Origem: Livro: A Instituição do Matrimônio e Assuntos Relacionados

Novas Responsabilidades – Cap. 12

Em qualquer relacionamento que nos encontremos, há certas responsabilidades que recaem sobre nós, e estas só podem ser cumpridas adequadamente quando entendemos sua natureza. Há um Livro, e somente um, que coloca tudo em seu devido lugar, o qual nos oferece o perfeito direcionamento para nossa conduta.

Antes desses jovens se casarem, estavam ocupados com o relacionamento entre pais e filhos. Esta é uma posição abençoada, especialmente para um filho Cristão de pais Cristãos. Não lhe faltaram palavras de sabedoria, lembrando como agir diante de seus pais, porque Deus assim disse: “Filhos, sede obedientes a vossos pais no Senhor, porque isto é justo. Honra a teu pai e a tua mãe, que é o primeiro mandamento com promessa” (Ef 6:1-2). “Filhos, obedecei em tudo a vossos pais, porque isto é agradável a Deus” (Cl 3:20).

Não é meramente que tenham que obedecer a seus pais, mas devem fazer isso “em tudo” (Cl 3:20), “no Senhor” (Ef 6:1-2). Esta não é a maneira que a carne escolheria, mas é o caminho de bênção. A decisão dos pais pode não agradar ao filho; no entanto, obediência é para ser prestada em sujeição “no Senhor” (Ef 6:1-2). Como é mais fácil fazer algo que naturalmente não gostamos, quando o fazemos “no Senhor” (Ef 6:1-2). Deus constituiu certas autoridades na Terra, e a autoridade dos pais é uma delas. Se os filhos desobedecem a seus pais, também estão desobedecendo a Deus. Mesmo que os pais cometam erros, isso não dispensa a criança da obediência.

Talvez o casal recém-casado tenha alcançado uma posição antes do casamento, onde eles não estavam mais sob o teto dos pais. Eles haviam passado do estágio da obediência da infância, mas lhes é dito: “Honra a teu pai e a tua mãe” (Ef 6:1-2). Isso, acreditamos, é sempre obrigatório. Honrar pai e mãe traz certas bênçãos; foi o primeiro mandamento dado a Israel que tinha uma promessa conectada a ele.

É provável, que antes do casamento, eles foram empregados em alguma função. Quando eles tomaram seu primeiro cargo, e começaram a trabalhar, pela primeira vez, ocuparam uma posição de servir ao empregador. Nisso, também, precisavam de orientação divina, para que pudessem glorificar a Deus nessa posição. O empregado Cristão nunca deve basear sua conduta com a do seu empregador, nem na conduta dos não convertidos que trabalham com ele. Infidelidade e desrespeito generalizado aos direitos e bens do empregador, são testemunhados em todos os lugares. Mas Deus diz que é para o empregado obedecer a seu senhor em todas as coisas, “não servindo somente à vista como para agradar a homens, mas em sinceridade de coração, temendo ao Senhor. Tudo o que fizerdes, fazei-o de coração como ao Senhor, e não aos homens” (Cl 3:22-23 – TB).

Tudo deve ser feito como para o Senhor, e ao assim fazer, os empregados Cristãos serão o “ornamento da doutrina de Deus, nosso Salvador” (Tt 2:10). O fato de que essas instruções incluam o caso de escravos, não invalida nem um pouco sua força para aqueles que são empregados remunerados, nestes dias de ilegalidade e desrespeito às autoridades.

Quando o Espírito de Deus ensina aos maridos e esposas suas respectivas responsabilidades em Efésios 5, Ele traz diante deles, primeiramente, um grande exemplo – Cristo e a Igreja. Podemos, assim, aprender do Exemplo maior o que o menor deveria ser. Nunca entenderemos adequadamente o maior estudando o menor.

“Cristo amou a Igreja e a Si mesmo Se entregou por ela” (Ef 5:25). Pode alguma coisa se comparar a medida desse amor? “Se entregou por ela”! Que profundidade está expressa aqui! Pode o amor entregar mais? E entregar a Si mesmo, O levou pelo caminho de todas as agonias do Getsêmani, o abandono dos Seus, a negação de Pedro, a traição de Judas, os agressores, as cusparadas, os escarnecedores, e finalmente a cruz cruel onde, naquelas três horas de trevas, Ele foi feito pecado por nós, e então, foi abandonado pelo Santo Deus. Bem, podemos exclamar: “O amor de Cristo, que excede todo entendimento” (Ef 3:19), enquanto ao mesmo tempo buscamos aprender mais dele.

