Origem: Livro: Breves Meditações

O Mistério da Vida

Deixe-me dizer: com quanta força o Espírito de Deus, na Escritura, ensina-nos o mistério da vida. Com quão intenso senso disso Ele desejaria impressionar nossa alma, que nós a temos perdido, mas que Cristo a tem para nós.

A espada flamejante na mão do querubim, guardando por todos os lados o caminho da árvore da vida, era a expressão disso, assim que o pecado foi cometido e a morte introduzida. Essa visão fez Adão aprender, e todos nós por meio de Adão, que a vida que perdemos jamais poderemos recuperar.

A ordenança que proibia comer sangue, estabelecida logo que a carne de animais foi dada como alimento, e continuada e repetida zelosamente na lei, era uma testemunha disso, um testemunho permanente que falava ao coração e à consciência do homem desde os dias de Noé até os tempos do evangelho – e talvez, na verdade, até o tempo presente (Atos 15).

O evangelho ensina a mesma grande verdade abundantemente. Ninguém tem poder para questioná-la: que o homem está morto, morto em ofensas e pecados, e que ele está sem forças, e jamais poderá se recuperar ou reviver.

Dessa forma intensa e enfática, a Escritura, do princípio ao fim, deixa o homem saber que ele perdeu a vida, e a perdeu irrecuperavelmente.

Com igual intensidade é revelado o outro grande mistério: que a vida está em Cristo, o Filho de Deus, e n’Ele para nós.

Foi dado a Pedro conhecer isso: que a vida estava em Jesus – que Ele era nada menos que o Filho do Deus vivo. E sobre a sua confissão, o Senhor imediatamente revela a verdade adicional: que essa vida, assim reconhecida como estando n’Ele, era uma vida vitoriosa que deveria ser usada em prol da Igreja (Mateus 16).

Não me detenho em apresentar as belas provas que o ministério do Senhor nos proporciona desta vida eterna, desta vida vitoriosa, desta vida do Espírito vivificador presente em Jesus durante todo o Seu tempo aqui, mas a vemos gloriosamente manifestada após a Sua morte. O sepulcro vazio, como visto em João 20:5-7, é o testemunho peculiar de que um Conquistador havia estado nas regiões da morte. E Ele foi então, como sabemos, visto pelas testemunhas escolhidas, durante quarenta dias após a Sua ressurreição. Mas quero meditar um pouco sobre o grande fato de que esta vida vitoriosa em Jesus, o Filho de Deus, é para nós. Volto-me para os três primeiros capítulos da Epístola aos Hebreus.

Ali, Aquele que estava morto, está vivo novamente. Sua morte é mostrada como tendo sido por nós. Ele não morreu simplesmente para exibir Sua vitória, para mostrar que era o Homem mais forte, embora na casa do valente – mas Sua morte é declarada como tendo sido por nós. Isso nos diz, como Mateus 16:18 havia prometido, que Sua vida vitoriosa o Filho usa em prol da Igreja.

Ele morreu como Aquele que nos purificou de nossos pecados. Ele, pela graça de Deus, provou a morte por nós. Ele, pela morte, enfrentou aquele que nos mantinha em servidão durante toda a nossa vida. Estas são as interpretações de Sua morte que encontramos nos dois primeiros capítulos.

No início do terceiro, somos ordenados a considerar Aquele que foi fiel – fiel desta maneira – fiel Àquele que O designou para assim empreender a vida por nós, através da morte. Devemos considerá-Lo, para o estabelecimento da nossa fé e para o conforto da nossa alma, familiarizando-nos com este grande mistério: o Filho do Deus vivo esteve em conflito com a morte, e no lugar da morte, para que pudesse trazer de volta a vida a nós que a tínhamos perdido, e perdido de forma irremediável.

E assim como somos exortados a considerá-Lo, também somos exortados a mantê-Lo firme, firme e constante, conforme prossegue este mesmo capítulo.

E qual é o aviso? Qual precisa ser o aviso, depois de um ensinamento como este? “Vede, irmãos, que nunca se ache em qualquer de vós um perverso coração de incredulidade, para se apartar do Deus vivo” (AIBB). Quão simples, e ainda assim quão necessário, e ainda assim quão bendito! Ninguém menos que o próprio “Deus vivo” Se tornou nosso em Jesus, e, portanto, é fácil dizer que tudo depende de nos apegarmos a Ele.

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