Origem: Livro: Esboço Sobre o Livro De APOCALIPSE
Oito Grandes Visões
Há oito grandes visões nesta seção indicadas pelas palavras: “E vi…” (cap. 19:11, 17, 19, 20:1, 4, 11, 12, 21:1). Essas visões estão em ordem sequencial, estendendo-se desde a Aparição de Cristo até o Estado Eterno.
A PRIMEIRA VISÃO – Cristo, o Conquistador Vitorioso
Cap. 19:11-16 – A sequência dos eventos proféticos é agora retomada com um relato detalhado da Aparição de Cristo. Os céus estão “abertos” porque o momento da Aparição de Cristo chegou. Isso é bem diferente do capítulo 4:1 onde uma porta no céu foi aberta para que João entrasse; aqui está aberta para que Cristo e os exércitos do céu saiam. O Senhor Jesus disse que ninguém sabe a hora exata em que isto será (Mt 24:36). A soberania da Terra é realmente a grande coisa em questão, e será decidida de uma vez por todas nesse momento. O resultado é que os reinos deste mundo se tornarão o reino de nosso Senhor e do Seu Cristo (Ap 11:15). Este é o caráter Davídico (guerreiro) do Senhor em julgamento.
- Ele monta um “cavalo branco”. Isto não é literal, mas simbólico do Seu poder vitorioso (v. 11a). Nos antigos países orientais, quando um rei chegava em um lugar montado num jumento, significava que ele estava vindo em paz (Zc 9:9), mas quando vinha a cavalo, estava vindo em guerra. Este Cavaleiro não deve ser confundido com o cavaleiro em um “cavalo branco” do capítulo 6:1-2, que é a Roma papal professando pureza de motivos, ao reunir as nações da Europa ocidental em uma federação.
- Ele é chamado de “Fiel e Verdadeiro” porque julga com justiça e de acordo com a verdade (v. 11b).
- Seus olhos são “uma chama de fogo”, significando que Ele tem onisciência divina, que sonda todo o mal oculto e trata dele de acordo com a justiça (v. 12a).
- Ele usa “muitos diademas” referindo-se ao domínio universal que pertence a Ele (v. 12b).
- Ter um “nome escrito, que ninguém sabia” fala da glória intrínseca de Sua Pessoa, que nenhum ser humano pode conhecer (v. 12c; Mt 11:27).
- Ele está vestido com “uma veste salpicada de sangue”, significando que Ele vem em vingança (v. 13a). O sangue aqui não é o Seu sangue que foi derramado pelos pecadores, mas o sangue dos Seus inimigos (Compare Is 34:6, 63:1-4).
- Seu nome é “a Palavra de Deus” porque Ele é o expoente perfeito da mente de Deus, conforme expresso no juízo (v. 13b; Jo 1:1).
- Os “exércitos” do céu que O seguem são os santos celestiais glorificados, do Velho Testamento e do Novo Testamento, que comparecerão à Sua vinda (v. 14; 1 Ts 3:13, 4:14; Jd 14; Zc 14:5; Ap 17:14). Eles não têm armas porque não precisam de nenhuma; a batalha é do Senhor.
- De Sua boca sai “uma aguda espada” (v. 15). Assim, Sua Palavra será o instrumento de destruição dos Seus inimigos (Hb 4:12; Is 30:31). Há dois propósitos na Sua vinda em juízo: em primeiro lugar, “ferir as nações com vara de ferro” que se reúnem no Armagedom – o juízo da colheita. Em segundo lugar, para pisar “o lagar do vinho do furor e da ira do Deus Todo-poderoso” – o juízo da vindima (Is 63:1-6; Ap 14:18-20). (Este último juízo não é mencionado aqui porque o Espírito de Deus está focando na Aparição de Cristo, e a vindima não acontece imediatamente, mas algum tempo depois.)
- Seu nome (ou título) é “Rei dos reis, e Senhor dos senhores” (v. 16). Isso indica Seu direito soberano de governar todos os reinos.