Este, então, é o grande padrão estabelecido para os maridos – “Maridos, amai vossa mulher, como também Cristo amou a Igreja, e a Si mesmo Se entregou por ela” (Ef 5:25). Que homem Cristão ocupando esse relacionamento não sentiria sua deficiência aqui? Entretanto, isso é o que o Espírito de Deus estabeleceu diante de nós. E, desses versículos aprendemos que Cristo não somente amou a Igreja no passado (Ef 5:25), mas no presente (Ef 5:26), e no futuro (Ef 5:27).

“Assim devem os maridos amar a sua própria mulher como a seu próprio corpo. Quem ama a sua mulher ama-se a si mesmo” (Ef 5:28). Tendo já estabelecido o perfeito Exemplo diante de nós, o Espírito de Deus agora diz que os homens devem amar suas mulheres “como a seu próprio corpo”, pois o homem e sua mulher agora são um, assim como Cristo e a Igreja são um.

O grande apóstolo aprendeu a lição dessa unidade, e a aprendeu bem, quando foi atingido por essa grande luz do céu na estrada para Damasco. Ele estava perseguindo os santos, a Igreja; agora O glorificado no céu o fez saber que ele estava perseguindo sua gloriosa Cabeça – “Por que Me persegues?” (At 9:4).

Qual o homem pode dizer, eu amo minha mulher como a mim mesmo? Não estamos mais preparados a pensar sobre nosso corpo, suas dores e sofrimento, do que pensar em nossa mulher? “Pois nunca ninguém aborreceu a sua própria carne” (Ef 5:29). Quão cuidadosos somos para tratar um dedo infeccionado! Dessa forma, Deus nos ensina algo sobre a medida do amor de Cristo por nós, e nos mostra o que devemos representar neste mundo. O marido deve ser uma demonstração em miniatura de Cristo, amando sua mulher como a si mesmo, assim como Cristo amou a Igreja.

Oh! A imensa infelicidade e a tortura mental em muitos lares que são o resultado direto da falha do marido em mostrar amor apropriado a sua mulher! Tudo isso pode ser prevenido em lares Cristãos se os maridos compreendessem a verdade de como devem representar a Cristo e agissem de acordo com isso.

Há mais um ponto mencionado nesses versículos; a saber, o marido deve alimentar e cuidar de sua mulher, “como também o Senhor à Igreja” (Ef 5:29). Como Cristo é ocupado agora com alimentar e cuidar da Igreja, assim os maridos devem cuidar de suas mulheres. Eles têm a responsabilidade de prover alimentação, e não somente no sentido de comida para o corpo, mas alimento espiritual. Isso requer diligência da parte do marido, pois como ele pode dar a outro daquilo que ele mesmo não possui?

Se o marido deve representar Cristo, a mulher deve representar a Igreja; e que característica é exigida dela? “Como a Igreja [assembleia – JND] está sujeita a Cristo” (Ef 5:24), assim, as mulheres devem estar submissas ao seu marido “em tudo”. Ninguém negaria que a Igreja tenha sido sujeitada a Cristo; Ele é sua Cabeça; mas para a mulher estar sujeita ao seu marido em tudo é contrário a todo o curso deste mundo.

Este é um dia quando a ordem de Deus é desprezada em toda esfera do comportamento humano. Os filhos não são obedientes aos seus pais, nem tal conduta é aconselhada ou ensinada no mundo. O ensino da “autoexpressão” para os filhos é ordem do homem, ou melhor, a desordem do homem. Empregados não estão sujeitos a seus empregadores. Rebelião contra as autoridades é um princípio maligno inerente, e quando é permitido que aja, somente resulta em confusão e, por fim, anarquia.

Portanto, para mulheres Cristãs casadas a Palavra de Deus é simples; “As mulheres sejam em tudo sujeitas a seu marido” (Ef 5:24). Não é uma questão de inferioridade, mas simplesmente de posição relativa de acordo com a sabedoria de Deus. O ser sujeita nem sempre é fácil e agradável; às vezes pode ser amargo e duro; mas a mulher que teme a Deus irá obedecer, e fará isso como sendo ao Senhor. A bênção do Senhor nunca será obtida contrariando a Sua Palavra.

