Origem: Livro: O Nome Sobre Todo Nome
Parte 2 – Chamarás Seu Nome JESUS
“Chamarás o Seu Nome JESUS” (Mt 1:21 – ACF)
“Mas, vindo a plenitude dos tempos, Deus enviou Seu Filho, nascido[1] de mulher, nascido sob a lei” (Gl 4:4). E é sobre esse mistério, a base da redenção, que Mateus escreve neste capítulo. De fato, existem outras características do divino e santo Menino aqui mencionadas. Como este evangelho apresenta especialmente Cristo como o Messias nascido neste mundo, o cumprimento da premissa da nação Judaica, Sua linhagem, é traçada a partir das duas grandes raízes da promessa Judaica, Abraão e Davi. Portanto, não só Mateus O mostra a nós como “vindo” de uma mulher, e “vindo” sob a lei, mas também como a Semente prometida de Abraão, em Quem todas as nações da Terra seriam abençoadas, e como Filho de Davi, e, portanto, como herdeiro do trono e reino de Davi. Assim, é um capítulo em que as glórias divinas e humanas de nosso bendito Senhor são misturadas e exibidas. Por “misturado”, simplesmente queremos dizer que o caráter da Pessoa de Cristo é tal que tudo o que Ele é como Deus e como Homem é declarado em Seu nome e em Sua obra. Por exemplo, se pensarmos n’Ele como a geração de Davi, somos imediatamente lembrados de que Ele também é a Raiz de Davi, que o Filho de Davi também é o Senhor de Davi.
[1]  N. do T.: A palavra na versão King James é “made (feito ou formado)” e sobre ela o autor escreve a seguinte nota: “’Vindo’ ou ‘nascido’ seria uma melhor tradução. A palavra usada significa o início da existência de qualquer coisa, ou tornar-se qualquer coisa, ou acontecer, etc”. ↑
Isso será visto muito claramente por uma consideração do significado do nome Jesus, que José foi instruído a dar ao Menino quando Ele nascesse. Como pode ser visto em Hebreus 4:8, Jesus é a forma grega de Josué, ou Jehoshua, que significa “Jeová é salvação”, ou “cuja salvação é Jeová”. Há, portanto, ampla justificativa para a observação comum de que o nome Jesus significa Jeová, o Salvador. Se é assim, que assunto para contemplação, sim, e para adoração, é assim trazido diante de nossa alma! Uma Criança nascida no mundo, de origem humilde na concepção do homem, é declarada, divinamente declarada, como sendo Jeová, o Salvador! Sim, o Deus que ouviu o gemido de Seu povo Israel no Egito, que viu sua aflição, ouviu seu clamor por causa de seus exatores, conheceu suas tristezas e desceu para redimi-los do Egito, e para fazê-los subir daquela terra para uma terra boa e larga, para uma terra que mana leite e mel; Aquele que disse a Moisés: “Eu Sou o SENHOR [Jeová]. E Eu apareci a Abraão, a Isaque, e a Jacó, como o Deus Todo-Poderoso; mas pelo Meu nome, o SENHOR, não lhes fui perfeitamente conhecido” (Êx 3:6-8, 6:2-3). Foi Ele, o mesmo Deus, o mesmo Jeová, o El Shaddai conhecido pelos patriarcas, que agora veio a este mundo como um Bebê. Mas como um Bebê, Ele veio, bendito seja Seu nome para sempre, como o Salvador de Seu povo. Certamente podemos dizer que as sombras estavam se afastando, e que as trevas que até então escondiam Deus de Seu povo, estavam desaparecendo rapidamente. Era de fato a bendita aurora do dia da graça.
No momento em que falamos do nascimento de Jeová, o Salvador, o mistério da encarnação prende nossa atenção. Há muito tempo foi predito e, longe de ser velado sob linguagem duvidosa, foi exata e minuciosamente descrito, para que Mateus pudesse escrever: “Tudo isto aconteceu para que se cumprisse o que foi dito da parte do Senhor, pelo profeta, que diz: Eis que a virgem conceberá, e dará à luz um Filho, e Ele será chamado pelo nome de EMANUEL. (EMANUEL traduzido é: Deus conosco)”. Até mesmo o próprio lugar de Seu nascimento havia sido predito: “E tu, Belém Efrata, posto que pequena entre milhares de Judá, de ti me sairá o que será Senhor em Israel, e cujas origens são desde os tempos antigos, desde os dias da eternidade” (Mq 5:2). Além disso, a natureza santa de Sua Humanidade não era de forma alguma obscurecida pela figura de oferta de manjares, especialmente nos bolos asmos de flor de farinha de trigo amassados com azeite, dizendo, como fez a verdade comunicada a Maria pelo anjo: “Descerá sobre ti o Espírito Santo, e a virtude do Altíssimo te cobrirá com a Sua sombra; pelo que também o Santo, que de ti há de nascer, será chamado Filho de Deus” (Lc 1:35). É o milagre dos milagres e, por essa mesma razão, a revelação do coração de Deus, quando olhado para trás à luz do propósito de Sua vinda entre os homens pecadores.