A SEGUNDA VISÃO – A Convocação das Aves de Rapina Vorazes para a Ceia de Deus
Cap. 19:17-18 – Tão certo é o juízo dos exércitos que se reúnem para se oporem à intervenção de Cristo, que um anjo convoca “todas as aves que voavam pelo meio do céu” para se alimentarem dos guerreiros abatidos. Esta é a segunda “ceia” neste capítulo. “A ceia das bodas do Cordeiro” é uma cena de gozo e bênção no céu; “A ceia do grande Deus” é uma cena de juízo na Terra. Esta ceia é dos que caíram mortos em batalha (vs. 17-18).
A TERCEIRA VISÃO – O Julgamento no Armagedom
Cap. 19:19-21 – O julgamento que o Senhor executará neste momento é o primeiro de uma série de julgamentos. Quando aparecer, Ele primeiro tratará das forças ocidentais no Armagedom. Estes são os exércitos confederados sob a besta (Babilônia política), que virão para a terra de Israel, desde o oeste, com sua imensa marinha (Nm 24:24). Ao mesmo tempo, o Senhor enviará Seus anjos, que irão pela terra profética e tomarão todos os que rejeitaram o evangelho e os lançarão no inferno (Mt 13:38-43, 24:40-41). Este é o juízo da ceifa (colheita).
Vs. 20-21 – Não é dado aqui relato das batalhas no Armagedom, mas apenas o resultado. A besta (o líder da confederação ocidental) é tomada com o anticristo e ambos são lançados vivos no lago de fogo. O anticristo não é chamado de “outra besta” ou “o rei”, mas “o falso profeta”, porque neste ponto ele será reduzido a esse papel, tendo perdido seu lugar de governo na terra de Israel como rei. Antes disso, ele terá fugido de seu posto na terra, quando o rei do norte e sua confederação árabe atacaram (Zc 11:17; Is 22:19; Jr 39:4; Jo 10:13).
A QUARTA VISÃO – Satanás preso por 1.000 anos (o Milênio)
Cap. 20:1-3 – É desejo de Deus manifestar a glória de Cristo por meio da Igreja no exato lugar em que Ele foi rejeitado e expulso e assim justificá-Lo diante dos olhos de todos (Mt 17:1-2; Jo 17:23; 2 Ts 1:10). Ele fará isso no Milênio – o reinado de 1.000 anos de Cristo. No entanto, toda a cena deve ser limpa antes que o palco possa ser montado para a manifestação de Sua glória real. Como vimos nos capítulos anteriores, essa limpeza será por meio de julgamentos. Tendo julgado Seus inimigos, o Senhor fará “cessar as guerras” (Sl 46:6-9; Is 2:4).
Para haver paz e benção na Terra, Satanás, que é o grande instigador de violência e corrupção, deve ser removido. O ato final de preparação da cena para a manifestação da glória de Cristo será lançar Satanás e seus anjos, “no abismo”. Eles permanecerão lá por “muitos dias” – a duração do Milênio (Is 24:21-22). A Terra estará livre de sua influência por 1.000 anos! Isso é algo que o mundo nunca conheceu.
A esfera dos movimentos de Satanás será continuamente restringida, até que finalmente seja lançado no lago de fogo (inferno). Ele uma vez teve o privilégio de estar no “jardim de Deus” (a morada de Deus), mas quando pecou, foi expulso (Ez 28:11-19). Tendo sido expulso, ele rodeava os céus e a Terra, que ele procurou corromper (Jó 1:6-7, 15:15). Na época do dilúvio, alguns de seus emissários foram confinados no abismo, devido à sua particular iniquidade de tentarem coabitar com as filhas dos homens (Gn 6:2; 2 Pe 2:5; Jd 6).
Então, na metade da vindoura semana profética de Daniel, ele será expulso dos céus “para a Terra” (Ap 12:7-9; Lc 10:18). Quando Cristo aparecer no final da semana profética, Satanás e seus anjos serão lançados no “abismo” por 1.000 anos.
