Origem: Livro: O Nome Sobre Todo Nome
Parte 6 – Em Nome de Jesus
Se Deus der a Cristo o lugar de supremacia universal e absoluta, Ele a terá reconhecida em todos os círculos de Seus domínios. Assim é dito, após declarar que também Ele Lhe deu um nome que é sobre todo o nome, “para que ao nome de Jesus se dobre todo joelho dos que estão nos céus, e na Terra, e debaixo da Terra, e toda língua confesse que Jesus Cristo é o Senhor, para glória de Deus Pai”. A linguagem aqui empregada deve ser cuidadosamente considerada, se seu significado preciso for para ser apreendido. E, em primeiro lugar, a força das palavras “ao nome de Jesus” precisa ser explicada, na medida em que muita discussão tem sido levantada sobre este ponto. A frase no original pode ser traduzida com precisão, “em o nome de Jesus” em vez de “ao” nome de Jesus, como em nossa tradução. A questão então é: essa tradução pode ser aceita? Se “ao nome de Jesus” fosse uma apresentação incorreta das palavras originais, a outra, quaisquer que fossem as dificuldades que a acompanhassem, teria que ser adotada, mas ela é tão exata quanto “em o nome de Jesus”, e por essa razão devemos ser direcionados por outras considerações. É então apresentado que se curvar diante de Deus em nome de Jesus, e confessá-Lo como Senhor, é aparecer lá em virtude do que Ele é, em todo o valor do que Ele é por meio de Sua morte e ressurreição (veja, por exemplo, João 14:13-14) e, consequentemente, implicaria salvação para todas as classes mencionadas. Em outras palavras, se “em o nome de Jesus” fosse mantido, isso faria com que essa passagem ensinasse o universalismo, e um universalismo, como será visto mais adiante, que incluiria demônios, bem como homens e anjos.
Tal significado nos colocaria em contradição direta com muitas outras passagens, e, portanto, somos obrigados a adotar a tradução alternativa, “ao nome de Jesus”.
Com isso se quer dizer que é a vontade de Deus que toda criatura no universo, mais cedo ou mais tarde, reconheça a supremacia e o senhorio do exaltado e glorificado Jesus. Se o coração estiver em harmonia com o reconhecimento, e a confissão da boca proceder de uma fé real e viva em Cristo, isso será salvação para todos os que a fizerem (veja Romanos 10:8-13). Todos, portanto, que neste dia da graça receberem o evangelho, o testemunho de Deus da morte e ressurreição de Cristo, e confessarem a Cristo como seu Senhor e Salvador, serão salvos para sempre. Mas o ponto da passagem é que todos fora dessa classe abençoada, todos os homens impenitentes e não regenerados, todos os anjos que já existiram, ou melhor, que foram preservados, em sua perfeição criada, todos os anjos que caíram e foram lançados “no inferno”, e entregues “às cadeias da escuridão, ficando reservados para juízo”, e todos os demônios e seres infernais, reconhecerão, ou serão compelidos a reconhecer pelo poder, a autoridade e o senhorio do glorificado Jesus. Deus não permitirá, de acordo com o ensino dessa passagem, que uma única criatura consciente seja contenciosa ou exteriormente rebelde para com Seu amado Filho. Eles podem odiá-Lo, como muitos deles O odeiam em seu coração, mas, quer eles O odeiem ou não, serão obrigados a dobrar os joelhos ao outrora humilde e agora glorificado Jesus, e seus lábios terão que confessar que Ele, Jesus Cristo, é o Senhor, para a glória de Deus Pai. E isso é devido a Ele, como está bem expresso nas conhecidas linhas:
