Origem: Livro: A Lei do Leproso
Capítulo 13 – A Presente Aplicação
Levítico 14:10-11
O Salmo 119:96 diz: “o Teu mandamento é amplíssimo [ilimitado – ARA]”. E acreditamos que essa história maravilhosa tem outra interpretação, e nela, outra lição para nós. Acreditamos que muitas passagens da Escritura têm um duplo significado: uma, talvez, para o tempo presente, e outra para o dia vindouro. Temos olhado para esse significado que nos fala de nossa “volta para casa”, quando alcançarmos a glória acima. Mas sabemos por passagens como Efésios 2:6 que Deus nos vê, mesmo agora, como ressuscitados dentre os mortos e assentados nos lugares celestiais. “Mas Deus, que é riquíssimo em misericórdia, pelo Seu muito amor com que nos amou, estando nós ainda mortos em nossas ofensas nos vivificou juntamente com Cristo (pela graça sois salvos) e nos ressuscitou juntamente com Ele, e nos fez assentar nos lugares celestiais em Cristo Jesus: para mostrar nos séculos vindouros as abundantes riquezas da Sua graça, pela Sua benignidade para conosco em Cristo Jesus” (Ef 2:4-7). Observe que isso não é o que Ele fará no futuro, mas o que Ele já fez.
Assim, podemos ver que, em certo sentido, não temos necessidade de esperar até chegarmos ao nosso lar na glória para desfrutar das bênçãos do “oitavo dia”. Agora mesmo, Deus fez todas as coisas novas para nós, agora mesmo somos aceitos no Amado. Agora mesmo somos apresentados santos, inculpáveis e irrepreensíveis aos Seus olhos. É certo que agora Ele é capaz de nos impedir de tropeçar, e agora mesmo Ele Se deleita em nos apresentar irrepreensíveis diante da Sua glória com alegria (Jd 24). Cremos que a plenitude dessa figura só será cumprida quando realmente chegarmos à nossa casa lá em cima, mas quão abençoado é saber que, em certo sentido, mesmo agora podemos provar e desfrutar de todas essas bênçãos.
Agora mesmo desfrutamos das bênçãos da aceitação dessa oferta pela expiação da culpa, e agora mesmo carregamos o sangue dessa oferta em nossa orelha direita, polegar da mão direita e do pé direito. Oh, querido companheiro crente, que o Senhor nos dê graça nesta cena contaminada para andarmos dignos daquele selo, daquela marca, que usamos mesmo agora, aqui embaixo. Que tenhamos cuidado para que nada passe por aquela orelha marcada pelo sangue que seria desonroso para Aquele que derramou Seu sangue por nós. Que tudo o que ouvimos, dizemos e pensamos esteja de acordo com Sua morte – pois certamente o sangue na orelha é representativo de toda a cabeça.
Mas isso não tem só um lado negativo, por assim dizer, mas também tem o lado positivo. Que minha cabeça, com o meu intelecto, os meus ouvidos, a minha boca, os meus olhos, o meu tudo, seja d’Ele, e somente d’Ele, e d’Ele para sempre. Que eles sejam usados para Ele! Que possamos ouvir, pensar e falar por Ele. Eles são marcados e selados com a marca da morte, o preço que foi pago para comprá-los para Si mesmo. Que Deus conceda que nenhuma de nossas capacidades possa ser usada para outro.
Aquela minha mão, que uma vez foi usada para servir Seu inimigo, agora é comprada com o mesmo sangue precioso, e de bom grado funcionará e guerreará por Aquele que a comprou para Si mesmo. Ele pode dizer que: “aquele que furtava não furte mais” (era isso que eu costumava fazer), “antes, trabalhe, fazendo com as mãos o que é bom, para que tenha o que repartir com o que tiver necessidade” (Ef 4:28). Uma vez, aquela minha mão pegou as coisas do meu vizinho. Agora me esforço para dar àquele de quem uma vez roubei, ou a qualquer pessoa necessitada. Tal é o efeito daquele sangue na minha mão direita.
Aquele meu pé uma vez se deleitou em seguir seu próprio caminho, mas ungido com aquele sangue precioso, ele se torna formoso, pois vai pregar o evangelho da paz e trazer boas novas de coisas boas (Rm 10:15).