Então, depois de sua última revolta (tendo sido solto do abismo após 1.000 anos), ele será lançado no “lago de fogo” – sua eterna morada de juízo eterno (Ap 20:10; Mt 25:41).
A QUINTA VISÃO – Os Santos Celestiais Reinam com Cristo por 1.000 Anos (o Milênio)
Cap. 20:4-10 – Depois de todos os poderes hostis serem abatidos, Cristo reinará sobre todas as obras das Suas mãos, com os santos celestiais (Ap 20:4-6). A escritura nos diz que Deus “determinou um dia em que com justiça há de julgar o mundo, por meio do Varão que destinou” (At 17:31). Este “dia” não é um único dia de 24 horas, mas todo o período de 1.000 anos – o Milênio. É “o dia do Senhor” (2 Pe 3:8-10; 1 Ts 5:2; 2 Ts 2:2; Is 2:10-22; Jl 1:15; Sf 2:2; Ml 4:5). Antes disto os juízos da colheita e da vindima, são juízos guerreiros Davídicos do Senhor, mas “o dia do Senhor” é o Seu reino Salomônico de paz (1 Rs 5:4; Sl 72:7-8, 147:14; Is 60:18).
Um resumo é dado daqueles que terão o privilégio de compartilhar o reinado de justiça de Cristo. Há três classes de santos celestiais que se sentarão nos “tronos” na administração do reino. Esses tronos estão nos céus e não na Terra (Dn 7:22, 27 – “os santos dos lugares altíssimos” JND). Assim, os santos vão auxiliar no julgamento vindouro do mundo (1 Co 6:2).
- Os que “assentaram-se sobre eles” são os santos glorificados dos tempos do Novo e do Velho Testamento (v. 4a).
- “As almas daqueles que foram degolados pelo testemunho de Jesus, e pela Palavra de Deus” são os mártires da primeira metade da semana profética, que serão ressuscitados e glorificados (Ap 6:9-11).
- Aqueles que “não adoraram a besta, nem a sua imagem” são os mártires da última metade da semana profética que também serão ressuscitados e glorificados (Ap 14:2-3, 15:2-4).
Cap. 20:7-10 – No final do milênio, Satanás “será solto da sua prisão”. Imediatamente ele fará uma tentativa final e desesperada de recuperar o domínio sobre o mundo. Ele sairá a “enganar” aqueles que estão perdidos, e eles o seguirão em uma audaciosa tentativa de derrubar os santos na “cidade amada”. Este é o último cerco de Jerusalém. Aqueles que o seguem são chamados de “Gogue e Magogue”, mas eles não são as mesmas pessoas de Ezequiel 38-39. Aqueles que seguirem Satanás nesse tempo são assim chamados porque têm o mesmo caráter ímpio da incredulidade. Deus usará esse evento para levar Satanás e todos os que o seguem, para o seu fim definitivo. “Fogo” (um símbolo de juízo) descerá de Deus e os devorará. Satanás será lançado no lago de fogo – sua eterna morada de juízo.
A SEXTA VISÃO – O Grande Trono Branco
Cap. 20:11 – A sexta visão é de “um grande trono branco” e “aqu’Ele” (ARA) que Se senta nele. Assim, o Milênio começa e termina com sessões de julgamento (vs. 4, 12-15). Quem é o ocupante deste trono? Não é Deus o Pai, mas Deus o Filho, pois todo o julgamento foi confiado em Sua mão (Jo 5:22).
A SÉTIMA VISÃO – O Juízo dos Mortos Ímpios
Cap. 20:12-13 – Esta cena final de julgamento é a dos mortos ímpios. O último ato registrado no tempo é o julgamento daqueles que seguirem Satanás em sua revolta final; o primeiro ato registrado na eternidade é a ressurreição e julgamento dos mortos ímpios. Entre esses dois eventos, a “terra e o céu” fugirão da “presença” daqu’Ele que está sentado no trono. Eles na verdade acontecem ao mesmo tempo. Neste ponto, ocorrerá o derretimento dos elementos de toda a criação (2 Pe 3:7-12). Isso não incluirá a morada de Deus (“o terceiro céu”), pois o fogo da purificação não pode tocá-la.