Pode ser necessário, no entanto, explicar isso com um pouco mais de detalhes, pois alguns podem não ter entendido o assunto até agora. Vamos então examinar as exatas palavras dessa passagem. Ela diz: “para que ao nome de Jesus se dobre todo joelho, dos que estão nos céus, e na terra, e debaixo da terra”. Dos que estão nos céus, como antes foi dito, incluirão todas as coisas existentes nos céus – todas as hostes celestiais – e dos que estão na Terra, como é claro, indicarão os homens, então a única dificuldade está na frase “debaixo da Terra”. A própria palavra (pois na verdade é apenas uma palavra) aponta reconhecidamente para o que é subterrâneo. Mesmo admitindo isso, alguns argumentam ainda que se refere apenas aos mortos. Mas mesmo no uso clássico, isso vai mais longe e compreende espíritos malignos; e quando é lembrado que, durante a passagem de nosso bendito Senhor neste mundo, os demônios foram obrigados a reconhecer Sua autoridade e até mesmo a confessar Seu nome, e que, como Tiago ensina, eles “creem e tremem”, há uma forte garantia de que eles estão em vista nesta passagem. Há outra passagem que, embora aparentemente tenha o mesmo significado, ainda é bastante diferente. Lemos em Apocalipse 5, “E ouvi a toda criatura que está no céu, e na Terra, e debaixo da Terra, e que está no mar, e a todas as coisas que neles há, dizer: Ao que está assentado sobre o trono e ao Cordeiro sejam dadas ações de graças, e honra, e glória, e poder para todo o sempre”. O termo “debaixo da Terra” aqui não é o mesmo que em Filipenses; e significa – como a sequência das palavras mostra, “e os que estão no mar” – toda coisa animada sob a superfície da Terra. Assim, a passagem mostra o cumprimento do último versículo do Salmo 150: “Tudo quanto tem fôlego louve ao SENHOR”, e antecipa o louvor de toda a criação.
Assumindo então a exatidão de nossa interpretação, pode-se agora perguntar: Quando ocorrerá esse reconhecimento universal da autoridade de Cristo, juntamente com a confissão de Seu senhorio? Lembremo-nos de que é Deus, agindo conforme Seu próprio coração e também em justiça, que deu a Cristo esse lugar exaltado como Homem. Não é uma questão aqui de Sua Divindade, embora isso nunca deva ser esquecido, mas sim do lugar que Deus concedeu a Ele como o Homem que uma vez Se humilhou aqui, sendo obediente até à morte, e morte de cruz. E junto com Sua exaltação nesse caráter, foi emitido o decreto de que todas as criaturas com entendimento devem se curvar e reconhecer Sua soberania. Onde, então, refazendo a pergunta, a obediência a este decreto será exibida? Ao procurar respondê-la, podemos tomar os três círculos de seres em sua ordem; e, primeiro, portanto, o das coisas no céu. Existem duas passagens especialmente relacionadas a esse assunto, às quais se pode fazer referência. Em Hebreus 1, em uma citação dos Salmos, lemos: “E todos os anjos de Deus O adorem”, e isso está em conexão com a introdução do Primogênito no mundo. Em Apocalipse 5, temos permissão para ouvir os milhões de milhões e milhares de milhares de anjos, quando o Cordeiro toma o livro da destra d’Aquele que está assentado no trono, dizendo com grande voz: “Digno é o Cordeiro, que foi morto, de receber o poder, e riquezas, e sabedoria, e força, e honra, e glória, e ações de graças”. Além disso, quando o Filho do Homem vier em Sua glória, todos os santos anjos estarão com Ele, como guardiões de Seu trono, e assim aprendemos que o reconhecimento de Sua supremacia será constante e perpétuo – que, começando com o momento de Sua exaltação, continuará para sempre.
