Origem: Livro: A Lei do Leproso
Capítulo 7 – Lavado e rapado
Levítico 14:8
“E aquele que tem de purificar-se lavará as suas vestes, e rapará todo o seu pelo, e se lavará com água; assim será limpo; e depois entrará no arraial, porém, ficará fora da sua tenda por sete dias” (v. 8).
Agora, aos olhos de Deus, o pobre leproso está limpo e imaculado. O sacerdote o declarou limpo, e esse pronunciamento vem com toda a autoridade e certeza do próprio Deus.
E então? O homem imediatamente procura purificar tudo ao seu redor e trazer tudo em conformidade com aquela posição maravilhosa, na qual agora está diante de Deus – completamente limpo e imaculado.
Você deve se lembrar de que pedimos para você observar particularmente o que o leproso tinha que fazer para ser purificado. Se você seguiu os sete versículos deste capítulo em Levítico que acabamos de considerar, terá notado que o homem não precisa fazer uma coisa sequer.
Tudo foi feito para ele. Sua parte era aceitar o que os outros fizeram por ele, e colocar sua confiança no sangue derramado, e acreditar na palavra falada do sacerdote.
Não havia a menor coisa que ele pudesse fazer, exceto ficar maravilhado, admirado e agradecido pelo maravilhoso plano de Deus de purificação. Mas agora tudo mudou. Agora o leproso começa a trabalhar. Vamos parar e observá-lo.
 
21 – “Lava suas roupas e rapa todo seu pelo“- Lv 14:8
Bible Light Publishers P.O. Box 442, Fo Tan, New Territories – Hong Kong		BTP # 3818
Primeiro ele lava as roupas. Antes, talvez, elas fossem tão vis e repugnantes que ninguém as tocaria.
Alguns de nós já vimos leprosos mendigando à beira da estrada, e sabemos como suas roupas são imundas. Eles próprios são irremediavelmente imundos, por que deveriam procurar manter suas roupas limpas? Mas agora tudo mudou. O homem está limpo aos olhos de Deus e, pela fé, está limpo aos seus próprios olhos. Então, ele deve parecer limpo aos olhos dos outros homens.
Ou, pode ser, nos velhos tempos que ele tenha conseguido manter suas roupas mais limpas do que a maioria dos leprosos, de modo que se admiravam de que ele conseguisse manter suas roupas tão bonitas; e ele mesmo provavelmente estava bem satisfeito com a condição de sua roupa. Mas agora, limpo e imaculado aos olhos de Deus, ele descobre que suas roupas estão longe do que deveriam ser. Elas devem ser lavadas.
As roupas nos falam daquilo que nos toca – nossas associações – com as quais temos que tratar, aquilo que o mundo ao nosso redor vê como conectado a nós. Talvez os homens tenham se acostumado a nos ver nos salões de jogos de azar ou em outros lugares malignos. Todas essas associações e formas devem ser “lavadas”. Como lavamos nossos caminhos e associações? Temos essa pergunta respondida para nós em Salmos. 119:9 – “Como purificará o jovem o seu caminho?”. Essa é a questão. Aqui está a própria resposta de Deus: “Observando-o conforme a Tua Palavra”.
Levítico 13:47-59 nos fala da lepra na roupa. Isso fala do pecado no ambiente de uma pessoa, mesmo quando a própria pessoa estava livre da praga. Não basta que nós mesmos estejamos purificados de pecado: não podemos continuar com as coisas ao nosso redor que são pecaminosas, não importa se são negócios, associações religiosas ou quaisquer outros assuntos com os quais estamos conectados.
O que acontece a seguir? Ele deve “rapar todo o pelo”. Era contra a lei para um israelita fazer “calva na sua cabeça” ou rapar “os cantos da sua barba” (Lv 21:5; 19:27). Isso era um sinal de vergonha e opróbrio, “todas as cabeças ficarão calvas, e toda a barba será rapada” (Is 15:2), (veja também Jeremias 41:5; 48:37; 2 Samuel 10:4-5). Mas agora todo esse pelo deve ser tirado. Toda a sua beleza e glória naturais devem desaparecer. Tudo o que possa abrigar qualquer impureza deve ser cortado, a qualquer custo.
