Origem: Livro: O Nome Sobre Todo Nome

Parte 11 – Nome em Suas Testas

Esta última menção de “Seu nome” está em conexão com os santos glorificados. Há, no entanto, outro grupo de santos que nos é mostrado com esta marca característica, com o acréscimo de “o nome de Seu Pai”. As palavras são omitidas na tradução King James e na Almeida Fiel, mas, na medida em que são aceitas em outras versões (JND, ARC, ARA, TB, AIBB), bem como nas traduções mais recentes, elas podem ser recebidas com toda a confiança como genuínas. Pela versão Almeida corrigida somos apresentados a um grupo de santos, cento e quarenta e quatro mil em número, que estão com o Cordeiro enquanto Ele está no Monte Sião – “tendo o Seu nome, e o nome de Seu Pai, escrito em suas testas” (Ap 14:1). Que este grupo ocupa um lugar especial de bem-aventurança é visto no contexto e, de fato, na declaração expressa de que eles “seguem o Cordeiro para onde quer que vá”.

Se perguntarmos quem são eles, isso nos ajudará a entender a importância do nome escrito em suas testas. É muito claro que eles são santos terrenais, e não celestiais. No capítulo anterior, temos permissão para ver o terrível poder de Satanás como incorporado no governo e autoridade da primeira besta, e como exercido pela segunda, que é o homem do pecado – o anticristo. É essa encarnação do mal que fará com que todos dentro da esfera de sua autoridade recebam uma marca na mão direita, ou na testa, como indicativo de sua lealdade à besta. Pode parecer que o mal triunfou completamente, mas a abertura do capítulo 14 nos revela uma multidão que, redimida da Terra e durante o reinado do mal desenfreado, está associada às glórias do Cordeiro na própria sede de Seu reino terrestre. Então, lembrando que é em Jerusalém onde o anticristo exercerá seu poder delegado, é evidente que esse grupo, com o Cordeiro no Monte Sião, é composto de santos Judeus que, quaisquer que sejam suas tristezas, foram trazidos vitoriosamente por meio da fornalha ardente da angústia de Jacó, aquele tempo de grande tribulação, como nunca foi visto, ou será testemunhado.

Mas não é suficiente dizer que eles são santos Judeus, pois lemos sobre outros cento e quarenta e quatro mil no capítulo 7 – formados por doze mil de cada tribo. Esses são o número simbólico dos eleitos de todo o Israel, mas aqueles em nosso capítulo, devemos nos lembrar, são redimidos da esfera do domínio do anticristo, e, portanto, uma vez que apenas as duas tribos estarão na terra naquele período, é outro número simbólico, composto daqueles que foram preservados pela graça de se renderem às reivindicações e ameaças do anticristo e de suas contaminações morais. Eles são, de fato, os fiéis dentre Judá e Benjamim, que agora entraram na recompensa gloriosa da companhia do Cordeiro em Sua exaltação no reino. O próprio número (como no capítulo 7), doze vezes doze, fala de perfeição intensificada em administração governamental e, portanto, do reinado perfeito do Messias. É uma cena sem nuvens, de gozo e bênção, a promessa brilhante da questão de todos os caminhos de Deus em governo e na graça, que nos é permitido contemplar, antes que a tempestade desoladora do julgamento irrompa sobre um povo apóstata e um mundo rebelde.

O que, então, podemos perguntar agora, qual a importância de Seu nome, e o nome de Seu Pai, na testa desse abençoado grupo? Duas coisas distintas são indicadas, como é evidente pelo fato de terem o nome do Cordeiro e o nome de Seu Pai. O primeiro é um contraste com o que se encontra no capítulo anterior. Lá lemos, como já vimos, que os homens em geral recebem a marca da besta em sua mão direita, ou em suas testas, como o símbolo de sua aceitação do governo satânico, e como, dando-lhes certos direitos e privilégios dentro de seu reino. Da mesma forma, ter o nome do Cordeiro em suas testas proclama que este grupo redimido, as “primícias para Deus e para o Cordeiro”, pertence ao seu glorioso Messias, e que eles mantêm sua fidelidade a Ele em meio às dores incomparáveis das trevas, e dias de perseguição por meio dos quais são levados. Odiados, são assim publicamente reconhecidos e honrados com marcas especiais de favor e aprovação por Aquele por Quem sofreram. Além disso, eles têm o nome de Seu Pai, pois “por sua confissão aberta de Deus e do Cordeiro, eles foram testemunhas disso e sofreram como Cristo sofreu em Sua vida ao declarar Deus, como Seu Pai”.