Há, no entanto, uma maneira muito feliz pelo qual a maioria das questões pode ser resolvida. Se o marido e a mulher desejarem fazer a vontade do Senhor, e ambos sinceramente buscarem essa vontade, eles serão de uma só mente de uma maneira feliz. O marido não deve impor sua autoridade como algo a ser imposto por sua posição, mas ele deve mostrar toda sua amorosa consideração à sua esposa. Se a mulher vir nele um espírito de sujeição a Palavra de Deus e o verdadeiro desejo de fazer tudo o que Ele diz, será muito mais fácil para ela ser sujeita, até mesmo quando seu julgamento é muito divergente do dele. Mas em qualquer caso, o lugar dela diante de Deus é de sujeição.

Um jovem marido certa vez procurou um servo do Senhor e pediu a ele que falasse com sua mulher, e lhe dissesse que a Palavra de Deus diz que ela deveria estar em sujeição ao marido. O fiel e sábio servo calmamente respondeu; “A Palavra de Deus não lhe diz isso”. O que foi dito a ele foi que ele deveria amar sua esposa como Cristo amou a Igreja e como ele mesmo amava a si mesmo. Talvez não houvesse necessidade de falar com o servo idoso do Senhor se o marido estivesse mostrando por seu comportamento o amor, o cuidado e o zelo que eram sua responsabilidade.

Quando desordem e confusão reinam num lar Cristão, geralmente é por falta do marido. Talvez ele não esteja mostrando o amor que deveria, ou provendo alimento espiritual para sua família, ou talvez ele não esteja exercitando seu lugar divinamente concedido como cabeça. Não é um privilégio que ele tenha como cabeça; é um fato, e não se deve fugir da responsabilidade que vem com isso. Pode ser fácil, especialmente se sua mulher é bastante capaz, relaxar e deixar tudo com ela. Muitas mulheres saíram do lugar que lhes foi atribuído, simplesmente porque os maridos acabaram abdicando do deles.

É realmente, uma responsabilidade solene que pertence a cada marido, e se ele falhar em fazer a sua parte deveríamos nos surpreender se a estrutura do lar se tornar instável? Quando ocorre um colapso, Deus procura o responsável pelo ocorrido.

Quanta tristeza Eva teria evitado para si, se tivesse encaminhado a serpente para seu marido, dizendo: “Ele é o meu cabeça; fale com ele”. Adão também, não está isento de culpa; ele tomou a fruta dela e comeu em desobediência. Um antigo escritor disse: “Adão não foi enganado, mas foi influenciado”. E como pode ser sutil a influência! Ainda assim o marido é responsável. Deus tomou conhecimento do perigo da influência nessa tênue linha de marido e mulher, quando Ele disse: “Se teu irmão, filho de tua mãe, ou teu filho, ou tua filha, ou a mulher do teu amor que amas com à tua alma te incitar em segredo, dizendo: Vamos e sirvamos a outros deuses não concordarás não olharás com piedade” (Dt 13:6-8 – ARA). Aqui estava um caso onde o marido poderia ser influenciado para a idolatria pela mulher do seu amor. Salomão foi incitado exatamente dessa maneira, e este grande e bom homem caiu na idolatria. A mulher pode ter uma grande influência tanto para o bem como para o mal, “mas a mulher que teme ao SENHOR, essa será louvada” (Pv 31:30). Que nossa influência uns para com os outros possa ser para o bem; que possamos admoestar “uns aos outros” diariamente (Hb 10:25).

Com frequência, os primeiros anos da vida de casado são vividos sem muita reflexão sobre a posição relativa de marido e mulher, ou seus respectivos lugares e responsabilidades. As pessoas são inclinadas a passar por esses anos sem buscar pela Palavra de Deus em como devem conduzir sua vida, e no tempo decorrido, as pequenas coisas más criam raízes no lar, que darão frutos amargos nos anos posteriores. Todo jovem casal deve saber essas coisas desde o início e buscar a graça de Deus para colocá-las em prática. A sabedoria natural, o amor humano, ou o espírito gracioso, não nos conduzirá corretamente em nosso caminho. O amor sem o direcionamento divino pode nos desviar; graciosidade humana pode nos fazer concordar com aquilo que sabemos ser errado; e a sabedoria humana nunca foi proteção para um santo de Deus. Salomão foi o homem mais sábio que já viveu, e ele agiu como um tolo; e por quê? Simplesmente porque ele não fez o que Deus lhe disse para fazer.