Aquele que é purificado pelo sangue descobrirá que é chamado a compartilhar o opróbrio e a vergonha do Senhor, enquanto procura trilhar um caminho que está de acordo com Sua Palavra. Na China, onde estamos acostumados a rapar a cabeça e o rosto, é difícil se perceber a vergonha, a reprovação e o desprezo que esse rapar traria. Lemos sobre aqueles que nos primeiros dias “fostes feitos espetáculo com vitupérios e tribulações” (Hb 10:33). A Palavra nos diz que Moisés escolheu “antes, ser maltratado com o povo de Deus do que por, um pouco de tempo, ter o gozo do pecado; tendo, por maiores riquezas, o vitupério de Cristo do que os tesouros do Egito” (Hb 11:25-26). Nós também somos exortados a suportar Seu vitupério (Hb 13:13). O próprio Senhor sabe o que vitupério significa. Foi Ele quem pôde dizer: “Bem conheces a Minha afronta [reprovação – JND], e a Minha vergonha, e a Minha confusão [desonra – JND]; diante de ti estão todos os Meus adversários. Afrontas [reprovações – JND] Me quebrantaram o coração, e estou fraquíssimo [sobrecarregado – JND]; esperei por alguém que tivesse compaixão, mas não houve nenhum; e por consoladores, mas não os achei” (Sl 69:19-20). Ninguém jamais provou a reprovação e a vergonha tão profundamente quanto Ele; mas você e eu, querido companheiro crente, temos o privilégio de suportar, em certa medida, o Seu opróbrio. Que Ele nos conceda considerar isso como riqueza maior do que este pobre mundo pode oferecer!
Em uma terra onde todo homem tinha belos cabelos e uma grande barba espessa, o leproso purificado sem cabelo ou barba seria de fato uma pessoa olhada com desprezo. Enquanto caminhava pela rua, muitos dedos seriam apontados para ele, muitas piadas seriam feitas às suas custas. Mas não valia a pena? Era infinitamente melhor estar purificado e na congregação do povo do Senhor sem barba, do que vagar com barba fora do arraial, gritando “Imundo! imundo!”. E ele deve permanecer fora de sua tenda por sete dias, mas logo, muito em breve, os sete dias se passarão, e ele poderá se retirar para aquele seu lar amado, longe da reprovação, da vergonha e da desonra, para desfrutar da paz, do gozo e do amor de seus próprios entes queridos. Então, que ele testemunhe corajosamente a todos ao seu redor, enquanto tem a oportunidade, da graça e do poder que o purificaram e o trouxeram de volta à congregação do Senhor.
 
22 – “Se lavará com água; assim, será limpo” – Lv 14:8
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Mas ainda há mais a fazer. O leproso “se lavará com água”. “Se lavará”. O que isso significa? Acho que isso é algo mais profundo do que lavar suas roupas: algo mais intimamente ligado a si mesmo do que purificar seus caminhos e associações. Isso toca todos os hábitos da minha vida. Limpa até meus pensamentos, e o efeito alcança minhas palavras, meus atos e todos os meus hábitos – “a mim mesmo”. “Porque, como imaginou na sua alma, assim é” (Pv 23:7). Tudo deve ser purificado agora, não com sangue, mas com água.
A ave foi morta apenas uma vez. O sangue foi aspergido apenas uma vez, mas a água deve ser aplicada muitas vezes. À medida que avançamos em nosso capítulo, descobriremos que no sétimo dia ele deve se lavar novamente, não ser purificado novamente no sangue, mas na água. Você se lembrará de que no tabernáculo, a pia com água na qual os sacerdotes lavavam as mãos e os pés, ficava entre o altar e o tabernáculo; e naquela pia os sacerdotes se lavavam continuamente, antes de entrar no tabernáculo para o serviço. Isso mostra a necessidade contínua de purificação das contaminações deste mundo – não pelo sangue – que foi feito uma vez, e apenas uma vez – mas pela água – a água da Palavra.
Essas palavras, falando de lavar em água, não nos lembram muitos versículos do Novo Testamento? Por exemplo, em 2 Coríntios 7:1, depois de nos dar a bela promessa de que o Senhor Todo-Poderoso será um Pai para nós, a Palavra continua: “Ora, amados, pois que temos tais promessas, purifiquemo-nos de toda imundícia da carne e do espírito, aperfeiçoando a santificação no temor de Deus”.
