Origem: Livro: A Instituição do Matrimônio e Assuntos Relacionados

Noivado – Cap. 8

Enquanto cada contato ou associação entre jovens Cristãos não necessita culminar em casamento, ainda é deplorável quando os caminhos do mundo são tão seguidos por alguém, a ponto de brincar com as afeições de outro. Deus colocou a afeição no coração humano e isso não deve ser tratado com leviandade. Um jovem irmão deve ter cuidado de não levar um relacionamento adiante com uma jovem irmã se não tiver sérias intenções, e vice-versa; devemos, entretanto, conhecer alguns exemplos de amizades mais casuais que foram tidas como algo mais do que realmente eram. Isso é igualmente um engano, mas cada alma correta sabe quando está enganando outro demonstrando uma intenção que na realidade não existe. É para a desonra do Senhor quando um coração é partido pela indulgência de flertes; e tal conduta, até mesmo se ambos, o jovem e a jovem, entenderem que não há uma séria intenção, é totalmente indigno de um Cristão.

Depois de um período de espera no Senhor para se ter certeza de ter Sua mente, pode chegar o momento para o jovem e para a jovem de entrarem num acordo – para ficarem noivos. Esse deve ser um momento de felicidade, pois eles estarão, então, comprometidos um com o outro por uma promessa, e aguardam pelo momento quando estarão unidos um ao outro.

O período de noivado é especialmente confirmado nas Escrituras. Rebeca foi prometida para Isaque por intermédio do servo de Abraão antes dela iniciar a longa jornada pelo deserto, para se tornar a noiva daquele que havia estado no altar. No Novo Testamento lemos sobre o noivado de José e Maria. Eles ainda não estavam casados, mas aguardavam ansiosamente o dia das núpcias. E hoje, todo Cristão está em uma posição muito semelhante; ele é destinado a se tornar uma parte da noiva de Cristo, mas ele ainda está aguardando. Paulo disse: “pois vos desposei com um só Esposo, Cristo, para vos apresentar a Ele como virgem pura” (2 Co 11:2 – AIBB). Este é o dia do nosso noivado, e qual deveria ser nossa atitude? Devemos estar repletos com pensamentos d’Aquele que prometeu nos tomar para Si, para ser Sua companheira. Nosso coração deve ansiar por aquele abençoado momento quando Ele nos apresentará a Si mesmo, como Sua noiva imaculada.

Seria totalmente inadequado para uma jovem prometida, aceitar atenção de outro jovem que não seja o seu noivo, pois isso mostra que seu coração não foi completamente conquistado por aquele com quem ela se comprometeu. Portanto, isso revela uma triste falta em nossa afeição por nosso Senhor e Salvador quando nos esquecemos d’Ele, para encontrar nosso prazer nas coisas insignificantes desse mundo. Tudo o que há no mundo está sob o poder do inimigo d’Aquele que nos prometeu para Si mesmo. Possa o nosso coração entrar mais completamente no espírito de um noivado, enquanto ansiamos por vê-Lo, para ouvir Sua voz, e estar com Ele a Quem, mesmo ausente, aprendemos a amar.

No mundo, este é um momento quando o casamento é tratado de forma leviana e facilmente desfeito, os noivados são também tratados com leviandade, feitos rapidamente, e frequentemente rompidos; mas não deve ser assim com Cristãos. Noivado é um assunto sério, e não deve haver comprometimento a menos que haja expressa intenção de casamento. Noivado deve ser considerado vinculativo e tratado como uma obrigação definitiva. Seria Cristo algum dia infiel à Sua promessa de nos tomar para Si mesmo com Sua noiva? Não. Nunca, nunca. Sua Palavra é tão confiável quanto Sua intenção, como disse o poeta:

“Sua promessa é sim e amém
E nunca foi desfeita”

Para alguém romper um noivado, ele deve ter uma razão que o Senhor aprovaria.

Podemos mencionar, entretanto, que se um crente fica noivo de um incrédulo, deve considerar seriamente se deve ou não desobedecer a Deus, e se casar com um incrédulo. Algumas vezes, as pessoas argumentam que deram sua palavra em relação a algo, e, portanto, devem fazer o que sabem estar errado. Herodes foi um desses; ele prometeu a Salomé qualquer coisa que pedisse, e quando ela pediu pela cabeça de João Batista, ele manteve seu juramento e cometeu homicídio. Em tal caso não é difícil discernir o engano em defender uma promessa contra um dever conhecido.

Se alguém se encontrar no dilema de estar noivo com um incrédulo, deve orar muito a respeito disso, buscando no Senhor o caminho correto para sair de uma situação errada. Podemos desonrar o Senhor na maneira pela qual nos livramos de uma posição que Ele nunca poderia aprovar. Em alguns casos, somente o Senhor pode nos dar uma saída; e devemos aguardar n’Ele enquanto julgamos nossa falha que levou-nos a dar um passo errado. Talvez, uma conversa aberta e sincera com o cônjuge incrédulo, admitindo nosso fracasso e pecado, e mostrando o que dizem as Escrituras, seja de grande ajuda nesse momento.

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