Origem: Livro: Os Patriarcas
A moral do Livro
Por expressar uma comunhão como esta, este livro dos Cantares de Salomão pode servir a qualquer santo. Não quero dizer, porém, que possamos necessariamente seguir um caminho de experiência e passar de um estágio para outro. Mas de acordo com o conhecimento cada vez maior que a alma tem de Jesus, assim será, naturalmente, a sua experiência cada vez maior. E deveria haver progresso – como lemos: “Crescei na graça e no conhecimento de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo”. E à medida que as diferentes relações que o Senhor mantém conosco são apreendidas e abraçadas pela alma, surgirão experiências correspondentes, pois a experiência é a nossa entrada no poder dessas relações. E julgo que os Cantares de Salomão são as declarações da alma em um ponto desta jornada, desde a primeira vivificação até o desfrute completo e final. Não é a experiência de Rebeca quando se levantou para deixar a Mesopotâmia, nem de Rute, quando se preparou, em Moabe, para tomar o Deus de Noemi como seu Deus, nem como depois uma respigadora no campo – é o exercício do coração de Rebeca, enquanto em seu caminho até Isaque, ouvindo as histórias de seu gracioso e sábio condutor, e de Rute aos pés de Boaz, como pretendente de sua mão e seu nome.
Esta é a moral geral do livro. Mas sendo assim, posso admirar ainda mais a perfeição do Espírito ao fazer deste um livro curto. É um caráter muito íntimo para ter sido muito divulgado. Ele permanece no interior. São os recessos do templo. Foi chamado pelos Judeus de “Santo dos Santos”. E esse era o menor lugar, e também o mais retirado. Ele expressava o caráter mais profundo da comunhão com Deus. Havia uma comunhão no altar de cobre ou na pia de cobre nos átrios – outra no lugar santo, à mesa, no castiçal e no altar – e outra na presença do próprio Senhor, no lugar santíssimo. E deste caráter de comunhão é aquela que os Cantares de Salomão expressa. Pode ser que a alma não consiga entrar nesse lugar todos os momentos. Rute não estava preparada para se colocar aos pés de Boaz quando entrou em seu campo como respigadora. O ensinamento que ela recebeu de Noemi foi necessário para levá-la à eira.