A submissão do segundo círculo, o das coisas na Terra, será, em certo sentido, mais gradual e extensa. Começou no dia de Pentecostes, pois o testemunho de Pedro naquele dia era que Deus havia feito Aquele mesmo Jesus, que os Judeus crucificaram, Senhor e Cristo; e todos os que pela graça receberam esse testemunho, de fato dobraram os joelhos a Cristo e confessaram Sua autoridade, conforme declarado pelos apóstolos. Foi assim com todos os convertidos desde aquele dia, e assim será com todos os que são trazidos das trevas para a maravilhosa luz de Deus, até o fim do dia da graça. Depois que a Igreja for levada, ainda haverá uma poderosa obra da graça, como pode ser deduzida de Apocalipse 7, e durante os mil anos será cumprida a gloriosa predição do Salmo 72: “[Ele] dominará de mar a mar, e desde o rio até às extremidades da Terra”. Aqueles que habitam no deserto se inclinarão diante d’Ele, e os Seus inimigos lamberão o pó. Os reis de Társis e das ilhas trarão presentes; os reis de Sabá e de Sebá oferecerão dádivas. E todos os reis se prostrarão perante Ele; todas as nações O servirão. Haverá, portanto, durante Seu glorioso reino na Terra, sujeição universal às Suas legítimas reivindicações como supremas, de modo que, como lemos em outro Salmo, “Pela grandeza do Teu poder” – poder exibido diante dos olhos dos homens – ”se submeterão a Ti os Teus inimigos”, ou, como está na margem da versão King James, “renderão obediência fingida”. Durante esse reinado de justiça, o homem não ousará, quaisquer que sejam os pensamentos de seu coração, se rebelar contra o governo soberano de Cristo, exceto à custa de destruição instantânea. Exteriormente, portanto, todos estarão em professa submissão ao Seu governo. E não é um prazer contemplar essa perspectiva, quando o outrora humilhado e rejeitado Cristo será universalmente exaltado, mesmo ainda nesta Terra? O cenário que uma vez testemunhou Sua vergonha e ignomínia, então contemplará Sua exaltação e glória; e de milhões de corações subirá a alegre confissão de que é Seu devido direito, enquanto cantam: “E bendito seja para sempre o Seu nome glorioso; e encha-se toda a Terra da Sua glória! Amém e amém!”
Em relação ao último círculo, temos menos passagens positivas para nos guiar, embora o fato seja afirmado repetidas vezes que nada, nenhum ser no universo, será excluído da sujeição à Sua autoridade. (Veja, por exemplo, Ef 1:20-22; 1 Co 15:24-28; etc.) O tempo em que “os anjos que não guardaram o seu principado” serão tratados, é distintamente declarado, como estando no “juízo daquele grande dia” (Jd 6). E aprendemos em Apocalipse 20 que o próprio diabo será lançado no lago de fogo e enxofre, imediatamente antes da sessão de Cristo – a Quem todo o julgamento foi confiado – no grande trono branco, onde todos os mortos, pequenos e grandes, receberão sua recompensa eterna. Os demônios não são mencionados aqui, mas não pode haver dúvida de que eles estão incluídos no julgamento de seu líder e chefe. O julgamento final, portanto, seja dos anjos caídos, do próprio Satanás ou das multidões de mortos não convertidos (pois apenas esses aparecem diante do grande trono branco), ocorrerá no final de todas as tratativas de Deus com este mundo. Antes do início dessa última sessão de julgamento, a Terra e o céu terão fugido da face d’Aquele que se assentará no grande trono branco, pois esta cena final do estabelecimento das santas reivindicações e da autoridade justa de Deus é preparatória para a introdução do novo céu e da nova Terra, onde a justiça reinará (habitará). Os propósitos de Deus a respeito da glória de Seu Filho amado, Sua vontade de que todo joelho se dobre a Ele e que toda língua confesse que Ele é o Senhor, terão sido cumpridos então. Todo o mal terá sido eliminado, pois Deus limpará toda a lágrima dos olhos de Seus redimidos, “e não haverá mais morte, nem pranto, nem clamor, nem dor, porque já as primeiras coisas são passadas”.
Mesmo a exaltação e glória de Cristo têm, se podemos nos atrever a falar assim, um objetivo. Elas são, como lemos, “para a glória de Deus Pai”. Se Seus eternos conselhos a respeito de Cristo e Seus redimidos fluíram de Seu próprio coração, em sua realização e resultado, redundarão em Sua própria glória exibida diante dos olhos de todo o universo. Cabe ao crente antecipar isso: e, de fato, a contemplação deste fim glorioso de todos os caminhos de Deus encherá seu coração de admiração e adoração de tal forma que ele será constrangido a exclamar usando as palavras inspiradas do apóstolo: “Porque d’Ele, e por Ele, e para Ele, são todas as coisas; glória, pois, a Ele eternamente. Amém!”. E novamente, “a Ele seja glória na assembleia em Cristo Jesus, por todas as gerações, dos séculos dos séculos. Amém” (JND).