Primeiramente, quando um rei subia ao trono em Israel, ele tinha que escrever em um livro toda a lei dada por Moisés, para conduzir o povo de Deus, não meramente os dez mandamentos. Essa devia ser a primeira ordem das atividades para o novo rei. Ele não deveria apenas lê-las, mas escrevê-las. Isso fazia com que ela fosse marcada sobre ele mais profundamente. Então, ele deveria lê-la “todos os dias da sua vida” (Dt 17:19). Isso seria para sua segurança e sua sabedoria, para que lendo essas palavras de Deus ele aprenderia “a temer ao SENHOR, seu Deus, para guardar todas as palavras desta lei e estes estatutos, para fazê-los” (Dt 17:19).

Se Salomão tivesse lido e temido ao SENHOR, ele teria sido preservado de três coisas que fez, pois ao rei era dito: “não multiplicará para si cavalos”, nem “para si multiplicará mulheres”, e “nem prata nem ouro multiplicará muito para si” (Dt 17:16-19).

Também, podemos notar algumas palavras de advertência para maridos e mulheres que se encontram em 1 Pedro 3. O Espírito de Deus escrevendo por meio de Pedro, antecipa as dificuldades e provações do caminho do deserto, e dá palavras saudáveis de advertência e direcionamento. Deus não quer que Seus filhos sejam infelizes, e se caminhássemos sempre de acordo com Sua Palavra, não seríamos.

Nesta passagem é falado de morarem juntos como marido e mulher. Isso é lindo em seu devido lugar, mas quem não sabe que quando duas pessoas vivem juntas, tão próximas e de forma contínua como um casal, eles descobrem as deficiências e as falhas umas das outras? Depois de um tempo isso pode produzir pequenas irritações e então, produzir infelicidade conjugal.

Aqui, como em Efésios 5, a esposa deve reconhecer o lugar de liderança que é dado a seu marido por Deus, e agir de acordo. Ela deve usar um ornamento – um que sempre estará agradando a Deus, e que nunca sairá de moda. As modas do mundo mudam constantemente, mas o “vestido incorruptível de um espírito manso e tranquilo” (1 Pe 3:4 – TB) é sempre de bom gosto; e “é de grande valor diante de Deus” (1 Pe 3:4 – ARA). Esse belo ornamento é mais bem visto e observado nos limites do lar, no círculo familiar. Há um perigo especial das mulheres seguirem a moda do mundo, assim o Espírito de Deus traz diante delas o ornamento que elas devem realmente buscar usar o tempo todo, em contraste com outros adornos.

O marido é aqui admoestado a coabitar com sua mulher “com entendimento” (1 Pe 3:7). Esse não é o entendimento que nos enche de orgulho, mas aquele que nos mantém pequenos aos nossos próprios olhos. Quão importante para nós é nos lembrarmos de nossas próprias fraquezas e da grande graça que nos foi demonstrada, assim como nossas deficiências em mostrar adequadamente Cristo em nosso relacionamento com nossa mulher. O marido deve se lembrar de que a mulher é o vaso mais frágil, e sua mulher deve buscar abrigo ao seu lado. Isso é o que Cristo faz para a Igreja. A admoestação deve fazer o marido buscar ajuda e força de Deus; mas qual marido não sabe interiormente que ele não é uma torre forte em si mesmo.

Um pensamento solene é também inserido aqui, o casamento é apenas por um tempo. Eles são “coerdeiros da graça de vida” (1 Pe 3:7). Ambos estão a caminho para outro cenário onde Cristo, sua vida, será mostrado, e mesmo agora já possuem juntos da graça que flui de Cristo. Pensamentos como esses elevam o coração de ambos para longe deste mundo – para Cristo e Sua glória vindoura.

Ao dar atenção para essas coisas suas orações não serão impedidas. Como podem dois orar juntos quando estão em desacordo e infelizes entre eles? E como podem esperar respostas à suas orações se eles não andam em obediência a Deus? Quem pode medir a bênção de marido e mulher orando juntos; esse é um dos privilégios abençoados da “vida comum do lar” (v. 7 – ARA).

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