Não haverá uma ressurreição universal de todos os homens. A Escritura indica que há duas ressurreições: uma “ressurreição da vida” e uma “ressurreição da condenação” (Jo 5:28-29; At 24:15). Este capítulo chama a ressurreição da vida de “a primeira ressurreição” (v. 5). Ela envolve apenas os justos. O fato de que diz: “Mas os outros mortos não reviveram, até que os mil anos se acabaram”, indica que há outra ressurreição após a primeira ressurreição – e compreende os ímpios. Por isso, poderia ser chamada de “a segunda ressurreição”.
Os ímpios mortos desde o início dos tempos serão ressuscitados para receberem sua sentença eterna de juízo. Eles ficarão suspensos no espaço, diante de seu Criador e serão sentenciados a uma eternidade perdida no “lago de fogo” – o inferno (Jó 14:12). Ao contrário do ensino popular, não há ninguém no inferno ainda (o lago de fogo). Aqueles que morreram em seus pecados estão atualmente em “prisão” no hades (1 Pe 3:19), que é um estado temporário de confinamento para espíritos desencarnados que estão perdidos. As primeiras pessoas a serem lançadas no inferno (o lago de fogo) serão a besta e o anticristo, então, todos aqueles que rejeitaram o evangelho da graça de Deus nas nações ocidentais serão colocados lá pelos anjos (o julgamento da colheita). Os ímpios mortos serão os últimos a serem enviados para lá. Uma vez que essas pessoas serão ressuscitadas dos mortos para ficarem diante do grande trono branco, elas serão lançadas vivas ao lago de fogo (espírito, alma e corpo) e sofrerão em interminável separação de Deus.
Todos os que não forem encontrados escritos no “livro da vida” serão julgados de acordo com suas obras, conforme registrado nos “livros”. O fato de haver livros indica que Deus mantém registros das vidas dos homens. Cada pensamento, palavra e obra são registrados lá. Lucas 12:47-48 indica que haverá vários graus de punição para os perdidos no inferno. Será um juízo justo, e eles serão punidos “segundo as suas obras”. Ninguém sofrerá por algo que não fez.
Cap. 20:14-15 – “Morte e Hades” (TB) são personificados como poderes e são lançados no lago de fogo em derrota eterna. Ambos passaram a existir porque o homem pecou, mas agora não haverá mais necessidade deles. “O lago de fogo” é o eterno depósito dos perdidos onde eles sofrerão. Um “lago” denota um local de confinamento; águas de vários riachos e rios fluem para dentro dele e são ali confinadas. “Fogo” é um símbolo de juízo em toda a Escritura. Portanto, os perdidos estão em um lugar de confinamento eterno sob o juízo de Deus. Deus nunca pretendeu que nenhuma pessoa acabasse naquele terrível lugar de juízo; ele foi preparado para o diabo e seus anjos (Mt 25:41). Mas os homens iníquos que recusarem as manifestações do amor e da graça de Deus para com eles, também acabarão lá.
O fato de que esse juízo de pessoas iníquas é chamado de “a segunda morte” mostra que elas não deixaram de existir quando experimentaram a primeira morte (morte física). Se não restasse nada delas depois que morressem, como alguns falsamente ensinam, então elas não vivenciariam esse juízo.
Alguns pensam que “eterna perdição” (2 Ts 1:9; Fp 3:19; Mt 7:13; 2 Pe 2:1, 12, 3:16, etc.) significa que as pessoas são consumidas pelo fogo do juízo de Deus e deixam de existir depois disso. Essa falsa doutrina é chamada de aniquilacionismo. A Palavra de Deus, no entanto, indica que a “eterna perdição” não tem a ver com a perda do seu ser, mas com a perda do seu bem-estar.