Novamente, Efésios 5:2 nos diz: “e andai em amor, como também Cristo vos amou e Se entregou a Si mesmo por nós, em oferta e sacrifício a Deus, em cheiro suave”. Então, depois de contemplar aquela maravilhosa oferta que nos purificou de nossos pecados, lemos imediatamente: “Mas a prostituição e toda impureza ou avareza nem ainda se nomeiem entre vós, como convém a santos; nem torpezas, nem parvoíces, nem chocarrices, que não convêm; mas, antes, ações de graças” (vs. 3-4).
Isso não corresponde exatamente a lavar nossas roupas, rapar nosso pelo e nos lavar em água?
Descobriremos rapidamente que a recusa em se entregar a conversas e brincadeiras tolas trará muita reprovação e nos tornará uma “pessoa olhada com desprezo”. Que ornamento natural é um raciocínio rápido ou uma resposta inteligente! Mas, por mais inofensivo que possa parecer para nós, há um perigo muito grave de contaminação à espreita nisso. “Na multidão de palavras não falta pecado” (Pv 10:19). E novamente: “As moscas mortas fazem que o unguento do perfumista emita mau cheiro, assim um pouco de estultícia [pequena tolice – JND] pesa mais do que a sabedoria e a honra” (Ec 10:1 – TB).
Portanto, essa característica de aptidão e beleza deve ser removida. A Palavra nos exorta repetidas vezes a sermos sóbrios e sérios. Veja, por exemplo, 1 Tessalonicenses 5:6; 1 Timóteo 2:15, 3:2, 4, 8, 11; Tito 1:8, 2:12.
Há várias passagens no Novo Testamento que enfatizam a necessidade urgente do que corresponde no leproso a essa limpeza de roupas e de si mesmo. Sentimos que essa verdade muito importante não foi enfatizada como deveria ter sido. Temos nos deleitado em ficar parados, observando a graça de Deus que limpou aquele pobre leproso vil, sem sequer mexer um dedo, mas muitas vezes somos muito lentos em nos lavar e rapar. Mas se percebermos o que custou ao nosso Senhor e Mestre nos purificar, como podemos fazer menos do que procurar caminhar para a Sua glória enquanto Ele nos deixa aqui embaixo? Do versículo 1 ao final do versículo 7, como vimos, o leproso não faz nada. Tudo o que ele traz ao sacerdote é sua lepra e impureza, tudo é feito pelo sacerdote. Mas no momento em que o sacerdote o declarou limpo e soltou a ave – a partir desse momento o leproso começa a trabalhar, não para ser purificado diante de Deus – ele já está limpo diante de Deus, mas para trazer sua condição exterior de acordo com sua posição diante de Deus.
Temos esses dois lados destacados de maneira maravilhosa em Tito 3:4, 5, 8. “Mas, quando apareceu a benignidade e caridade de Deus, nosso Salvador, para com os homens, não pelas obras de justiça que houvéssemos feito, mas, segundo a Sua misericórdia, nos salvou pela lavagem da regeneração e da renovação do Espírito Santo… Fiel é a palavra, e isto quero que deveras afirmes, para que os que creem em Deus procurem aplicar-se às boas obras”.
Novamente, por favor, reflita em Colossenses 2:20 e 3:1-14 – “Se, pois, estais mortos com Cristo” e “se já ressuscitastes com Cristo”. Aquela pequena ave limpa não tinha feito nada para merecer a morte. Não tinha impureza nem contaminação, mas morreu em lugar do leproso contaminado e imundo. Aos olhos de Deus, o leproso merecia a morte – na verdade, estava morto enquanto vivia (Nm 12:12). Aos olhos de Deus, o leproso morreu com aquela ave, mas aos Seus olhos o leproso ressuscitou com aquela ave viva, que nos fala tão claramente da ressurreição de Cristo. Aos olhos de Deus, o leproso é um novo homem com uma nova vida. Então, Deus nos vê “mortos com Cristo” e “ressuscitados com Cristo”; um novo homem com uma nova vida, e Ele continua em Colossenses 3:3: “já estais mortos, e a vossa vida está escondida com Cristo em Deus”. Quando aquela ave viva morreu, eu, o pobre leproso vil, morri com ele. Quando subiu (em figura), eu me levantei com ele, um novo homem com uma nova vida, e enquanto voava de volta para os céus abertos, tomou minha vida e a escondeu lá em cima com Cristo em Deus.