Antes de entrar no propósito de Seu advento, pode ser proveitoso nos deter em algumas das circunstâncias de Seu nascimento. Havia na época o maior contraste imaginável entre o céu e a Terra. Todo o céu (e que maravilha!) estava agitado e em movimento, mas toda a Terra, exceto algumas almas piedosas, estava quieta e quase sem expectativa. O anjo do Senhor apressou-se em seu alegre caminho para informar, não os poderes governantes ou os grandes da Terra, mas alguns pastores piedosos sobre o maravilhoso acontecimento: “Não temais” ele lhes disse: “porque eis aqui vos trago novas de grande alegria, que será para todo o povo, pois, na cidade de Davi, vos nasceu hoje o Salvador, que é Cristo, o Senhor”. O anjo de Jeová não estava sozinho, pois assim que anunciou as boas novas, uma multidão dos exércitos celestiais louvou a Deus e disse: “Glória a Deus nas alturas, paz na terra, boa vontade [ou “prazer”, ou “deleite”] para com os [em] homens”. Como foi dito de forma impressionante: “Deus Se manifestou de tal forma pelo nascimento de Jesus, que os exércitos do céu, há muito familiarizados com Seu poder, puderam levantar seu coro… e cada voz se une para soar esses louvores. Que amor há como este amor? E Deus é amor. Que pensamento puramente divino de que Deus Se tornou Homem”. E, no entanto, esse estupendo evento não tinha nada para atrair a observação dos homens. Ocupados com seus próprios pensamentos e objetivos, eles nem perceberam, embora isso ocorresse no meio deles, e eles estavam tão absortos em seus próprios interesses, que não havia espaço para o Menino Salvador na estalagem! Tais são os homens, embora entre eles estivessem os objetos dos eternos conselhos de Deus em graça, que Ele estava prestes a realizar por meio d’Aquele que, enquanto Criador de todas as coisas, ainda nasceu no mundo como alguém estranho e sem lar!
O nome Jesus foi dado em conexão com Sua obra; “porque”, foi acrescentado: “Ele salvará o Seu povo dos seus pecados”. O termo “Seu povo”, neste evangelho, sem dúvida, significa Israel, e, de fato, no anúncio angélico aos pastores em Lucas, diz que as boas novas de grande alegria eram para todo o povo, isto é, para os Judeus. Não que o objetivo da vinda do Senhor ao mundo seja, em ambos os casos, limitado ao povo escolhido, mas nessas passagens só eles estão em vista. O aspecto mais amplo é afirmado por João quando, em alusão à profecia de Caifás de que “Jesus morreria por aquela nação”, ele acrescenta: “E não somente pela nação, mas também para reunir em um corpo os filhos de Deus que andavam dispersos”. Além disso, isso deixa claro que a morte de Cristo – Sua obra consumada que Ele realizou em e por meio de Sua morte – é o único fundamento sobre o qual Ele salvará Seu povo de seus pecados. Lemos assim em Levítico 16, após os detalhes dados a respeito das obrigações e sacrifícios, juntamente com a confissão dos pecados dos povos pelo sumo sacerdote no grande dia da expiação: “Porque, naquele dia, se fará expiação por vós, para purificar-vos; e sereis purificados de todos os vossos pecados, perante o SENHOR” (v 30). Nunca poderemos enfatizar de forma suficiente essa verdade fundamental, pois, como está escrito sobre os pecados na antiga dispensação: “Sem derramamento de sangue não há remissão”, então agora é igualmente verdade que somente o sangue de Jesus Cristo, o Filho de Deus, purifica de todo pecado.
