Origem: Livro: A Instituição do Matrimônio e Assuntos Relacionados
Padrão de Vida – Cap. 16
Quando jovens recém-casados estabelecem um novo lar, convém-lhes considerar o padrão de vida que devem levar. Com isso, queremos dizer: o custo da casa, a maneira da mobília, o custo com vestuário, alimentação, transportes, etc. Não agrada a Deus nem promove a felicidade do lar viver além, ou até mesmo gastar até o último centavo de nossos rendimentos.
Em uma época como a presente, onde há abundância de tudo para a conveniência do lar, é muito fácil estabelecer um padrão que vai além da capacidade do jovem marido prover. Há, também, uma tendência com pessoas jovens de querer iniciar seu próprio lar no mesmo padrão no qual seus pais vivem atualmente, esquecendo-se de que, na maioria dos casos, os seus próprios pais começaram de maneira muito simples, vivendo dentro dos seus recursos. É importante lembrar o tempo todo que “é grande ganho a piedade com contentamento” (1 Tm 6:6). Não é o estilo de nosso lar, nem o modelo de nosso carro, que constitui o grande critério de como um Cristão está progredindo; mas sim, há piedade e contentamento?
Alguns dos Cristãos mais felizes são aqueles que têm poucos bens neste mundo, mas que desfrutam de Cristo e das coisas de Deus, e vivem em contentamento espiritual nas coisas temporais. A disputa pelas coisas além das próprias circunstâncias ajudará a produzir empobrecimento da alma por um lado, e o oposto à felicidade por outro lado.
Mesmo do ponto de vista meramente mundano, é uma experiência feliz quando jovens casados encontram prazer em trabalhar juntos reformando uma casa velha, ou reformando alguma mobília, ou em qualquer uma das muitas coisas que irão se transformar num lar. Temos ouvido pessoas não salvas comentarem que a maneira mais segura de fazer os jovens recém-casados descontentes é dar-lhes tudo que desejam, de maneira que não haja mais nada pelo que trabalhar. No entanto, a “piedade com contentamento”, poderia nos tornar contentes em quaisquer circunstâncias que estejamos.
Há uma outra questão que merece alguns comentários. Uma das grandes armadilhas para os queridos jovens é contrair dívidas. Isso é feito com tanta facilidade, e com tanta frequência incentivados por vendedores persuasivos, podendo se envolver mesmo antes de perceberem. Dessa forma seus rendimentos podem ficar comprometidos por anos. Isso não é vangloriar-nos do dia de amanhã? Não sabemos o que o dia de amanhã nos reserva, e nos sobrecarregar com obrigações que podem somente ser cumpridas pelo sustento do trabalho com determinado nível de rendimento é uma maneira de vangloriar-se do futuro. Deus não nos prometeu um certo montante de dinheiro para cada ano futuro, mas Ele abundantemente nos provê dia a dia.
Comprar a prazo tende a inflar nosso padrão de vida, e aumentá-lo por meio do endividamento futuro. É bom lembrarmos que a dívida é um jugo, e com frequência pesado, porque “quem toma emprestado, servo é do que lhe empresta” (Pv 22:7 – TB).
Há ainda outra consideração a ser feita também; se estivéssemos incapacitados, e impossibilitados de cumprir nossas obrigações, ou se o Senhor vier e nos levar para casa (essa é uma probabilidade evidente a qualquer momento), aquele a quem devemos sairia prejudicado. Seria isso honroso? Seria compatível com um testemunho Cristão adequado?
Ninguém poderia aprovar que um Cristão defraudasse um credor. Entretanto, há em conexão com o assunto de causarmos prejuízo a outrem, algo que pode ser dito sobre a questão de empréstimos garantidos, ou hipotecas imobiliárias. Nesses casos, o título de propriedade fica retido pelo credor, ou então é facilmente recuperado por ele, e assim ele não sofreria perda, mas simplesmente retomaria a posse da propriedade, que ainda tem o mesmo valor.
É deplorável quando Cristãos sentem que precisam acompanhar seus vizinhos, ou até mesmo seus irmãos em Cristo. Busquemos viver honestamente dentro dos meios que o Senhor nos deu, prosseguindo em ação de graças e contentamento, “desejando em todas as coisas viver condignamente” (Hb 13:18 – ARA).