Esse sangue me diz que não sou de mim mesmo, que fui comprado por um preço, e me diz, “glorificai, pois, a Deus no vosso corpo e no vosso espírito, os quais pertencem a Deus” (1 Co 6:19-20). Aquele sangue na orelha, no polegar e no dedo do pé me diz: “nem tampouco apresenteis os vossos membros ao pecado por instrumentos de iniquidade; mas apresentai-vos a Deus, como vivos dentre mortos, e os vossos membros a Deus, como instrumentos de justiça” (Rm 6:13). Enquanto comtemplo aquele sangue, clamo:
“Tome minha vida, e que ela seja
Consagrada, Senhor, a Ti!”
Ao meditarmos em tudo isso, somos constrangidos a dizer: “E, para essas coisas, quem é idôneo?” (2 Co 2:16). E quanto melhor nos conhecermos, mais fervorosamente responderemos: “não que sejamos capazes, por nós… mas a nossa capacidade vem de Deus” (2 Co 3:5). E isso nos leva à próxima cena, onde o sacerdote, depois de aspergir o azeite sete vezes diante do Senhor, o coloca em nossa orelha direita, polegar e dedo do pé, sobre o sangue da oferta pela expiação da culpa. Nunca poderíamos nos aventurar a caminhar por este mundo contaminado e contaminante com o sangue da oferta pela expiação da culpa sobre nós, se esse sangue não estivesse coberto com o azeite. Isso nos fala do poder do Espírito Santo para nos levar por meio de todas as circunstâncias, para nos guardar, não apenas de cair, mas até mesmo de tropeçar, por todo esse caminho desértico. Somente o Espírito Santo pode nos impedir de trazer desonra àquele precioso sangue que nos marca como Cristãos. Somente o Espírito Santo pode dar poder para tomar esses instrumentos e entregá-los a Deus, para usá-los em Seu serviço e para Si mesmo. Como podemos agradecer a Deus o suficiente pelo azeite sobre o sangue?
E podemos agradecer a Deus, também, que agora mesmo aqui embaixo, temos o bem da oferta pela expiação do pecado. Mesmo aqui embaixo estamos mortos para o pecado e vivos para Deus (Rm 6:11). E agora mesmo, aqui embaixo, somos trazidos para aquele lugar maravilhoso de sacerdotes reais. É verdade que compartilhamos a rejeição de nosso Rei ausente, mas é para nós agora que o Espírito Santo escreve: “Vós sois… o sacerdócio real” (1 Pe 2:9).
Sim, e é agora mesmo aqui abaixo que somos adoradores. Em João 4:23, descobrimos que o Pai procura adoradores. (Ele não diz que está buscando adoração, mas adoradores). Quem teria pensado que Ele os encontraria em pobres leprosos e contaminados, agora purificados e trazidos para perto? Mas foi assim. Sim, agora mesmo, você e eu, querido companheiro Cristão, temos o privilégio, o infinito privilégio, de trazer nosso Holocausto (do qual não devemos separar a Oferta de Manjares). Nós os trazemos com o coração transbordante e os oferecemos Àquele que fez tudo por nós. Verdadeiramente, mesmo agora podemos exclamar com coração ardente,
“Unges a minha cabeça com óleo;
O meu cálice transborda!”
E ao olharmos para o futuro, podemos cantar com perfeita segurança: “Certamente a bondade e a misericórdia me seguirão todos os dias da minha vida; e habitarei na casa do SENHOR por longos dias” (Sl 23:5-6).
Então, em casa, na casa do Senhor, a “casa do Pai”, conheceremos em toda a sua plenitude e glória inconcebíveis, todas essas bênçãos que procuramos contemplar e desfrutar mesmo agora aqui embaixo, e diremos: “Foi verdade a palavra que ouvi na minha terra, das Tuas coisas e da Tua sabedoria. E eu não cria naquelas palavras, até que vim, e os meus olhos o viram; eis que me não disseram metade; sobrepujaste em sabedoria e bens a fama que ouvi. Bem-aventurados os Teus homens, bem-aventurados estes Teus servos que estão sempre diante de Ti, que ouvem a Tua sabedoria!” (1 Rs 10:6-8).