Está claro em Jó 30:24 que os perdidos ainda existem depois que morrem. Ali diz que eles “clamam” mesmo depois de terem sido destruídos. Apocalipse 19:20 nos diz que a besta e o falso profeta foram lançados vivos no lago de fogo. Então, no capítulo 20, somos informados de que o diabo é colocado no abismo durante o Milênio e depois solto. E depois de uma breve rebelião, lemos: “E o diabo, que os enganava, foi lançado no lago de fogo e enxofre, onde está a besta e o falso profeta” (Ap 20:10). Observe: a besta e o falso profeta ainda estavam lá no lago de fogo após o reinado de mil anos de Cristo! Eles não deixaram de existir. O Senhor Jesus disse: “Aquele que crê no Filho tem a vida eterna; mas aquele que não crê no Filho não verá a vida; mas a ira de Deus sobre ele permanece” (Jo 3:36). “Permanece” é algo em andamento. Se a ira de Deus permanece no incrédulo, deve haver a existência do incrédulo para que ela permaneça sobre ele. Novamente, diz em Apocalipse 14:11, “E o fumo do seu tormento sobe para todo o sempre”. O tormento significa uma condição que requer que uma pessoa viva o sofra. Você não pode atormentar o que não existe. O Senhor também disse: “Onde o seu bicho não morre” (Mc 9:48). Isso indica que os tormentos de uma consciência culpada não morrerão nos perdidos sob o castigo eterno. Além disso, várias passagens das Escrituras nos dizem que o fogo do juízo de Deus “nunca se apagará” (Mt 3:12; Mc 9:43, 45; Lc 3:17). Que necessidade haveria dele se aqueles que são lançados ali fossem aniquilados imediatamente? Alguns nos dizem que a morte em si é o juízo. Mas a Escritura diz: “Aos homens está ordenado morrerem uma vez, vindo depois disso (da morte) o juízo” (Hb 9:27). Se “depois” da morte é o juízo, como poderia a morte ser o juízo?
Mesmo em nossa linguagem comum, “perdição” não significa o fim da existência. Por exemplo, se pegássemos um machado e destruíssemos uma linda mesa de madeira, haveria uma pilha inútil no chão, com o mesmo tanto de material de quando ela era uma mesa bonita e útil. Uma vez que foi destruída, ela não é mais útil para o propósito para o qual foi feita. É o mesmo com a destruição dos seres humanos. O homem foi feito para a glória de Deus (Is 43:21; Ap 4:11). Se ele entrar em “eterna perdição”, não poderá mais ser ajustado, por meio da salvação, para o propósito para o qual ele foi criado.
A OITAVA VISÃO – O Estado Eterno
Cap. 21:1-8 – A visão final é o Estado Eterno, que é o ápice dos santos desejos de Deus no mais pleno sentido. Isso nos leva ao fim de todo o propósito de Deus em relação à glória de Cristo e à bênção do homem. Relativamente pouco nos é dado na Escritura sobre o Estado Eterno. Há realmente apenas três passagens principais que falam sobre isso (Ap 21:1-8; 2 Pe 3:10-13; 1 Co 15:24-28).
É significativo que o número oito marque esta passagem. Isso fala de novo começo.
- É a oitava visão.
- Oito coisas são ditas já não existirem mais – o primeiro céu, a primeira Terra, o mar, lágrimas, morte, pranto, clamor e dor (vs. 1-4).
- Oito classes de pecadores são encontradas sob juízo eterno – os tímidos [medrosos – TB], os incrédulos, os abomináveis, os homicidas, os fornicários, os feiticeiros, os idólatras e todos os mentirosos (v. 8).
Deus começará a “reconciliar todas as coisas” a Si mesmo no Milênio, mas isto não estará completo até que o Estado Eterno seja alcançado (Cl 1:20). O pecado e a morte ainda existirão no Milênio (1 Co 15:25-26), mas no Estado Eterno todos os vestígios de pecado, de Satanás e da morte terão desaparecido (Jo 1:29). Durante o Milênio, a justiça “reinará” (Is 32:1), mas no Estado Eterno, a justiça “habita” (2 Pe 3:13). Em contraste com isso, aqueles que hoje defendem a justiça, “padecem” (1 Pe 3:14).
