírito de Deus no crente. É mencionada como “a lei do Espírito de vida”. O Espírito de Deus está habitando em nós não apenas para dar certeza da salvação, antecipação das coisas celestiais e discernimento no caminhar. Ele também está aqui para nos dar poder para caminharmos para glória de Deus. Como “a lei do Espírito de vida”, Ele é o Provedor desse poder. O poder do Espírito de Deus no crente exerce libertação das obras da natureza caída (“a carne”) que existe em todas as pessoas neste mundo. A natureza caída quer fazer apenas a sua própria vontade, que é pecar. Mas o Espírito de Deus está lá para suplantar tais obras, para que possamos viver uma vida santa para Deus. Libertação da natureza interior de pecado, ninguém pode conhecer enquanto viver neste mundo; mas a libertação de seu poder, todos podem conhecer, se agirem de acordo com os princípios dessas Escrituras que estão diante de nós.

Então, antes de tudo, o apóstolo fala de como essa grande libertação e poder podem ser ativos em nossa vida. Ele começa nos versículos 1 e 2, estabelecendo a posição e o estado Cristão normal. O Espírito é mencionado neste capítulo muitas vezes – dando-nos tudo o que precisamos para o caminho – seja nos controlando, nos confortando, nos conduzindo, nos guiando etc. Este capítulo é um maravilhoso tratado sobre o Espírito de Deus. No capítulo 7 de Romanos, o Espírito não é mencionado, e você vê uma alma lutando com a natureza pecaminosa. Mas quando você chega ao capítulo 8, vê o Espírito de Deus mencionado muitas vezes, tendo Seu lugar apropriado na vida do crente, e não há luta alguma. Isso ocorre porque “a inclinação do Espírito é vida e paz” (v. 6).

Agora, o aspecto que o Espírito de Deus é visto aqui é dar poder e libertação da “lei do pecado e da morte”. A “lei do pecado e da morte” é o agir interior da velha natureza (a carne) que quer fazer suas próprias coisas e viver para pecar; e só produz morte moral na vida do crente. Mas Deus traz à vida do crente esse grande e novo princípio chamado “a lei do Espírito de vida, em Cristo Jesus”, para ajudá-lo a viver acima (e não como escravo) das propensões (tendências) da natureza caída pecaminosa. No versículo 3, temos a morte de Cristo aplicada à própria natureza pecaminosa – ou seja, ao PECADO. Quando “pecado” (singular) é mencionado nos escritos de Paulo, está se referindo à natureza pecaminosa que todos temos – com suas tendências, desejos e concupiscências pelo pecado. Quando menciona “pecados” (plural), está se referindo ao fruto dessa velha natureza – as ações que produz. Como o crente deve viver acima dessas tendências da natureza pecaminosa, para que viva uma vida santa para a glória de Deus? Pelo poder que Deus proveu por meio da presença interior permanente do Espírito de Deus – e agradecemos a Ele por isso!

Para ilustrar isso, pense na lei científica da gravidade. Todo objeto está sendo atraído para baixo em direção ao centro da Terra por uma força invisível chamada gravidade – isso acontece em toda a Terra; é algo universal. É chamada de lei da gravidade, ou o princípio da gravidade. Pegue qualquer objeto sólido em sua mão – digamos um livro; segure-o com o braço esticado e solte-o, e o que acontece? Cai no chão. Se o fizéssemos dez vezes seguidas, cairia no chão toda vez. Isto é um princípio universal e não há nada que possamos fazer para mudá-lo. Em relação ao nosso tema da natureza pecaminosa (“a lei do pecado e da morte”), ela também é um princípio universal, estando presente em todo ser humano que vive neste planeta. Quando é solta, quer fazer uma coisa: cair em direção ao pecado.

Levando nossa ilustração um pouco mais além, suponhamos que quiséssemos mudar as coisas, para que quando soltássemos o livro, ele não caísse no chão pelo poder da gravidade. Suponhamos que prendêssemos o livro a alguns balões cheios de gás hélio (que é mais leve que o ar) e que tivéssemos balões suficientes para que a força de elevação deles fosse maior que o peso do livro. Agora, o que aconteceria quando largássemos o livro? Começaria a subir em vez de cair. E por que isto? Seria porque o princípio da gravidade foi eliminado ou tornado inativo por causa dos balões? Não! A gravidade ainda está lá, mas adotamos um princípio inverso para atuar no livro – uma força mais poderosa. A gravidade ainda está ativa, mas a força ascendente dos balões é maior que a força descendente da gravidade e, consequentemente, nosso livro não cai mais, porém sobe pelo efeito do gás hélio.

Isso ilustra o que Deus fez com o crente. A natureza caída não é removida quando uma pessoa é salva. Deus achou oportuno nos deixar aqui neste mundo com a natureza caída ainda em nós, e o estado de nosso coração está constantemente sendo testado por ela. Em vez de remover a natureza caída, Deus fez uma provisão completa para que vivamos livres do poder dessa coisa má. “O Espírito de vida em Cristo Jesus”, como o hélio, é trazido à nossa vida para anular a força de atração da natureza pecaminosa. Isso é libertação!

O versículo 3 é trazido para mostrar que Deus encerrou Seu tratamento com a velha natureza caída. Ele não está procurando nada de bom nela porque provou que ela não é capaz de produzir o bem. Ele a “condenou” na morte de Cristo. E isso nos ensina que também não devemos procurar nada de bom na natureza caída. Não devemos nos surpreender ou nos decepcionar quando essa natureza se mostra e age. Precisamos entender que Deus tratou judicialmente com ela na cruz, e Ele não está mais procurando por algo bom da carne. E também precisamos julgá-la, se permitirmos que ela aja em nossa vida (1 Jo 1:9). Agora não há razão para a carne agir na vida do crente por causa dessa provisão por meio da presença interior do Espírito de Deus. Ele realmente é o poder para viver uma vida santa.

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