Quando, portanto, o anjo disse: “Ele salvará Seu povo de seus pecados”, ele olhou para frente, ou pelo menos a mente do Espírito tinha em mente as palavras, para um tempo além da cruz. Pois Israel não poderia ser salvo, como os profetas testificaram claramente, sem o arrependimento e a eficácia da expiação. Simeão, quando desfrutou do indescritível privilégio de segurar o Cristo do Senhor em seus braços, claramente predisse também que a glória do povo de Jeová, Israel, seria alcançada por meio da rejeição do santo Bebê em Sua apresentação ao povo. Os sofrimentos de Cristo devem preceder Suas glórias, seja no céu ou na Terra, assim como Ele mesmo disse aos dois discípulos a caminho de Emaús: “Porventura, não convinha que o Cristo padecesse essas coisas e entrasse na Sua glória?”. Foi esse fato que testou o coração dos homens e provocou sua total inimizade. Se eles pudessem ter tomado Jesus à força e feito d’Ele um Rei, e se Ele tivesse Se colocado à frente deles e os conduzido, todos carnais como eram, contra seus inimigos e os libertado por Seu poder, eles o teriam saudado de bom grado como seu Messias, mesmo que eles tivessem imediatamente se rebelado contra Sua autoridade. Mas Aquele que veio como Jeová, o Salvador, teve primeiro que intervir e reparar a brecha que os pecados de Seu povo fizeram entre eles e seu Deus. E Ele assumiu tão plenamente a causa e a responsabilidade deles, que, estando no lugar deles, Ele clamou: “Tu, ó Deus, bem conheces a Minha insipiência; e os Meus pecados não Te são encobertos” (Sl 69:5). Bendito Senhor, não podemos entender Tua tristeza e pesar, mas podemos Te agradecer por teres feito Teus os pecados do Teu povo e tê-los levado para sempre.
Considerando então essa passagem em sua aplicação a Israel, ela se referirá à salvação do povo terrenal de seus pecados – de seus pecados e consequências – e à sua restauração e bênção num dia futuro na terra da promessa. Isso é, de fato, em um aspecto aquilo que Zacarias profetizou quando sua língua foi solta na circuncisão de seu filho: “Bendito o Senhor, Deus de Israel, porque visitou e remiu o Seu povo! E nos levantou uma salvação poderosa na casa de Davi, Seu servo… para nos livrar dos nossos inimigos e das mãos de todos os que nos aborrecem… de conceder-nos que, libertados das mãos de nossos inimigos, O servíssemos sem temor, em santidade e justiça perante Ele, todos os dias da nossa vida” (Lc 1:68-75). Primeiro, então, Jesus salvará Seu povo de seus pecados diante de Deus, pois uma parte do novo concerto diz: “porque perdoarei a sua maldade e nunca mais Me lembrarei dos seus pecados” (Jr 31:34), e, além disso, Ele os salvará das consequências de seus pecados ao livrá-los das mãos de seus inimigos, ao reuni-los de todas as terras onde foram espalhados e ao estabelecê-los em sua própria terra em bênção sob Seu próprio reinado pacífico e glorioso. Tudo isso teria sido cumprido para eles de uma só vez, se tivessem recebido seu Messias, e mesmo depois de tê-Lo crucificado, se eles tivessem reconhecido sua culpa e se curvado de coração ao testemunho dos apóstolos, seus pecados teriam sido apagados, e os tempos de refrigério teriam vindo da presença do Senhor em conexão com o retorno de Cristo (At 3), mas, ai! Por sua incredulidade, eles perderam todas essas bênçãos, e agora eles têm que esperar até que, forjados pelo Espírito de Deus, eles clamarão de coração com alegria: “Bendito O que vem em nome do SENHOR”.
Ainda assim, amado leitor, embora seja verdade que essa promessa se refere principalmente a Israel, não se esqueça de que a mesma obra gloriosa, que constitui o fundamento sobre o qual seus pecados serão removidos, é o único fundamento sobre o qual qualquer um de nós pode conhecer o perdão. Por meio da queda de Israel, a salvação chegou aos gentios, e é por isso que o apóstolo pôde escrever aos coríntios, que lhe foi entregue “que Cristo morreu por nossos pecados, segundo as Escrituras, e que Ele foi sepultado, e que ressuscitou ao terceiro dia, segundo as Escrituras”. Assim, então, podemos louvar a Deus continuamente por Sua maravilhosa graça que aproveitou a ocasião por meio da incredulidade de Israel para revelar todos os Seus propósitos a respeito daqueles que deveriam ser herdeiros de Deus e coerdeiros de Cristo; e também que nosso coração se encha de gratidão pela menção do nome de Jesus, pois Ele é quem garantiu tudo para nós.
“Nome de Jesus! Nome mais elevado!
Nome que a Terra e o céu adoram!
Do coração de Deus veio,
Leva-me ao coração de Deus mais uma vez.
“Apenas Jesus! Nome mais belo,
Vida, e descanso, e paz, e bem-aventurança;
Jesus é sempre o mesmo,
Ele é meu, e eu sou d’Ele.”