Passamos agora para outra cena. Aquilo que acabamos de considerar está na Terra, no Monte Sião; esta é a Jerusalém celestial. É verdade que a cidade santa é apresentada em sua relação com a Terra milenar, pois é dito que as folhas da árvore da vida são para a cura das nações. Mas quando chegamos à descrição da bem-aventurança de seus habitantes em seu caráter positivo, isso necessariamente é eterno. É notável que o estado eterno, conforme dado no capítulo 21:4, seja apresentado do lado do alívio – “não haverá mais morte, nem pranto, nem clamor, nem dor” – e que na cidade celestial temos antes o que é realmente possuído e desfrutado. Mas, mesmo assim, deve ser lembrado que não é a casa do Pai, de modo que, de acordo com o caráter de todo o livro, ainda é governo (veja v. 3), e, portanto, os redimidos aqui são vistos como servos. É proveitoso observar essas distinções, e somos lembrados por elas de que todos os aspectos da bem-aventurança dos redimidos devem ser levados em consideração e combinados, a fim de entender em qualquer medida o que Deus tem reservado para Seu povo quando todos os Seus propósitos forem cumpridos.

Então, três coisas marcam a condição dos cidadãos celestiais: “Os Seus servos O servirão, e verão o Seu rosto, e na sua testa estará o Seu nome”. Eles O serviram na Terra, pode-se pensar, e muitos entre eles realmente O serviram devotamente, assim como Paulo foi habilitado a dizer: “em nada considero a vida preciosa para mim mesmo, contanto que complete a minha carreira e o ministério que recebi do Senhor Jesus para testemunhar o evangelho da graça de Deus” (ARA). Mas qualquer que fosse a perseverança, a energia espiritual e a singeleza de olhos que caracterizassem Paulo e outros enquanto estavam na Terra, o serviço deles nunca foi perfeito. Havia apenas Um, o Servo perfeito, que podia dizer: “Eu faço sempre o que Lhe agrada [ao Pai]. No céu, na nova Jerusalém, cada um das incontáveis multidões de redimidos responderá total e perfeitamente à vontade de Deus. Quando, portanto, diz: “Seus servos o servirão”, isso significa que eles servirão de acordo com a perfeição dos pensamentos de Deus. Além disso, eles verão Seu rosto, eles desfrutarão sem impedimentos da intimidade de Sua presença, pois então, como Cristo, eles O verão como Ele é e poderão desfrutar da bendita visão que será a fonte de todo o deleite e gozo eterno deles.

“Para sempre em Seu rosto contemplar,
Encontrar todos os raios concentrados,
Enquanto toda a Sua beleza Ele exibe
A todos os santos em glória.”

Finalmente, e este é o nosso assunto imediato, “e na sua testa estará o Seu nome”. Já foi demonstrado que o significado primário do nome carregado assim sobre a testa é, por assim dizer, pertencimento; que marca aqueles que o têm como pertencentes a Cristo. E isso transmite muito, pois ser d’Ele é realmente a soma da bem-aventurança eterna, na medida em que nos leva à associação eterna com Ele, tanto agora quanto no próprio céu. Há, no entanto, outro pensamento. No capítulo 14, o nome está “escrito” em suas testas, aqui só se diz que está em sua testa. Aprendemos dessa distinção que aqui a característica predominante é a conformidade moral com Aquele cujo nome eles levam. Como visto repetidas vezes nesses escritos, “nome” expressa a verdade da Pessoa, e, portanto, consideramos aqui que a plena semelhança com Cristo é exibida em cada testa redimida. Aprendemos em outra passagem (Rm 8:29) que todos os crentes serão conformados à imagem do Filho de Deus, e aqui podemos ver isso de fato cumprido. Que gozo, possamos ser permitidos dizer, será para o próprio Senhor ver, enquanto Ele examina as inúmeras hostes de Seus santos glorificados, Sua própria semelhança irradiando de cada rosto, Ele mesmo espelhado e refletido em todos os redimidos! Isso nos ajuda a entrar mais plenamente nas palavras do profeta: “Ele verá o trabalho de Sua alma e ficará satisfeito”. Então, de fato, Cristo encherá a cena. As coisas velhas terão passado para sempre, e todas as coisas serão feitas novas, pois assim, não para a fé como agora, mas em realidade, Cristo será tudo para todos os Seus, e isso em plena manifestação e sem nuvens. A Ele seja todo o louvor agora e por toda a eternidade!

Compartilhar
Rolar para cima