Origem: Livro: Princípios da Guerra Espiritual
A Palavra de Deus- Josué 8:30-35
“Bem-aventurados os que guardam os Seus testemunhos e O buscam de todo o coração” (Sl 119:2).
A disciplina que Israel havia sofrido produziu os frutos pacíficos da justiça; eles estavam fervorosos em obedecer à Palavra de Deus. Isso é visto na ordem de Josué para enterrar o corpo do rei de Ai antes do pôr do Sol, para que, por ele permanecer no madeiro, a terra não fosse contaminada (Dt 21:23). Mas, além disso, eles agora se dirigiram a Ebal e Gerizim, e ergueram as pedras onde a lei estava escrita.
O Senhor, por meio de Moisés, instruiu Israel a erguer as pedras quando entrassem em Canaã; Ele havia indicado os montes onde eles deveriam colocar a bênção e a maldição consequentes de sua obediência e desobediência à Sua Palavra, e lhes dera a entender que, ao estabelecerem as palavras de Sua lei, eles se colocavam a si mesmos sob a autoridade delas e se tornavam Seu povo disposto. (Veja Dt 11:29-30 e Dt 27:9-10.)
A fé de Josué é expressa na dedicação do primeiro altar erguido por Israel em Canaã ao “Senhor Deus de Israel”. Este altar foi construído de pedras brutas, não “poluídas” por ferramentas de ferro, pedras que nenhuma mão humana havia moldado. Era para holocausto e para oferta pacífica, e nenhuma menção é feita de ofertas pelo pecado sacrificadas sobre ele. O sacrifício oferecido sobre ele implicaria, portanto, que Israel ouviu a Palavra de Deus como adoradores e em comunhão com Ele. O altar foi construído sobre o Monte Ebal, de onde os Améns, respondendo às maldições por quebrar a lei, foram proferidos.
Eles também ergueram grandes pedras sobre o monte, caiaram-nas com cal e escreveram nelas as Palavras da lei (Dt 27:1-2). Tendo feito isso, os levitas cercaram a arca no vale entre as montanhas e leram as Palavras da lei, todo o exército de Israel enchendo as encostas (Js 8:33). Os anciãos de Israel, os oficiais e seus juízes; “assim estrangeiros como naturais”; o bebê e o guerreiro, homens, mulheres e crianças; ninguém estava ausente. Toda essa vasta companhia foi reunida, para que, por solenes Améns proferidos diante de Deus, pudessem se curvar à Sua Palavra e tomar sobre si mesmos sua responsabilidade.
Que lição essa multidão reunida nos ensina ao manifestar assim sua honra obediente à Palavra de Deus. Infelizmente, a Palavra de Deus é muito pouco reverenciada, muito pouco obedecida por Seu povo agora. Permite-se que ideias humanas fiquem ao lado dela; ela nem sempre é o recurso final, bem como a força e o alimento do povo de Deus. Seu Amém nem sempre sobe para o céu quando seus preceitos são proferidos.
As maldições foram lidas em alta voz pelos levitas e, à medida que cada maldição por desobediência soava nos ouvidos de Israel, as centenas de milhares reunidas no Monte Ebal respondiam com Améns unânimes. Doze vezes eles disseram “Amém” às doze vezes proferidas maldições, e a décima segunda, “Maldito aquele que não confirmar as palavras desta lei, não as cumprindo!”, incluía toda possível negligência ou falha. Bênçãos também foram lidas (Js 8:33-34), mas onde estavam os Améns soando do Monte Gerizim? A Escritura é silente quanto a isso. Ela não registra um único “assim seja” respondendo às bênçãos conquistadas pela obediência do homem caído (Veja Dt 27). O homem pode justamente concordar com “todos os estatutos” (Êx 24:3) da lei de Deus, mas aqueles que permanecem sob a lei permanecem sob sua maldição (Gl 3:10).
A posição do Cristão apresenta um contraste marcante com a de Israel nesta cena. Cristo, por Sua morte, tornou Seu povo livre, pois eles morreram para a lei n’Ele. Sua cruz os separou do poder e domínio da lei, pois a lei não aborda suas demandas a homens que estão mortos: “meus irmãos, também vós estais mortos para a lei pelo corpo de Cristo” (Rm 7:4).
O concerto inscrito sobre as pedras cobertas de cal, Paulo disse, mil e oitocentos anos atrás, “o que foi tornado velho e se envelhece perto está de acabar” (Hb 8:13), mas o concerto da graça é imutável e eterno. “se aquele primeiro (concerto) fora irrepreensível, nunca se teria buscado lugar para o segundo” (Hb 8:7). Mas o da graça é perfeito diante de Deus. O Senhor Jesus é o Mediador dele. Seu próprio sangue precioso o confirmou.
Nossas bênçãos não são confiadas à nossa própria custódia, mas estão sob a guarda segura e eterna do próprio Deus, nosso Pai, que nos abençoou com todas as bênçãos espirituais “em Cristo”.
Nosso altar de ação de graças e adoração não está, portanto, colocado, como o de Israel, sobre um Ebal – um monte de maldições – pois “Cristo nos redimiu da maldição da lei, fazendo-Se maldição por nós”.
Mas o contraste alcança nossa responsabilidade, bem como nossas bênçãos. Deus requer santidade de Seu povo de acordo com a revelação que Ele lhes dá, assim, o padrão de santidade de Israel era a lei, o padrão do Cristão é Cristo. Na medida em que nossas bênçãos são maiores do que as de Israel, assim é nossa responsabilidade.
O Cristão é amado em graça soberana e é ordenado a obedecer à verdade porque ele é tão amado, a fim de que não seja desobediente, e perca a bondade mostrada a ele (Compare Romanos 12:1-2 com Deuteronômio 11:26-28). Aqueles que dizem que são Cristãos estão professamente sob a autoridade do Senhor Jesus, e sua responsabilidade é andar como Ele andou. “Aquele que diz que está n’Ele também deve andar como Ele andou” (1 Jo 2:6). Os tais estão sujeitos aos preceitos da Palavra, e se o Cristão não obedece à Palavra de Deus, ele desmente seu Cristianismo. “Aquele que diz: Eu conheço-O e não guarda os Seus mandamentos é mentiroso, e nele não está a verdade” (1 Jo 2:4). É o “culto [serviço – JND] racional” daqueles que são trazidos à plenitude da bênção de Deus, apresentar seu “corpo em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus”. Porque seus pecados são perdoados por causa do Seu nome, eles devem buscar e fazer aquelas coisas que são agradáveis aos olhos de Deus. “Porque este é o amor de Deus: que guardemos os Seus mandamentos; e os Seus mandamentos não são pesados” (1 Jo 5:3).