A justiça reinará no Milênio por meio de Cristo governando com “uma vara de ferro” (Sl 2:9; Ap 2:27). Mas no Estado Eterno, não haverá necessidade de reinar, porque não haverá nada para subjugar, pois tudo será de Deus, e Ele será “tudo em todos” (1 Co 15:28). Cristo e os santos celestiais reinarão “para todo o sempre [para os séculos dos séculos – JND]” (o Estado Eterno), mas não no século dos séculos (Ap. 22:5. Não há menção de um Rei reinando aqui nesta passagem, porque o Seu reino terá sido entregue ao Pai (1 Co 15:24). Assim, o Milênio será para a vindicação do caráter santo de Deus, mas o Estado Eterno é para a satisfação de Seu coração.
O grande ponto em relação ao Estado Eterno é que tudo será “novo” (v. 1). Os céus e a Terra permanecerão como lugares distintos por toda a eternidade, mas estarão em uma condição inteiramente nova. Os “céus” mencionados aqui não são a morada de Deus, que não precisa ser feita nova, mas sim os céus atmosféricos e estelares.
O fato de que “o mar já não existe” indica que não haverá mais separação nas circunstâncias, como as conhecemos. Um “mar” é um elemento de separação na natureza e é usado para indicar separação de circunstâncias, idade, tempo, nacionalidade, etc. Distinções de tempo, fronteiras geográficas, limitações e diferenças humanas então desaparecerão. Não haverá nada para separar os homens da feliz comunhão uns com os outros e com Deus.
A Nova Jerusalém surge como a morada eterna da Igreja. Ela está “ataviada como noiva adornada para o seu esposo” (v. 2 – ARA). A Igreja é vista nos capítulos finais deste livro em seu caráter de “noiva” e em seu caráter de “esposa”. Como noiva, ela é inteiramente para o gozo e satisfação do coração de Cristo. Como esposa, ela ajudará o Senhor na administração do mundo vindouro – o Milênio (v. 9). É interessante notar que o seu caráter de esposa não continua no Estado Eterno, porque esse lado das coisas cessará. No entanto, o lado de noiva continua para sempre.
É mencionada a nova Jerusalém “que de Deus descia do céu”, mas não há indicação de que ela toque a Terra e se faça deles um só lugar. Os dois permanecerão lugares distintos do destino humano, mas na mais perfeita harmonia.
A declaração é feita: “Eis aqui o tabernáculo de Deus com os homens, pois com eles habitará” (v. 3). Este é o grande desejo de Deus – habitar em comunhão com “os filhos dos homens” (Pv 8:31). Isso será então perfeitamente realizado.
O versículo 4 indica uma condição de felicidade permanente. “Lágrima”, “morte”, “pranto”, “clamor”, “dor” são cinco coisas que são resultado do pecado. Todas elas terão desaparecido para sempre, porque todas as coisas serão feitas novas (v. 5). Será anunciado vitoriosamente: “Está cumprido”. Isso marca o cumprimento do propósito de Deus.
Os versículos 6-7 indicam que os homens redimidos sempre terão sede. Nossa sede no dia de Deus será por mais de Cristo e de Seu amor. Ele é a “água da vida”, a única que pode satisfazer essa sede. Apesar de estar no Estado Eterno, ainda seremos criaturas dependentes; nunca seremos autossuficientes. Deus atenderá a todos os nossos desejos perfeitamente e nos satisfará eternamente com aqu’Ele que é “suficiente, para preencher a mente e o coração” (Hinário Little Flock nº 174).
O versículo 8 indica que não somente haverá um estado permanente de felicidade e bem-aventurança para os justos, mas também haverá um estado permanente de condenação para os perdidos. Oito classes de pecadores são mencionadas como estando sob juízo eterno no lago de fogo.
