Origem: Livro: Eleição, Livre Arbítrio e Segurança Eterna

Misericórdia para com Todos

A oferta de salvação por Deus é para todos, mas é limitada em sua aplicação àqueles que creem. “A justiça de Deus pela fé em Jesus Cristo para todos e sobre todos os que creem (Rm 3:22). Na primeira carta de Paulo a Timóteo, lemos: “Cristo Jesus, que Se deu a Si mesmo em resgate por todos, para servir de testemunho a Seu tempo” (1 Tm 2:6 – KJV). No evangelho de Mateus, encontramos um versículo semelhante, mas com uma diferença significativa: “O Filho do Homem não veio para ser servido, mas para servir e para dar a Sua vida em resgate de muitos(Mt 20:28). Paulo, em sua carta a Timóteo, usa a preposição grega huper, que significa em nome de todos. Mateus, no entanto, usa a palavra anti; isto é, no lugar de muitos. Este último versículo fala de Cristo como nosso substituto, como também encontramos nestes versículos conhecidos: “Jesus, nosso Senhor… o qual por nossos pecados foi entregue e ressuscitou para nossa justificação” (Rm 4:25). Levando Ele mesmo em Seu corpo os nossos pecados sobre o madeiro” (1 Pe 2:24). Para o crente, Cristo foi de fato seu substituto, suportando a pena de seus pecados em seu lugar. Não se pode pregar aos não convertidos que Cristo levou seus pecados no calvário; isso simplesmente não é verdade.

Enquanto a substituição é limitada àqueles que a recebem pela fé, a obra propiciatória de Cristo não é – na verdade, ela se dirige à condição das coisas em geral, totalmente à parte dos indivíduos e seus pecados. A propiciação está voltada para Deus, enquanto a substituição diz respeito aos indivíduos. A Escritura não fala de Cristo sendo o substituto dos pecados do mundo, mas “Ele é a propiciação pelos nossos pecados; mas não apenas pelos nossos, mas também pelos de todo o mundo(1 Jo 2:2 – JND). Embora os tradutores da King James tenham inserido em itálico, “pelos pecados de”, trata-se da condição às coisas referidas – o pecado de todo o mundo – como encontramos em outros lugares. “Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo (Jo 1:29). Esta é uma afirmação abstrata sem referência a tempo ou lugar – ela não diz foi ou será. João viu diante dele o Cordeiro de Deus, Aquele que tira o pecado do mundo. É uma expiação ilimitada em valor e disponibilidade; é limitada apenas pela incredulidade que a despreza ou rejeita.

Uma distinção também deve ser feita entre resgate e compra. O primeiro é limitado, o segundo é universal. “Em quem temos a redenção pelo seu sangue, a remissão das ofensas, segundo as riquezas da sua graça” (Ef 1:7). Este versículo em Efésios, quando lido no contexto, é limitado àqueles que são salvos. Por outro lado, encontramos na segunda epístola de Pedro um versículo que fala de compra; também inclui claramente os não salvos: “Negarão o Senhor que os comprou, trazendo sobre si mesmos repentina perdição” (2 Pe 2:1 – KJV). Nem todo versículo que fala de compra inclui tanto os salvos quanto os não salvos; isso deve ser determinado pelo contexto. Encontramos ambos, entretanto, na parábola: “Também o Reino dos céus é semelhante a um tesouro escondido num campo que um homem achou e escondeu; e, pelo gozo dele, vai, vende tudo quanto tem e compra aquele campo” (Mt 13:44). Na parábola anterior, encontramos a chave para interpretar o campo: “o campo é o mundo” (v. 38). O tesouro, por outro lado, são os santos de Deus. Ao passo que a compra pode incluir os salvos e não salvos, a redenção nunca abrange aqueles que não são salvos. Uma compra é apenas isso; a redenção, entretanto, ela liberta. Aquele que é redimido não é apenas comprado, mas também é libertado da escravidão do pecado e de Satanás.

Por confundir propiciação com substituição e compra com redenção, muitos se colocaram em uma confusão terrível. Alguns concluíram erroneamente que a expiação de Cristo é limitada e, portanto, a oferta de salvação também deva ser limitada – espero que isso tenha sido refutado. Outros dizem que todos devem ser salvos por meio da obra de Cristo; isso é chamado de universalismo. O universalismo pode ser combatido por um versículo em Mateus: “E irão estes para o tormento eterno, mas os justos, para a vida eterna (Mt 25:46). Se a vida de que se fala é eterna, então o castigo também o é – as expressões em grego são simétricas. Se alguém insiste em que o castigo é apenas por um tempo, então a vida eterna também o deve ser.

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