Origem: Livro: Os Patriarcas

Ordem divina e comunhão

O Pai de Israel e os gentios são vistos juntos, por um momento, em Gênesis 21. E a comunhão deles foi um exemplo do relacionamento santo e feliz entre Israel e as nações, nos dias vindouros do reino. As questões que antes os dividiam e perturbavam estão agora todas resolvidas. O poço de água, que foi motivo de conflito, é agora uma testemunha do juramento ou concerto. Todas as puras afeições sociais adornam esta comunhão de Abraão e Abimeleque; e eles se separam sob uma amizade prometida e empenhada. O bosque de Abraão, em princípio, faz florescer o deserto, e seu altar faz da terra um santuário; mas seu caminho com Abimeleque, e o de Abimeleque com ele, dão àquele momento brilhante seu caráter mais prezado e mais elevado.

Pois não existem prazeres como os prazeres morais, nem prazeres como os do coração.

O mesmo ocorre em Êxodo 18. As famílias celestiais e terrenais são vistas juntas, sob a figura de Jetro e das tribos resgatadas, no monte de Deus. E tudo está cheio de beleza moral. E, no entanto, os materiais que compõem a cena tinham, em dias anteriores, uma mentalidade muito diferente entre si. Moisés e Zípora se separaram com ira na última vez que se encontraram, e a congregação murmurava repetidas vezes. Mas agora o monte de Deus tem influência sobre eles, e do mais alto ao menor, de Jetro até as partes mais distantes do acampamento, tudo está no poder da ordem, sujeição e comunhão divinas.

Então, novamente, aquela geração que viveu nos últimos dias de Davi e nos primeiros dias de Salomão exibe o mesmo. Eles estavam contando uns aos outros para a espada, no bosque de Efraim, mas a espada agora se transformou em enxadas e foices. Os dias de Salomão foram, figurativamente ou em espírito, dias milenares, e uma virtude doce e surpreendente os acompanha. Em vez de voltarem ao campo de batalha, assentam-se, cada um com o seu próximo, debaixo da videira e debaixo da figueira. “Eram, pois, os de Judá e Israel muitos, como a areia que está ao pé do mar em multidão, comendo, e bebendo, e alegrando-se”.

Não são estas transfigurações morais? E como elas são abençoadas! Passe apenas pela fronteira. Deixe o dia do homem e vá para o dia do Senhor. Respire o ar do Monte de Deus – e toda essa renovação moral, com suas incontáveis fontes e ribeiros de felicidade social será experimentada, sempre fresca e sempre pura. Falta pouco e tudo isso acontecerá. Os mesmos irmãos, que agora podem ser uma provação um para o outro, como foi com nosso Jó e seus amigos, aumentarão e ampliarão o regozijo uns dos outros. E nos lugares terrenais, “Efraim não invejará a Judá, e Judá não oprimirá a Efraim”. O orgulho e o egoísmo terão deixado de depreciar os prazeres do coração, como fazem agora suas companheiras – as concupiscências e impiedades.

Esta história patriarcal, sobre a qual temos meditado agora, mais antiga e tão ilustre quanto qualquer um desses registros inspirados, nos dá uma amostra semelhante de dias milenares. Jó e seus três amigos, Elifaz, o temanita, Bildade, o suíta, e Zofar, o naamatita, são os mesmos Jó, Elifaz, Bildade e Zofar, as mesmas pessoas. E eles não estão mais disputando, mas unidos como irmãos. Eles subiram ao monte no final; e aí está toda a diferença. E, de fato, se não saudarmos tal perspectiva, nosso coração será estéril de toda afeição graciosa e morto para todas as emoções piedosas.

Aquele que por Seu sangue há muito tempo derrubou todas as paredes de separação, e que agora, por Seu Espírito, dá aos crentes acesso comum ao Pai, em breve, com Sua própria mão, unirá a vara de Efraim à vara de Judá, e fará delas uma só (Ez 37:16-17). Seu Israel na Terra verá “olho a olho”, pois a luz e a alegria da salvação de Sião serão transmitidas, com santa velocidade, dos mensageiros nas montanhas aos sentinelas da cidade, e deles ao povo, e dos povos para as nações (Isaías 52:7-9) – e, entre o povo celestial, os filhos da ressurreição, como Jó e seus amigos, “o que o é em parte será aniquilado” e “o que é perfeito” virá.

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