Origem: Livro: Os Patriarcas
Nutrido e cuidado
Este assunto é grande demais para ser plenamente considerado aqui, mesmo que eu tivesse a graça e a luz para fazê-lo. Mas é tão feliz, e sugerido pela conhecida confissão de fé de nosso patriarca, que não posso deixá-lo de lado.
Nosso apóstolo diz: “ninguém jamais aborreceu a sua própria carne, mas a nutre e dela cuida” (TB). Um modo necessário da natureza é aqui assumido, e assumido com aprovação pelo Espírito de Deus. Essa consideração a alguém, a qual cada um de nós está preparado o suficiente para prestar, é divinamente sancionada. E então, com base neste mesmo princípio da natureza, o apóstolo passa a estabelecer a nutrição da Igreja pelo Senhor. “Porque nunca ninguém odiou a sua própria carne; antes a alimenta e sustenta, como também o Senhor à Igreja; Porque somos membros do Seu corpo, da Sua carne, e dos Seus ossos” (ACF). Declara-se que Cristo age em relação a nós com base neste veredicto instintivo da natureza de que o homem deve amar seu próprio corpo. O Espírito Santo, por meio do apóstolo, permite que o nosso coração abraçasse este gozo de que a força desta primeira lei da natureza é sentida por Cristo para conosco, e o dever que ela impõe é reconhecido por Ele. De modo que, se eu puder entender o meu amor por mim mesmo, eu posso entender o amor de Cristo por mim. O dever que tenho para comigo mesmo é reconhecido por meu Senhor como devido por Ele a mim. Só Ele pode me nutrir e cuidar de mim, como eu me nutriria e cuidaria de mim mesmo.
Será que algum pensamento, pergunto, a respeito do lugar ao qual o amor do Filho de Deus O trouxe, pode superar isso? Pode a imaginação formar a ideia de uma afeção mais intensa e devotada? Impossível. Se pudesse, Cristo a encarnaria, e Seu Espírito a revelaria, pois Seu amor “excede todo entendimento”.
Mas embora esta possa ser a expressão mais maravilhosa deste amor, ainda há outra do mesmo caráter. Há outro dever devido às reivindicações semelhantes da natureza, que da mesma maneira foi adotado e reconhecido pelo Senhor – o dever do parente ou dos relacionamentos naturais.
